Quando o Hôtelier News viajou ao Transamérica Ilha de Comandatuba, no sul da Bahia, sabia que além de luxo e de uma estrutura gigantesca, também encontraria pela frente projetos, atividades e ações concretas de preocupação com o meio ambiente.

Por Karina Miotto


Belas flores…
(fotos: Karina Miotto)

Localizado em uma área verde de 8 milhões de metros quadrados no município de Una, é rodeado de praia, manguezal, rio e vegetação. Passear por seus 50 mil m² é ver, aqui e ali, inúmeras espécies de pássaros como gavião-pinhé, té-téu, pica-pau-do-campo, pardal e lavadeira, além de outros animais como pato, pavão, galinha da angola, morcego, borboleta…até lagartos vimos.

 
Lavadeira e pica-pau: um aproveita o sol de fim de tarde, outro se alimenta do coqueiro


Manguezal nos arredores do hotel


Mais lavadeiras…de perto, são muito mais bonitos!

O hotel faz parte de dois comitês: Superintendência de Recursos Hídricos da Bahia (SRH), que estuda as bacias hidrográficas, o plantio em mata ciliar e ações para minimizar impactos e também da Reserva Biológica de Una (Rebio), que atua na ampliação de uma reserva no município.

A equipe também trabalha no monitoramento de tartarugas marinhas – localiza seus ninhos, faz contagem dos ovos e até ajuda a levar os filhotes para o mar. Quando o fim do ano se aproxima, é sinal de que a época para observar as tartarugas está chegando.

Essa é uma das formas que o hotel encontrou de integrar os hóspedes com o meio ambiente, mas existem outras opções. Dois biólogos sempre acompanham estes passeios, mas excepcionalmente (e infelizmente) quando estivemos lá, estavam fora do resort por motivos de força maior. De qualquer forma, fomos muito bem recebidos por Luiz Frederico Cavalcanti de Andrade, engenheiro agrônomo do Transamérica, mais conhecido como Fred.


Fred, braço direito para esta reportagem em Comandatuba

Acompanhar algumas atividades como caminhada, cavalgada, observação de aves (ou bird watching) no campo de golfe (rodeado de pássaros graças à integração com a vegetação nativa), desova de tartarugas, caranguejos na passarela do mangue e até a plantação de uma árvore, no programa “Adote uma Árvore”, é essencial para que as pessoas não só se familiarizem com a natureza como também a compreendam. Afinal, educação ambiental é a chave para a preservação.

Conhecemos três ações do Transamérica Ilha de Comandatuba:

Usina de compostagem
É um espaço amplo e arejado que contém montinhos de alimentos devidamente tratados e sem mau cheiro. Comida lá não vai para o lixo e é reutilizada – ainda bem, porque o que não falta em seus buffets são incontáveis alimentos.


Usina de compostagem

Depois de separado, o lixo orgânico é misturado com lodo e palhas, tem a temperatura controlada e é revirado 3 vezes por semana. Só não é mais remexido quando chega ao estado de maturação – o ciclo completo dura cerca de 40 dias. O hotel trata 25 toneladas de resíduos sólidos por mês.


O Fred explicando o funcionamento da usina

“Qualquer lugar poderia providenciar uma usina de compostagem. Cada uma tem seu processo. Na minha casa, por exemplo, tenho uma de madeira. Como sou apaixonado por horta, os resíduos orgânicos da minha casa viram adubo”, conta Fred. No hotel, são reutilizados para o paisagismo e também vão parar no solo do campo de golfe.

Passarela dos Caranguejos


João, que trabalha no mangue desde os 6 anos

João Gomes tem 52 anos e trabalha no mangue desde os 6, idade que tinha quando o pai faleceu. Foi com ele que aprendeu a arte de trabalhar no manguezal. “As novas gerações não se interessam. É bom, porque não tem concorrência. Ganho R$ 150 por mês e vivo bem. Pesco de duas a três vezes por semana, fico com as mãos macias, mas com dor nas costas. Tudo bem, eu já estou acostumado”, conta, cheio de simplicidade.


Se preparando para encarar o manguezal: botas de
borracha e óleo diesel para espantar os mosquitos

Passear pela Passarela dos Caranguejos é ver de perto o mangue, o trabalho do João e também os animais. Pessoas acompanhadas por profissionais que entendem do assunto não têm perguntas sem resposta. Por que o mangue é importante?. “Ele é o berçário do mar. Nele ocorrem desovas de diferentes espécies de peixes de água doce e salgada. O mangue também recebe serpentes, raposas, é ponto de migração de aves. Se ele for destruído, essa ilha não dura 5 anos. O manguezal evita o subimento da maré. Sem falar que é uma fonte de renda para comunidades pobres”, explica Fred.

Na hora da pesca, João redobra a atenção para não pegar nenhuma fêmea: ela só se reproduz aos 5 anos e apenas uma vez. Outra questão importante e que desta vez preocupa não somente os pescadores, mas também os ambientalistas é a mortandade de caranguejos, que começaram há mais de 3 anos e se alastraram do Rio Grande do Norte, chegaram ao nordeste e atingiram o Espírito Santo. “Agora parou, mas a quantidade de caranguejos em mangues vai demorar 5 anos pra se recuperar”. Se antes João pescava 50 crustáceos por dia, hoje não pega mais do que 30.


Em 5 minutos, ele voltou com dois carangejos.
O da esquerda é macho.O da direita, é fêmea: educação ambiental

De toda forma, agradece. “A natureza é boa, nos dá trabalho”.

Adote uma Árvore
Em um carrinho desses que ficam em campos de golfe, saí com o Fred pelo resort à procura de um espaço no gramado para plantar um cajuzeiro. Assim como acontece com os hóspedes, cheguei lá e já estava tudo preparado para que pudesse colocar a mão na terra (o que adoro fazer) e começar o plantio da muda. Não demorou nada. Cinco minutos e pronto, mais uma árvore para deixar o resort ainda mais interessante.


Eu plantando a árvore: recomendo. Não há nada como fazer a parte
que nos cabe para cuidar do meio ambiente…


“Meu” cajuzeiro, depois de plantado!

Se eu quiser voltar lá em dez anos, o cajuzeiro vai estar bem maior. Vou pegar um caju dele, ouvir os passarinhos cantar em seus galhos, com sorte observar seus ninhos e ainda curtir uma sombra gostosa no meio de uma tarde ensolarada deste pedacinho inesquecível do sul da Bahia…

O que mais o Transamérica tem:

  • O esgoto é tratado antes de ser despejado no canal do Rio Doce. Fred afirma que todos os resíduos poluentes são eliminados e que a água do rio sempre é enviada para análise em laboratório
  • Placas nos quartos avisam a importância da economia de água, de energia elétrica e da diminuição de produção de resíduos quando as toalhas não são lavadas diariamente. O hóspede consciente só precisa deixá-la pendurada atrás da porta para que não seja levada pelas camareiras
  • A refrigeração do lobby é feita por esquadrias e portas de vidro – ou seja, não tem ar condicionado e mesmo assim é fresquinho
  • O resort faz reciclagem, coleta e venda de lixo reciclável
  • Depois de usado, o óleo de soja é encaminhado à Universidade Estadual Santa Cruz, em Ilhéus, para que seja transformado em biocombustível. Por mês, são doados 800 litros.
  • Dentro do Transamérica existe o “Telefone Verde” para hóspedes que desejam obter informações sobre ações e atividades voltadas ao meio ambiente.

    Serviço
    (73) 3686 1122
    Ilha de Comandatuba s/n, município de Una (BA)
    www.transamerica.com.br