Jan Von Bahr, diretor de Operações, e Clovis Casemiro,
gerente de Vendas – ambos do Beach Class Resort Muro Alto
(fotos: Dênis Matos e Thais Queiroz)
 
O setor hoteleiro no Brasil vivencia uma de suas melhores fases. Gigantes do mercado procuram espaço em território nacional e, sem muita peleja, encontram terreno fértil em praticamente todas as regiões. A tendência, que segue de mãos dadas com o momento profícuo que a economia brasileira experimenta, é fruto dos constantes esforços de todos os braços do setor turístico – do atendente ao empresariado. Todavia, definitivamente, ainda há longo caminho a ser desenhado, mesmo com o brasileiro tendo incluído, em parte, viagens e hospedagens em seu orçamento.
 
Ainda que os custos não estejam ao alcance de todos os bolsos, pode-se dizer que hoje é possível viajar. Mas uma questão – quase sempre presente – é a escolha do destino: nacional ou internacional? Em terras tupiniquins, cenários que muitos só veem na vida de plástico de novelas ou filmes estão disponíveis quase que o ano inteiro. Ainda assim, em alguns casos, custa menos conhecer um destino internacional do que passar as férias por essas paragens – o que causa verdadeiro embate no mercado doméstico. E é aí que o turismo local perde.
 
Junto a isso, a iniciativa privada barganha e ainda sofre com a falta de incentivos fiscais que deixariam os serviços mais acessíveis, a exemplo de outros países que fazem uso de tal prática.
 
São estas e outras leituras que pautaram a entrevista com Jan Von Bahr, diretor de Operações, e Clovis Casemiro, gerente de Vendas, que assumiram – em abril deste ano – o desafio de reposicionar o antigo hotel que deu lugar ao Beach Class Muro Alto; resort em Porto de Galinhas (PE) administrado agora pela Nobile Hotéis.
 
Após sete meses em funcionamento, operar o Beach Class e conquistar a fidelidade da clientela têm sido os motes primeiros dos executivos, que estimam ter investido, apenas nessa fase inicial, cerca de R$ 1 milhão em reestruturações “básicas” do empreendimento.
 
Aparentemente a sorte está do lado deles. Porto de Galinhas é, por si só, um dos destinos brasileiros que pouco precisa de divulgação. A fama das belíssimas praias e paisagens atraem olhares e visitantes de todo o mundo. A questão é: como estabelecer um empreendimento de resort na região – ainda em desenvolvimento e com grandes obstáculos de mão de obra – que seja referência em hospitalidade e atenda, com excelência, ao público corporativo e de lazer?
 
O Hôtelier News recebeu a intelligentia do Beach Class Muro Alto para entender quais as nuances neste cenário que se desenrola, ainda que proficiente, sem respaldo algum em certezas – tanto para o mercado quanto para os operadores hoteleiros. Capacitação, carência de profissionais aptos, nichos de atuação, modelos estrangeiros, reflexões  deste primeiro semestre na gestão Nobile e outros pontos norteiam a discussão.
 
Por Dênis Matos e Thais Queiroz
 
 
“O turismo está passando por uma fase de transformação”
 
Hôtelier News: Qual a percepção nesta fase inicial do Beach Class?
Bahr: Eu esperava que com a Copa as cidades sede, como Natal e Fortaleza, fossem crescer mais. Mas isso ainda não aconteceu. Ainda assim, quero continuar no Nordeste. Apareceu esta oportunidade do grupo Nobile, quando assumi a gerência de Operações do Beach Class, que foi comprado em março.
 
Pegamos um hotel com seis anos de uso que – sem falar mal e desprezar o antigo operador – precisava de muita atenção. Começamos a trabalhar, aos poucos, com limitações financeiras bastante restritas. Então o Clovis e eu fizemos várias viagens e fechamos dois grandes negócios que nos deixaram com valor substancial em caixa, permitindo avançar as coisas. Fechamos contrato com o Peixe Urbano e começamos a trabalhar o produto. O resort ainda não está finalizado, temos muito que mexer, ele precisa de mais atenção em todas as áreas.
 
Mas posso dizer que já avançamos muito. Começamos a operar em abril e, no final de julho, é que vieram os primeiros rendimentos. De agosto para cá é que temos investido em material de operação, reformas, pintura e limpeza.
 
