Anna Luiza Fischer comanda o departamento
de vendas dos Hotéis Marina
(foto: Vinicius Medeiros)

Com quase dez anos de experiência em hotelaria – começou sua carreira em 1998 nos Hotéis Marina – Anna Luiza Fischer conhece muito bem as sutilezas do mercado carioca. Formada em Publicidade pela Universidade Estácio de Sá e com pós-graduação em Gestão Empresarial em Hotelaria e Turismo pela mesma instituição educacional, a executiva comanda com sucesso a área de vendas dos Hotéis Marina desde 2001 e no grupo hoteleiro carioca praticamente sente-se em casa – só interrompeu esta trajetória com uma passagem rápida pelo Caesar Park Ipanema.

Nessa entrevista ao Hôtelier News, Anna Luiza fala sobre um pouco de tudo: novos planos e investimentos, a hotelaria no Rio de Janeiro, a competição acirrada com as grandes redes e, claro, sobre os Hotéis Marina.

Por Vinicius Medeiros

Hôtelier News: Os Hotéis Marina contam hoje com três empreendimentos no Rio de Janeiro. A partir daí, podemos dizer que se trata de um grupo hoteleiro tipicamente carioca ou existe alguma definição melhor para a rede?
Anna Luiza Fischer: Acho que a definição carioca é bem colocada. Agora, o termo que não gosto para nos definir é cadeia, porque, na minha opinião, quando se fala em cadeias, normalmente se fala em padronização, em muitos hotéis. Nós temos três empreendimentos completamente diferentes um do outro: o Marina Palace é um quatro estrelas bem tradicional; o Marina All Suítes é um cinco estrelas que mistura os conceitos de hotel boutique e hotel design; e no Parador Santarém Marina, em Itaipava, estamos implantando o conceito de resort-boutique, ou seja, uma infra-estrutura de um resort, com toda a exclusividade de somente 14 suítes. Enfim, nos denominar grupo hoteleiro, tudo bem, pois só investimos em hotelaria, mas não somos uma cadeia e nem temos pretensão de nos tornar uma.

 
Suíte Diamante, do Marina All Suites, e suíte do andar executivo do Marina Palace
(fotos: marinahoteis.com.br)

HN: Na sua opinião, qual o grande diferencial dos Hotéis Marina?
Anna Luiza: Temos vários diferenciais, mas quando se fala no Marina Palace e no Marina All Suítes, acho que duas características se destacam. Já fizemos pesquisas de satisfação e, de acordo com relatos dos próprios hóspedes, a localização privilegiada e o atendimento são nossos grandes destaques. O fato de estarmos na praia do Leblon, o bairro mais nobre da cidade, o lugar onde estão os melhores restaurantes, uma área tipicamente carioca, sem dúvidas atrai muitos clientes. Em relação ao atendimento, buscamos sempre um serviço despretensioso, mais informal, ou seja, com a simpatia típica do carioca e buscando sempre agradar os hóspedes. Aqui, com certeza, nosso serviço e atendimento fazem a diferença, assim como nossos colaboradores, e a gente acredita que grande parte do nosso sucesso reside nesses diferencias.

HN: Recentemente o grupo arrendou a Pousada Parador Santarém, em Itaipava, na região Serrana do Rio de Janeiro, local que vem ganhando cada vez mais novos empreendimentos especialmente voltados a bem estar, saúde e estética. Os Hotéis Marina também vão privilegiar este segmento?
Anna Luiza: A nossa intenção não é essa e não devemos explorar o segmento de estética, spa e bem estar. É claro que teremos um pequeno spa, com terapias e massagens disponíveis, mas este será mais um atrativo para o hóspede que estiver no hotel. O que pretendemos oferecer para os nossos clientes é conforto, descanso e paz. Trata-se de uma área com 250 mil m² com apenas 14 apartamentos então, o que o hóspede mais vai encontrar é espaço, natureza, tranqüilidade e opções de entretenimento, como uma piscina e um campo de golfe com nove buracos, entre outras facilidades. Enfim, não teremos um foco específico em saúde e bem estar, mas estaremos buscando oferecer paz e lazer para nossos clientes, sempre com a cara do Marina, principalmente nos serviços e na decoração.           

 
O Parador Santarém Marina, em Itaipava (RJ),
é o mais novo empreendimento da rede
(fotos: paradorsantarem.com.br)

HN: Falando ainda em aquisições, há alguma nova ação programada para o futuro próximo?
Anna Luiza: Não temos nada programado. Primeiro vamos arrumar nossa casa: estamos reformado o Marina Palace e também estamos investindo no Parador, então temos que dar passos de acordo com nossas pernas.

