(foto: eloizanetti.com.br)

Mais de 40% dos custos de um meio de hospedagem de luxo estão ligados a salários e encargos gerados por estes. O número foi revelado na última semana e corresponde especificamente aos 19 hotéis membros da BLTA (Brazilian Luxury Travel Association), tendo como baliza o ano de 2011.

A cifra, ainda que direcionada a uma parcela pequena do segmento, deixa latente uma das maiores labutas que o setor tende a enfrentar para se tornar rentável do ponto de vista dos investidores.

Ora, a afirmação, o leitor deve questionar, não deve ser generalizada por representar apenas o mercado de luxo. Em parte, sim, a especulação é desmedida – mas tem lá seus cabimentos, uma vez que os encargos aparecem nas entrelinhas de todo o emaranhado da atividade hoteleira no Brasil.

Por um lado, os empreendimentos de alto padrão empregam mais pessoas por oferecer serviços específicos que dependem de maior capital humano – então, pois, seria aceitável que as barganhas para esta vertente fossem melhor articuladas. Em outra esfera, há de se pensar que os índices de lucro são maiores por trabalhar com diárias elevadas – mas daí outra dicotomia aparece quando pensado o volume de negócios, muito menor se comparado a um empreendimento econômico, por exemplo.

Enfim, são meios de hospedagem rentáveis, sim – haja vista a elevação de 12,3% no faturamento dos membros da BLTA no comparativo 2010 x 2011 -, mas que podem ir além. Com melhores possibilidades e uma redução plausível dos encargos, seria esperado que este mercado ganhasse elasticidade por ter tarifas mais amenas. Com isso, outro campo da hotelaria tupiniquim elevaria seu grau de atuação, e o setor, acredita-se, teria mais aprimoramento por conhecer práticas célebres de serviço, amadurecendo todo o coletivo.

É nesta linha, inclusive, que a presidência da BLTA argumenta com o governo quando da necessidade de obter apoio para participação em feiras e workshops em outros países – o que ainda é pouco frente a um segmento que vem numa crescente.

Apesar das articulações, sublinhe-se, a reportagem do Hôtelier News apurou que neste ano nenhum projeto neste sentido serviu de benesse à entidade – até mesmo pela lambança ocorrida no Ministério do Turismo quanto à troca de representantes da pasta isto se inebriou.

Para se ter ideia, o grupo ligado à associação hospedou, em 2011, 149 mil clientes tendo média de 2,21 funcionários para cada hóspede – o que é sinônimo de benefício para o governo. Um hotel econômico, a exemplo de um recém-inaugurado com 126 apartamentos, gerou 31 empregos diretos. O indicativo, por fim, mostra que o setor de luxo deve ser igualmente colocado à baila das discussões por fomentar muito mais a contratação de equipes e gerar mais impostos.

E o que se vê, quando da necessidade de apoio do Estado, é uma retração desmedida ou uma ajuda que soa mais como migalha.

Em qualquer indústria representativa para a economia, como a automobilística, o governo intervém e dá uma série de benefícios – a exemplo das facilidades com o IPI que seguem até o final do ano para a compra de veículos.

Aparentemente, a hotelaria tem poder para tanto e o momento positivo e entusiasmante para o setor pode contribuir. Sim, há algumas possibilidades aparentes que devem favorecer a indústria – como a inclusão da atividade no Plano Brasil Maior, não se pode negar. Contudo, é pouco, já que a folha de pagamento aparece como maior entrave.

Sobra o panorama de que, em time que se está ganhando, os jogadores tendem a não olhar à frente e ficam extasiados com o barulho momentâneo ecoado pelas bolas na trave.

E o barulho, sim, tem vantagem – de ser visto, de chamar a atenção. Mas, quando ele é extremo, não se ouvem as palavras.