O produto é maravilhoso, são 252 quartos, divididos entre área hoteleira e moradores. Administramos 50% do hotel. Os apartamentos têm suítes com sala e quarto, onde dormem tranquilamente quatro pessoas, TV em cada ambiente e terraço em todas as unidades. São quartos de 40 m².
 
Temos uma piscina grande com quatro milhões de litros d’água, com uma ilha no meio para banho de sol. Há três bares e restaurantes, mas no momento operamos com apenas um restaurante. Os salões de eventos são para até 800 pessoas. Ou seja, há estrutura, é um produto que, dentro de seis meses, vai estar completo.
 
Casemiro: Nesta fase inicial, já estamos com datas fechadas para o Natal e Réveillon. O mercado está bastante aquecido, e o destino puxa muito os turistas.
 
Bahr: O destino é muito forte e tem uma associação hoteleira que é muito atuante, da qual fazemos parte. Clovis e eu participamos por dez anos de uma feira importante no Nordeste e, em todos os anos, havia um estande de Porto de Galinhas. Eu me aventuro, tranquilamente, a dizer que este é o destino mais desejado do Brasil. A cidade se desenvolveu, temos saneamento básico, bons restaurantes e lojas.
 
Outro ponto interessante: Porto de Galinhas tem natureza e praia juntos. É um destino organizado, estruturado, com fácil acesso ao aeroporto.
 

HN: Neste primeiro momento, provavelmente, vocês fizeram contratações. Como é lidar com a mão de obra da região?

Bahr: A maior dificuldade que nós temos, hoje, na região, se chama mão de obra.

Casemiro:
Nós fizemos questão de trazer o Jan para a Nobile, porque ele tem muita experiência com resorts no exterior, justamente para resolver isso.

Bahr:
A mão de obra na região é a mesma que trabalhava na agricultura local no passado. Depois vem outro fator que é primordial em dificuldade hoje: o polo emprega 65 mil pessoas, e a maioria trabalha de segunda à sexta, das 9h às 18h, com salários cerca de 50% maiores que o da hotelaria. Então, para conseguirmos faxineiro e pessoal para cozinha, por exemplo, é difícil. Eles querem ganhar R$ 650 – o mínimo mais bônus -, enquanto se pode obter R$ 1,5 mil trabalhando na cidade. E aí você tem os hotéis hoje buscando mão de obra no interior e fazendas da região.
 
Casemiro: Para sanar isso fazemos algumas coisas. Temos, por exemplo, funcionários que moram no entorno, oferecemos até mesmo condução para buscá-los. De certa forma, é uma prioridade termos pessoal da região também.
 
 

Bahr:
Nossa área de RH está fazendo diversos treinamentos, todos os gerentes passam por eles e aplicam nos departamentos.
 
HN: Para cargos de gerência vocês estão trazendo profissionais de outros estados ou tentando formar a população local?
Bahr:
Trouxemos praticamente todos os gerentes de outros estados, exceto o de TI. Não é que os que estavam não eram bons, mas eles estavam com realidade e mentalidade que não correspondem à nossa política. Por isso contratamos pessoas jovens, com vontade de aprender, que atendem às expectativas.
 
HN: Essa dificuldade, até mesmo de formação, faz com que bons profissionais saiam do Nordeste?

Bahr: Por esses problemas é que o nordestino vem para São Paulo. Aqui [em São Paulo] se paga melhor. Ele chega, faz uma escola técnica e, rapidamente, é uma forma para ele melhorar na profissão. Porém, isso ainda está chegando ao Nordeste. Em Fortaleza a mão de obra é muito boa, mas em Natal é complicado. Há muitos filhos de funcionários públicos e militares – isso é teoria minha -, que sempre escutaram os pais criticarem o trabalho. Na cabeça deles, o patrão é sempre o vilão. Notei muito disso no Ceará. Eu brinco que, se o cearense cortar o dedo na cozinha, ele pede um curativo para estancar o sangue e para poder cortar mais carne porque ele quer ganhar mais dinheiro. Já em Natal o cara corta o dedo e pede afastamento de 15 dias.

