O 2º FNGH aconteceu entre os dias 20 e 21 de junho
(fotos: Filip Calixto)

Com discursos que pregavam o desenvolvimento da hotelaria nacional, este atingido com informações, discussões e debates sobre temas intrínsecos ao setor, aconteceu, durante dois dias – 20 e 21 de junho -, o 2º FNGH (Fórum Nacional de Gestão Hoteleira). O lar para o evento foi o hotel Pullman São Paulo Ibirapuera, localizado na capital paulista. Apesar da garoa e do trânsito, itens tipicamente paulistanos, cerca de 120 pessoas, por dia, estiveram presentes, interagindo com assuntos variados mas que sempre faziam menção ao gerenciamento.

Organizado pelo Hôtelier News e pela Mapie Especialistas Estratégicos em Serviços, o encontro recebeu profissionais dos quatro cantos do Brasil e, embora compilando temas específicos para a gestão hoteleira, recepcionou trabalhadores atuantes em áreas como Marketing, Comercial, fornecedores do setor e até a imprensa.

Ao todo, foram 18 palestras, quatro painéis de debate, uma entrevista aberta e muitos momentos de business coffee. Apresentações de cerca de 20 profissionais do mercado, com leituras distintas de cada um dos temas, e executivos das três principais cadeias hoteleiras do País estiveram na pauta.

Neste apanhado do evento, o Hôtelier News buscou olhares e interpretações para além dos assuntos e temáticas levantadas pelos debatedores e procurou recolher, com quem viveu os dois dias de reunião, a aplicação prática dos temas recortados e a importância que as nuances e questionamentos podem ter para o desenvolvimento do gerenciamento hoteleiro.

Por Filip Calixto

Com um formato diferente, o evento teve quatro painéis principais

Há uma fala, proferida no discurso de abertura do fórum, que sintetiza as intenções e objetivos dos responsáveis pela organização do evento. “A intenção é fornecer combustível para o desenvolvimento dos participantes e, consequentemente, da hotelaria”, diz Trícia Neves, uma das sócias da Mapie.

Com discurso afinado, os idealizadores do projeto salientaram mais de uma vez, durante o encontro, que a meta principal não foi estabelecer fórmulas matemáticas para o sucesso ou verdades absolutas, que quando aplicadas levam o profissional ao topo do mercado, mas sim discutir métodos para progredir no segmento da hospitalidade. Notadamente, aprendendo com as experiências transmitidas por pessoas atuantes no mesmo nicho.

“Esta é uma roda que tem que ser incentivada a continuar girando. A troca de experiências sempre vai ser algo muito necessário e é a tônica do evento”, acrescenta Peter Kutuchian, publisher do Hôtelier News. “É uma oportunidade na qual você tem condições de trocar experiências, ter interação e também fazer contato com outras pessoas, sejam fornecedores, sejam proprietários de hotéis ou até com os próprios profissionais da hotelaria”, completa.

Para o publisher, ainda que agradar todos seja missão inglória, a preferência da totalidade tentou ser alcançada, na medida do possível, e isto é parte importante para a realização do encontro. “É muito difícil alcançar todas as pessoas dentro de um evento, mas tentamos até mesmo com o formato que escolhemos atingir o maior número possível de pessoas”.

O tal formato
Um dos pontos que mais chamaram a atenção de quem esteve no hotel Pullman para o encontro foi o mecanismo com que as atividades foram acontecendo. A novidade foi a exposição de apenas quatro painéis principais, cada ciclo com quatro especialistas que falavam, num tempo de 20 minutos, a respeito de quatro subtemas relacionados ao assunto principal. Ao final dos quatro discursos, um debate era formado, com perspectivas diferentes da mesma problemática.

Cerca de 120 pessoas por dia participaram do evento
Para parte dos participantes, a novidade foi vista com bons olhos. Segundo Beatriz LaBella, gerente de eventos do Hotel Transamérica São Paulo, apesar de parecer complicado o sistema se mostrou eficiente e conferiu dinamismo a todo o processo. “Achei bem adequado. Principalmente porque tornou as palestras mais dinâmicas”, opina. Com olhar condizente, Odair Gonçalves, gerente adjunto do Bourbon Convention & Spa Resort Atibaia, é mais simples e descreve o formato com apenas uma expressão: “Perfeito”.