HN: Ainda sobre novas unidades, há algum projeto para o mercado paulista?
Anna Luiza: Não há nada em vista sobre a construção de novos empreendimentos, mas, sem dúvidas, São Paulo é o principal mercado consumidor do País.

HN: Para a maioria dos turistas que visitam o Rio, Copacabana ainda é o bairro símbolo da cidade, o que o transforma em um local com grande concentração de hotéis. No Leblon, os Hotéis Marina dominam o mercado hoteleiro há anos, reinando praticamente sozinhos no bairro. Neste contexto, até que ponto a distância de Copacabana é sadia?
Anna Luiza: Acho que é muito sadia porque os perfis dos hóspedes são bem diferentes. Quem vai para Copacabana é aquele turista clássico, que visita o Corcovado, o Pão-de-Açúcar e Copacabana. Nós atingimos um público que quer conhecer o Rio de outra maneira, aquele que quer viver o “carioca way of life”. E é no Leblon que o carioca vai à praia, toma seu chopp no Bracarense, janta nos restaurantes da Dias Ferreira, enfim é um Rio diferente daquele que Copacabana oferece. Investimos nessa imagem do Leblon e, ao lado dos hotéis de Ipanema, nos unimos nessa divulgação dos dois bairros. Então, creio que não temos nada a perder para Copacabana, pois são produtos completamente diferentes e com perfis de clientes distintos.


O Leblon, visto do Corcovado, no Rio
(foto: mrl.nyu.edu)

HN: Em um mercado tão competitivo quanto o carioca, como é concorrer com as grandes redes hoteleiras, nacionais e internacionais?
Anna Luiza: Acho que cada um tem seu diferencial, sejam os hotéis independentes como nós ou os empreendimentos das grandes bandeiras. Acredito até que o Rio ainda sofre um pouco com a falta de oferta hoteleira, principalmente em certos períodos do ano. Ainda assim, tenho uma coisa muito clara na cabeça: existe aquele cliente que faz questão de se hospedar nos hotéis das grandes redes, onde ele vai encontrar a mesma cama, o mesmo serviço e o mesmo café da manhã que ele encontraria em outra unidade do grupo. Da mesma maneira existe o hóspede que deseja viver o clima e o ambiente da cidade onde ele está. Desta maneira, há espaço para todo mundo.

HN: Existe alguma possibilidade dos Hotéis Marina se associarem a alguma bandeira hoteleira? Já houve algum tipo de contato ou negociação nesse sentido?
Anna Luiza: Não faz parte dos nossos planos. Já houve contatos tanto por parte de cadeias nacionais quanto de internacionais, mas nunca houve interesse da nossa parte. Até ouvimos algumas propostas, mas nenhuma que nos chamou a atenção. O fato é que somos um grupo independente e continuaremos assim. 

HN: Atualmente os hotéis de luxo têm investido cada vez mais em novos e exclusivos serviços. Tudo é feito para agradar os clientes mais sofisticados e exigentes. Você crê que seja um caminho sem volta para a hotelaria de luxo?
Anna Luiza: Sim, sem dúvidas este é um caminho sem volta para a hotelaria de luxo. Quem quer continuar neste segmento tem que apresentar serviços diferenciados. Uma boa cama, banho quente e um café da manhã gostoso, qualquer um pode oferecer. Assim, o diferencial que cada empreendimento possui – seus serviços exclusivos – é o que justifica a sua tarifa, portanto os hotéis de luxo que contarem serviços estarão mudando de segmento.   

HN: Apesar de contar com um parque hoteleiro menor que o de São Paulo, o Rio de Janeiro possui as melhores taxas de ocupação e diárias médias da hotelaria brasileira. Ao mesmo tempo, nem tudo é uma maravilha e ainda há pontos a serem ajustados para que o mercado como um todo se beneficie. Na sua opinião, o que pode ser melhorado até os Jogos Pan-Americanos que se aproximam?
Anna Luiza: Acho que falta um pouco mais de união entre os hoteleiros. A grande verdade, que essa baixa temporada difícil está mostrando, é que “é cada um por si e Deus por todos”. Nós até nos reunimos e trocamos informações, mas ainda assim nos falta tomar decisões em conjunto para levarmos o setor para frente. Em relação à infra-estrutura, os jogos Pan-Americanos vão ser muito importantes, pois estão servindo como uma espécie de dead-line para os hotéis estarem totalmente reformados e em perfeitas condições para receber os turistas que vierem para o Rio.