HN:
Neste cenário relativamente complicado, vocês têm capacitado os funcionários?
Casemiro: Temos parceria com o Sebrae [Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas] e com a Associação dos Hotéis. Há alguns tipos de treinamento com o Sebrae para os atendentes em geral.
 
Bahr: O que vemos é que a população de lá sofre pela concorrência. Há muita gente querendo trabalhar na indústria, porém não entram por falta de capacitação. É um processo, acho que deve melhorar. O desenvolvimento industrial de Pernambuco é incrível. O Porto de Suape, que foi inaugurado há dez anos, hoje tem cinco cais e deverá aumentar para 35. São 300 empresas que vão entrar no Porto Suape. Por isso, na cidade de Recife você não acha uma moradia para alugar. As prefeituras estão investindo e fechando negócios com empresas de outros estados. No nordeste a cidade do futuro é Recife.
 
 
HN: Qual a leitura que vocês fazem do futuro deste mercado?
Bahr: Eu acho que Recife vai ter um boom tremendo. Os resorts vão crescer, na minha opinião, porque a classe média está viajando cada vez mais. Entre ficar num hotelzinho no centro de Maceió, de Recife ou de Fortaleza, o hóspede paga mais R$ 100 por dia e tem uma piscina maior, praia e mais serviços. O turismo de negócios terá um crescimento monstruoso. Foi mapeado e parece que Recife tem espaço ainda para pelo menos 3,5 mil a 5 mil quartos de hotel. Os poucos hotéis de bom nível na cidade estão trabalhando de segunda à quinta com 100% de ocupação. O Transamérica abriu um hotel lá e estão cobrando tarifa de R$ 350, há mercado para isso.
 
HN: O resort recebe muitos eventos?
Bahr: Para nós este crescimento é muito importante por causa dos eventos. Nós recebemos eventos de médio porte.
 
Casemiro: Tivemos baixa em maio e junho.
 
Bahr: Mas somente em julho nós crescemos 60%, em um mês, por conta de eventos.
 
Casemiro: Tivemos muitos dias com 90, 100% de ocupação.
 
Bahr: Com este hotel, em três meses de operação, atingimos cerca de 70% de ocupação média.
 
Casemiro: Na parte de eventos fazemos parceria com outros hotéis da região. Já notamos que existem eventos fortíssimos, como congressos internacionais que, em vez de escolher hotéis, eles escolhem a cidade e dividem as palestras e participantes em vários hotéis da região. Um dos últimos foi um congresso de neurologia, que ocupou cerca de oito hotéis. Ficaram todos lotados. Trabalhamos junto à Associação de Hotéis que viabiliza todo esse trâmite.
 
HN: Qual a estrutura de eventos que o Beach Class possui e qual a porcentagem que os eventos ocupam na receita total do hotel?
Casemiro: Nós temos dois salões grandes no primeiro andar, uma sala de reuniões e ainda dois ambientes na parte do lobby – que não são para eventos, mas que podem ser usados para este fim. Conseguimos receber até 800 pessoas simultaneamente, atendemos até três pequenos eventos separados.
 
 
  
“Como representante do departamento Comercial,
eu gostaria de chegar a um preço mais acessível.
Mas não é a realidade do País”
 
Bahr: Recebemos na semana passada o governador de Pernambuco e representantes de uma construtora. Eles chegaram todos de helicóptero. Nós temos um heliporto porque o nível corporativo da região exige.
 
Casemiro: Tem gente que pede para nós, de hoje para a semana que vem, uma sala para tantas pessoas. Isso está acontecendo com certa frequência. E outra situação que a gente pegou, nesta temporada, foi uma tripulação de empresa aérea que não tinha onde se hospedar. O setor corporativo está muito aquecido na região.
 
Bahr: Os eventos ocupam cerca de 20% da receita total, mas queremos aumentar isso porque, sinceramente, eu prefiro trabalhar com o público corporativo do que o de lazer – são movimentos mais fáceis de serem controlados. Se você tem 100 apartamentos ocupados para um evento, é possível saber onde e a que horas eles estarão no café da manhã, sabe-se que eles terão reunião, que não terá ninguém na piscina. O staff é reduzido, é possível movimentar muito melhor o hotel, economicamente é muito fácil lidar. Já no público de lazer é outro cenário. Hoje com as grandes operadoras, as crianças às vezes viajam sem pagar. Ocorre de você receber famílias com três, quatro crianças. Sabemos que uma criança de sete anos come mais que todos nós juntos. Com eventos isso é diferente, normalmente eles pagam a mesma tarifa e às vezes é uma pessoa por apartamento.
 