“A formatação realmente foi algo novo. Deixou o evento mais dinâmico trazendo uma palestra diferente a cada 20 minutos e depois realizando um painel. Acreditamos que esta forma é mais interessante porque não cansa e tem o tempo suficiente para prender a atenção do ouvinte” afirma Kutuchian. Segundo ele, uma das causas motivadoras da mudança foi a disputa injusta que os falantes deste tipo de evento têm contra as novas tecnologias, residentes em bolsos, bolsas e nas mãos dos convidados.

“Antigamente você não tinha nenhum tipo de intempérie que prejudicasse a atenção do ouvinte no evento. Hoje nós temos os tablets, a internet e o celular. Eis mais um motivo que nos fez mudar. Em um tempo curto é mais difícil que o interlocutor perca a atenção no que está sendo dito”, argumenta o organizador.

Temas
Em ordem, os quatro painéis trataram dos seguintes temas: Qualidade de Serviços – Operação, Desenvolvimento, Talentos e Segmentação.

O assunto Qualidade de Serviços – Operação teve André Marques, gerente geral do Terraço Itália, que falou sobre as especificidades do setor de Alimentos & Bebidas; Carlos Bernardo, gerente geral do hotel Pullman São Paulo, que baseou seu discurso na satisfação dos hóspedes; Alessandra de Andrade Ribeiro, da Atlantica Hotels, comentando pontos a cerca dos meios jurídicos para a hotelaria; e Augusto Rocha, sócio da Pmweb, ressaltando a importância da atualização constante.

Elias Borges, proprietário do Grande Hotel Minas Wine & Spa; Eduardo Camargo, diretor de Novos Negócios da IHG (InterContinental Hotels Group); Xavier Flores, diretor de desenvolvimento Financeiro para a América Latina da Hyatt; e Hermano Carvalho, diretor do Departamento de Financiamento e Promoção de Investimentos no Turismo do MTur (Ministério do Turismo), foram os debatedores da temática Desenvolvimento.

No assunto Talentos, os escolhidos foram Ana Maria Costa, da T&D Company, José Augusto Minarelli, diretor da Lens & Minarelli, Márcio Moraes, gerente de Planejamento de Carreiras da QI Profissional, e Maria do Carmo Schmidt, diretora de Recursos Humanos da Deville. Eles falaram sobre a importância do acerto na contratação de profissionais, a necessidade de maior atenção no processo de demissão, o papel da seleção no processo de gestão e a respeito das formas de lidar com a equipe, respectivamente.

No último painel o tema foi Segmentação, e os debatedores foram: Amadeu Castanho, da girlahead.com; Eduardo Campos, da hotéis Slaviero, Julio Cosentino, da Colortel, e Sérgio Souza, do Casa Grande Resort & Spa.

Pesquisa de mercado
Além dos painéis, o evento também exibiu a apresentação dos resultados preliminares da pesquisa Millenials na Hotelaria, conduzida por Carolina Haro, que apontou o perfil e as preferências da geração chamada de Y – nascidos entre 1982 e 2002.

O levantamento foi apresentado pois grande parte dos colaboradores que trabalham na hotelaria pertencem a esta geração, que conforme os dados expostos, vivenciou um período marcado por grandes acontecimentos.

“A apresentação dos resultados preliminares da pesquisa Millenials na Hotelaria foi bem instrutiva para entendermos o comportamento de uma geração que lidamos diretamente”, considera o gerente adjunto do Bourbon Atibaia.

Pieter van Voorst Vader, CEO do BHG

Exemplos
Os cases foram outro ponto marcante dentro das atividades propostas. Nesta categoria, os destaques foram as presenças de Roland de Bonadona, COO da Accor Hotels na América Latina, e de Pieter van Voorst Vader, CEO do BHG (Brazil Hospitality Group). O primeiro apresentou uma palestra sobre O futuro do setor hoteleiro no País, e o segundo participou de uma entrevista aberta, na qual contou detalhes sobre o curso de sua carreira, seus gostos pessoais e suas sensações a cerca do mercado brasileiro.

Cada um a seu modo, os executivos de Accor e BHG foram uníssonos sobre o potencial do Brasil para o setor de hospitalidade: Bonadona destacando a alta demanda existente no País e Vader falando sobre as oportunidades brasileiras, apesar da burocracia excessiva.

“A presença dos dois executivos hoteleiros foram o ponto alto do encontro. Trazendo informações de extrema importância sobre o mercado”, aponta Fernando Bellini, integrante do setor de desenvolvimento da Hplus Hotelaria. Para ele, as participações demonstram como as grandes operadoras hoteleiras estão atuando e servem de inspiração para que os hotéis independentes tentem adaptar boas práticas de acordo com sua realidade diária.

