Ao centro, o ministro Pedro Novais, durante
a primeira reunião do Conselho Nacional do Turismo;
quando o mandatário do setor afirmou que a
Copa do Mundo de 2014 entrará para a história
(foto: turismo.gov.br)

 
Às vésperas de sediar o evento que, dizem, pode dar corpo ao setor turístico brasileiro, a Copa do Mundo de 2014, a viabilização de tal acontecimento ainda é uma anedota que constipa o País. Lugar comum das mesas de bar aos conchavos políticos, a possibilidade de que as necessidades básicas do evento não estejam concluídas a tempo é pauta habitual.
 
E o burburinho não é infundado. O recente corte de R$ 50 milhões no Orçamento de 2011 do MTur (Ministério do Turismo) deixa clara a situação de precariedade e descaso. Toda a Esplanada dos Ministérios sofreu represálias financeiras com o corte, mas a pasta do Turismo chegou a queda, em termos percentuais, de R$ 84,40% – o que soa como impropério em tempos de megaeventos esportivos.
 
O próprio MTur defendeu essa redução, amparado na equipe econômica da presidente Dilma Rousseff. A queda afeta principalmente despesas do dia a dia – passagens aéreas, contratação de serviços e compra de material – e foi entendida como necessária, pois minimizaria gastos não tidos como obrigatórios. No entanto, as que representam tal ponto – que envolvem despesas com pessoal, previdência, abono salarial e seguro desemprego – também sofreram perda de R$ 14 bilhões.
 
Ao se posicionar, o MTur reproduzindo o discurso dado como dever de casa por sua mandatária, afirmando que vai priorizar ações com objetivo de preparação dos destinos turísticos brasileiros para receber os dois mundiais esportivos.
 
“A Copa do mundo e as Olimpíadas no Rio de Janeiro vão entrar para a história”, garantiu Pedro Novais, ministro do Turismo, por esses dias. E ele não está errado. Postergando as ações necessárias e sendo negligente com pontos básicos, a Copa de 2014 certamente vai transparecer o retrato de um Brasil que dá jeito para tudo e deixa a coisa correr sem muito se coçar, uma verdadeira marca histórica numa disputa esportiva deste porte.

Vale recordar que a falta de verba já reverbera no setor. Durante a solenidade de abertura do 17º Salão Paranaense de Turismo, realizado no início deste mês, o discurso inicial de Celso Tesser, presidente da Abav-PR (Associação Brasileira de Agências de Viagem Paraná), foi incisivo ao apontar a falta de respaldo financeiro por parte do Ministério na realização do evento. 

A esperança de uma Copa de 2014 redonda, como a bola que correrá em campo, está na Secretaria Nacional de Aviação Civil – que pretensamente minimizará o caos da infraestrutura – e no Plano Nacional de Turismo – que está sendo elaborado e deve ser apresentado no final de julho próximo.

À revelia do jogo político, que faz Novais acalantar os ânimos quando perguntado sobre a Copa do Mundo, o MTur precisa sair de cima do muro e, se necessário, ir para o embate, no intuito único e exclusivo de não fazer feio em 2014. A falha no mundial desconstruiria a imagem de desenvolvimento que tem dado tanta visibilidade ao Brasil nos últimos anos.