HN: Vocês têm experiência com o mercado internacional. O que falta para a hotelaria brasileira amadurecer e atingir padrões de outros países?
Bahr: Eu diria duas coisas. A primeira é que você não vê mais mercado internacional no Brasil pela valorização do real. Você tem redes que tem 30, 40 hotéis pelo mundo, com uma padronização. O cliente, quando escolhe suas férias, ele quer sol e praia – e basicamente todos esses hotéis são iguais: a cama, a comida, os detalhes. Agora, o que vai fazer o cliente pagar 20% a mais para vir para o Brasil se ele pode ir para a República Dominicana por 20% a menos e conhecer um lugar novo? Basicamente, querem cobrar no Brasil o mesmo preço que cobram lá fora – e aqui as contas não fecham. A energia é mais cara, não temos os incentivos de impostos que outros países têm, além de outros fatores.
 
 
Na minha opinião acho que, no Brasil, estamos bem servidos de resorts. Se você vai para qualquer cidadezinha dos Estados Unidos, por exemplo, tem um Western, um Staybridge, Hilton, Sheraton, igualmente a nós, temos uma gama enorme de hotéis. Contudo, no Brasil, temos muitos aparts-hotéis, que na verdade são versões abrasileiradas de hotéis. Por falta de financiamento no País, muitas pessoas se juntavam, cada um financia uma parte e aí monta-se um empreendimento.
 
O Brasil precisa de melhores financiamentos e melhores condições para poder fazer projetos mais arrojados de hotéis. Se olharmos a própria cidade de São Paulo, o que há de hotéis internacionais? Temos Hyatt, Tivoli, Hilton, o Transamérica, que mesmo sendo brasileiro tem bom padrão. Agora, no mais, são todos hotéis de três e quatro estrelas. Existe uma necessidade futura, principalmente pelo potencial que este País tem, de se construir hotéis mais imponentes, com melhor nível.
 
Casemiro: O custo Brasil, em termos de impostos, é outro ponto que atrapalha demais. Se eu consigo fazer uma tarifa de US$ 200 em nosso hotel, se você for comparar com o Caribe fica difícil.
 
Nós estivemos recentemente com o diretor da TAM na Europa. Ele me disse que não consegue trazer europeu para o Brasil porque os voos estão cheios de brasileiros indo para lá. É a mesma coisa nos Estados Unidos, as companhias aéreas estadunidenses estão cheias de nossos turistas indo para lá. Nossa malha aérea é complexa também, e, claro, a questão dos impostos, que no Brasil não é fácil.
 
Como representante do departamento Comercial, eu gostaria de chegar a um preço mais acessível. Mas não é a realidade.
 
HN: E esse ponto que vocês falaram em relação ao padrão de preço. Nós estamos no mesmo patamar de outros países?
Bahr: Se você olha o produto que nós chamamos de luxo, que é comum para um usuário de classe média de qualquer outro país, não está acessível a nós. Em outros países é comum que se pague US$ 150 para ficar num hotel de luxo.
 
Pessoas da classe média no Brasil deveriam ter acesso a mais artigos de luxo. Mas, devido à carga tributária do País, é inviável.
 
 
 
Casemiro: A Abav deste ano teve um reflexo disso. Você tinha muitos mais destinos internacionais presentes que querem essa fatia brasileira. Eles entram numa concorrência com o Nordeste, com o Sul do País.
 
Bahr: O problema é este, hoje, se você for analisar, é mais barato ir para os Estados Unidos do que para o Nordeste. Nós não conseguimos baixar mais o preço porque não se paga as contas.
 
A classe média brasileira está muito achatada porque o custo do País é muito difícil. Um cidadão estadunidense que ganha US$ 5 mil pode ter dois carros na garagem, viajar para outro país todo o ano. Agora, no Brasil, com R$ 5 mil você não consegue nem metade disso. Há pessoas que chegam a pagar aqui R$ 17 mil num Réveillon.
 
