A indústria do turismo em Barcelona continua a quebrar recordes. Em 2016, o número de visitantes superou índices do ano anterior, 2015, com 18,5 milhões de dormidas. O forte desempenho coloca Barcelona à frente de muitas outras cidades européias como Milão, Genebra, Munique e Viena. No entanto, o turismo de massa têm causado muitos problemas para os habitantes locais, que clamam pelo desenvolvimento de um novo modelo de atuação da indústria.

A percepção dos moradores de Barcelona passou por modificações consideráveis. Enquanto a maioria ainda enxerga o turismo como uma atividade benéfica para a cidade, uma outra parcela crescente afirma que o setor atingiu o seu potencial máximo, segundo dados levantados pela Tourism Perception Survey for the City of Barcelona (Pesquisa de Percepção do Turismo para a Cidade de Barcelona).

Atualmente a faixa etária do visitante da capital da Catalunha é de cerca de 36 anos. Seu gasto médio é de 60 euros diários em hospedagem e 76,6 euros reservados para outros fins.

A pressão por parte dos habitantes levou as autoridades locais a discutir a necessidade de uma mudança no modelo de turismo da cidade. "Barcelona tem uma existência inconsistente. O modelo de turismo atual precisa sim de uma transformação, mas para que esta seja realizada com sucesso, há de se adotar uma política de promoção", opina Josep Maria Cervera, professor de Negócios Internacionais na UPF (Universidad Pompeu Fabra) e especialista em estratégias internacionais.

"Veja o caso de Amsterdam, por exemplo. Apesar da falta de estrutura hoteleira, a cidade tem conseguido transformar o turismo, começando pela transformação dos Coffee Shops – onde é legal o consumo de marijuana – em locais modelo para famílias", observou o professor. "O que falta para Barcelona é a precisão de suas perspectivas como destino turístico. O que estamos vendendo? Serviços? Barcelona precisa de uma estratégia e de um departamento comercial", enfatizou.

De acordo com Cervera, esta estratégia exige uma narrativa que a torne atrativa não apenas para os turistas, como também para estudantes, famílias e investidores de todo o mundo. "A coexistência da cidade com o turismo precisa ser prática, e isso exige que as famílias tenham acesso a acomodações de qualidade a preços razoáveis", finaliza.

* Crédito da foto: Pixabay/tpsdave