(foto: arquivo HN)

 
Inovação, criatividade. Diferencial. Exclusivo. O maior e melhor. Com frequência, no turismo, profissionais e também clientes deparam-se com estas pequenas palavras mágicas, que parecem abrir as portas para toda a pujança atual do setor. O talento do vendedor está em fazer o comprador enxergar em seu produto este algo a mais. Mas até quando a indústria do setor trabalhará com esta rasa demagogia de adjetivos e superlativos em vez de buscar, de fato, a inovação de seus produtos?
Em recente visita ao Brasil, a professora da Universidade de Cornell Cathy Ann Enz discorreu exatamente sobre este tema. Em um auditório repleto de figuras conhecidas da hotelaria, ela mostrou fotos de diferentes quartos de hotéis econômicos – era quase impossível distingui-los. A questão dali tirada pode ser a seguinte: com a desculpa de que os negócios estão indo bem, o setor não está estagnado, vendendo apenas mais do mesmo?
Que o turismo floresce como nunca, é inquestionável. Em 2011, os hotéis urbanos tiveram um crescimento superior ao do PIB nacional. Ainda, no entanto, parece estar perseguindo a própria cauda e insistindo em fórmulas batidas. “É a tirania do sucesso que os impede de dar um passo à frente”, refletiu a docente. As circunstâncias trataram de ilustrar seu argumento: uma semana após a palestra, iniciou-se o calendário das grandes feiras do trade turístico. E a fórmula se repete.
Folhetos e brochuras sendo distribuídos àqueles que ocupam os corredores com malas de viagem; confusão por conta da presença de celebridades; visitantes espremendo-se em filas para receber brindes ou sanduíches de mortadela. Os velhos problemas estruturais estão lá: não se faz sequer uma fila indiana para embarcar os presentes no transfer oficial do evento; os soluços no sinal da internet ainda são frequentes e a insistência em não disponibilizar mapas da feira, idem. Para encerrar a festa, a apresentação de uma escola de samba vem para nos lembrar que ainda vendemos a imagem do País do samba e do Carnaval despudoradamente.
A questão das feiras não é nova, muito menos passageira – pelo contrário, faz-se cada vez mais comum que as operadoras invistam em seu próprio evento. A respeito da CVC, cujo workshop abre o calendário anual, é sabido que todos se fazem presentes pela representatividade da empresa dentro da indústria. Gerando bons frutos, que tenha mesmo vida longa. A questão é que dificilmente as feiras sobreviverão se não buscarem diferenciais reais.
 
Criatividade é extremamente necessária em um cenário no qual o número de concorrentes diretos de seu negócio cresce exponencialmente a cada ano.
A tão festejada ascensão da classe C, assim como a mudança no padrão de consumo da classe B, trarão à indústria algo que pode pegá-la de surpresa. Viajando, conhecendo novos lugares e novos serviços, estes turistas buscarão cada vez mais rápido as tais inovações em um setor que, hoje, vem se mostrando ainda conservador.