Casemiro: Ainda assim, em Porto de Galinhas, nós temos argentinos e portugueses como potenciais de mercado. Esse turista, hoje, já vem até mesmo sem intermédio da operadora.
 
HN: E só há questões negativas quanto ao setor no Brasil?
Bahr: O que eu vejo atualmente como grande ponto facilitador é a questão das compras coletivas. Isso tem ajudado o turismo absurdamente. Nós, como operadores, temos que ter mais cuidado por conta disso, pois um comentário negativo nas redes sociais já pode nós prejudicar. Contudo, é um ótimo cenário.
 
HN: Os sites de compra coletiva não acabam denegrindo o produto de vocês, uma vez que o cliente que pagou menos, dificilmente, vai retornar para pagar o preço cheio?
Casemiro: Nós tivemos uma experiência que não mostrou isso para nós. É uma oportunidade.
 
Bahr: Quando nós abrimos o hotel, a ocupação beirava os 30%. A média histórica era de 50%. Nós vimos nisso um espaço. Se nós temos um hotel 50% ocioso, temos que utilizá-los. Como nossa gestão é compartilhada, eu avisei aos administradores que iríamos fazer algo com sites de compras coletivas. A reação foi imediata: “Você está louco?”. Eu expliquei que não estava louco, mas que não pagava as minhas contas com tarifa média, mas sim com dinheiro no banco. É um jeito de você rever a ocupação.
 
Casemiro: Nós fizemos de forma pensada, limitamos a quantidade de apartamentos que queríamos vender neste sistema. Pensamos também numa tarifa que só englobava café da manhã, para que o hóspede pagasse também por refeições e o setor de A&B se beneficiasse. Fizemos restrições quanto às datas, para que não se utilize em janeiro, no Réveillon e em datas de alta temporada.
 
HN: Qual é o perfil deste cliente que faz uso de sites de compra coletiva?
Casemiro: Eu diria que não mudou nada. Há muitas pessoas com melhor poder aquisitivo que compram pelo Peixe Urbano. É o rico que é esperto.
 
 
 
Bahr: Você tem pessoas de excelente nível e pessoas mais simples que fazem uso deste serviço.
 
Casemiro: Se nós pegarmos de exemplo a CVC Viagens, há lojas no Morumbi, no Shopping Anália Franco e até mesmo no Shopping Tatuapé. O perfil desse comprador não é o mesmo.
 
HN: Há casos em que os próprios sites de compras coletivas fazem um filtro no público. Vocês exigiram isso?
Bahr:
Nós, de verdade, ‘abrimos a porteira’. Você pode escolher. Mas nós abrimos para todos, tivemos 60 mil acessos em horas.
Se você quiser fazer um pacote específico com o Peixe Urbano, vendendo somente para o Nordeste, é possível fazer. Em São Paulo, por exemplo, ele pode fazer até mesmo por bairro.
 
Casemiro: Quanto ao perfil, não há o que negar, a grande maioria continua sendo famílias com filhos. Algumas pessoas compraram pelo Groupon e pagaram a diferença para ficar em bangalôs. Há de tudo.
 
Bahr: Eu acredito que o rico, no Brasil, com alto poder aquisitivo mesmo, não fica no País – ele vai para fora. É a classe média brasileira que está fazendo uso disso.
 
HN: Esse acesso para todos é o novo perfil do turismo no Brasil?
Bahr: O turismo no País mudou absurdamente. Você pega um avião hoje e vê isso claramente. É possível encontrar um mecânico que foi fazer uma viagem a trabalho, tem de tudo. O avião praticamente virou um ônibus, todo mundo tem direito.
 
O turismo está passando por uma fase de transformação. Há uma quantidade muito grande da classe média viajando, há possibilidade de se financiar a viagem. Eles estão ocupando espaço na sazonalidade.
 
Em São Paulo isso não ocorre por conta da alta demanda. O Nordeste passou uma época muito difícil. Dependíamos dos europeus, mas isso acabou. Nós perdemos, de um ano para outro, 24 mil turistas estrangeiros. Tivemos que repor isso com 19,5 mil brasileiros. Foi algo que impactou a ocupação, porém supriu 90% dos estrangeiros com o mercado nacional.
 
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