Sobre as participações, Sally Trap, consultora de Hotelaria, salientou que o ponto que mais chamou sua atenção foi a unanimidade quanto ao crescimento do setor hoteleiro e a possibilidade de expansão de hotéis. “Isso reforça a necessidade de profissionalização, a necessidade de profissionais para atuarem no segmento e valoriza a demanda que já está atuando”, frisa.

Além dos pontos expostos por grandes empresas, outro modelo de gestão também foi apresentado. Isto ocorreu dentro do painel de Desenvolvimento, quando Elias Borges, proprietário do Grande Hotel Minas Wine & Spa, falou aos participantes sobre a gestão de um hotel independente.

No comando de um empreendimento familiar, localizado em Caldas, interior de Minas Gerais, que funciona como hotel há pelo menos 100 anos, Borges narrou a trajetória do meio de hospedagem e os prazeres e desprazeres de gerir um meio de hospedagem que tem realidade desigual a dos arranha-céus das grandes cidades.

Roland de Bonadona, COO da
Accor para a América Latina

“Gostei muito da apresentação dos cases, como o do Grande Hotel Minas Wine & Spa, e o do Hotel Crowne Plaza, visto em outro evento, também realizado pelo Hôtelier News. São exemplos práticos de como fazer acontecer”, comenta Daniel Wagner, gerente geral do Hotel Planalto, de Ponta Grossa (PR).

Ministério do Turismo
Entre os convidados que tiveram a palavra, havia um representante do poder público. Hermano Carvalho, engenheiro civil e diretor do Departamento de Financiamento e Promoção de Investimentos no Turismo do MTur, foi o escolhido e falou aos presentes sobre as formas de acesso a linhas de crédito e financiamentos destinados ao Turismo.

Segundo Carvalho, o MTur trabalha em conjunto com uma série de outros ministérios e instituições públicas, o que facilita a negociação de linhas específicas para muitos tipos de empreendimentos e de necessidades.

“A participação de um integrante do governo contribuiu no sentido de que conheci alguns benefícios, voltados a empresários hoteleiros, que não conhecia. Porém, acredito que este representante devia também nos deixar a par das ações que o órgão tem feito para promover a atividade turística, tão importante neste País. Achei que o assunto ficou vago em determinados momentos”, avalia Cristiane Schoeder Dahlem, gerente geral do Hotel Itália, de Balneário Camboriú (SC).

Gerar reflexões
Sempre citado como objetivo primeiro do fórum, o estímulo às reflexões sobre os contornos do mercado foi o objetivo que norteou a escolha dos temas e dos debatedores. No entanto, as opiniões dos participantes, procurados pela reportagem, divergem quanto à eficácia desta filosofia.

Hermano Carvalho, do Departamento de Financiamento e
Promoção de Investimentos no Turismo do MTur

Para alguns participantes, como Odair Gonçalves, a meta foi “Totalmente atingida”. Já para outros ainda há que se melhorar, assim como pondera Fernando Bellini: “Este objetivo foi cumprido em 70%, pois alguns painéis que geraram grande expectativa tiveram palestras não tão boas”.

Hotel Solution
Com assuntos e debates seguindo as diretrizes do aprimoramento do setor e da evolução deste mercado, faz-se necessário que o gestor da hotelaria conheça e tenha relação próxima com quem oferece os produtos utilizados em hotéis. E para isto outro cenário – o Hotel Solution – dentro do evento era utilizado.

Nesta edição estiveram presentes a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), Travelclick, Anserve, Realgem’s, Franco Bachot, Sabre, R1 Solutions, Desbravador, Infinity, Vinorage e Saga Systems Brasil. No espaço, fornecedores de serviços e produtos para o mercado hoteleiro apresentavam seus artigos e meios de trabalho.

“Tudo que é segmentado funciona melhor. Em eventos como o fórum encontramos os clientes que temos e os que têm potencial para trabalhar conosco. Tem menos passantes do que numa feira de negócios e funciona melhor”, pondera Raffaele Cacere, diretor da R1 Solutions. Pensamento parecido tem Sérgio Caselli, gerente Comercial da Infinity. Para ele, este é o momento em que o cliente hoteleiro pode verificar a qualidade do serviço da empresa.

São Paulo
Dentre os participantes procurados pela reportagem, parte maciça aprovou a escolha de São Paulo como nova sede do evento – a primeira foi realizada em Curitiba (PR). De acordo com alguns convidados, o município oferece todo o suporte para receber eventos corporativos. Contudo, a ideia de ter sede itinerante também foi sugerida por alguns entrevistados.

Serviço
https://forumgestaohoteleira.com