Hoteleiros participantes do último Conotel
(foto: arquivo HN)
 
Que o setor de Turismo é afeito a comemorações, workshops, roadshows, coquetéis, brunches, almoços, jantares, feiras, palestras e debates é nítido. Muitas vezes, a passagem de uma importante figura estrangeira por cobiçados mercados, como o Rio ou São Paulo, visa exatamente estes encontros com o trade, o tetê-a-tête do qual se sente falta em tempos de contatos virtuais.
 
Em paralelo, já existem os eventos tradicionais, como a Feira das Américas – Abav, na capital fluminense, o Salão do Turismo, em terras paulistanas, ou Conotel (Congresso Nacional de Hotéis), cujas últimas edições ocorreram no Rio de Janeiro e, na semana passada, a edição de 2011 aconteceu em São Paulo. Se, por um lado, estas são ocasiões em que se pode contar com a presença de diretores e gestores que, normalmente, não estariam presentes – e, por isso, aproveitar sua presença é importante -, também são nessas ocasiões que os players do setor deixam transparecer uma de seus fraquezas: a falta de visão do macro.
Explica-se. Frente a esses eventos maiores, nos quais é possível encontrar figuras importantes e ouvi-los discutindo sobre o futuro do desenvolvimento de novos empreendimentos no País, os coquetéis e almoços tendem a ficar em segundo plano. Acreditar que tanto os participantes quando a mídia irão “dar uma escapadinha” da agenda principal para comparecer a compromissos de relacionamento, cujo conteúdo é mais superficial, é uma pretensão.
Mesmo os participantes mais empolgados, que não se incomodam com o vai-e-vem entre compromissos, têm um limite de participações. Não é possível fazer bons negócios em uma feira quando se tem uma ponte aérea para pegar, com destino a comemoração de dez anos de um hotel. Por vezes, o setor fica tão saturado dos mesmos eventos e das mesmas fórmulas que acabam tendo tanta credibilidade quando o menino que gritava “lobo” das fábulas de Esopo.
O mesmo serve para a mídia. Convidar o veículo de comunicação para cobrir o seu almoço no horário coincidente do discurso do Ministro do Turismo no congresso é contraproducente. Ao organizar estes “eventos paralelos”, os organizadores esquecem que, dias antes, estiveram louvando a importância de determinada feira para as vendas e desenvolvimento do setor. No frigir dos ovos, no entanto, falta considerar a agenda do Turismo como um todo, e são privilegiados os interesses de uma empresa ou empreendimento. O bordão da união dos players serve muito bem para discursos inaugurais, mas aparecem, na prática, cada vez menos.