Praia de Tatuamunha com a maré cheia: verdadeiro paraíso natural
(fotos: Chris Kokubo)
A bela região localizada entre São Miguel dos Milagres e Porto das Pedras, ao norte de Alagoas, oferece cerca de dez pousadas. Muito elegantes, todas se destinam a casais em lua de mel e, portanto, não hospedam crianças. Todas, exceto uma: Pousada Borapirá, dos mesmos proprietários da Pousada Aldeia Beijupirá Taárrudá, que o Hôtelier News retratou recentemente (clique aqui para ler a matéria).
Na Borapirá, mais do que aceitos, os pequenos são muito bem recebidos. Prova disso é o cardápio feito sob medida para o gosto infantil ou a parede na sede do hotel que serve de lousa para as crianças rabiscarem à vontade, algo que muitas vezes não podem fazer em casa.
A proposta de Adriana e Joaquim, donos da pousada, é aproximar famílias ao mar e à natureza num ambiente que lembre a praia dos anos 60 e 70, “onde liberdade e simplicidade são suficientes para umas boas férias”, nas palavras de Adriana.
Por Chris Kokubo*
O pé de primavera saúda os clientes no portal da Borapirá
Encontrada no mar já comida em algumas partes por insetos,
esta madeira é um ótimo balcão da recepção
Adriana Didier e Joaquim Santos são donos da Borapirá há dois anos. “O Joaquim adora crianças, então quando surgiu a oportunidade de fazer negócio para recebê-las, ele não titubeou”, afirma ela. “Sempre achamos que faltava na região uma opção para família, que integrasse as pessoas e a natureza, e a Borapirá cobre essa lacuna”, completa.
Na sede do hotel, sofás confortáveis e muita ventilação natural
 
 
A decoração privilegia temas locais e o mar
Os chalés espalham-se pelo terreno da
pousada entre coqueiros e muito verde
O meio de hospedagem oferece 15 chalés, chamados ‘locas’, parecidas com as casas dos pescadores e moradores da região. A sede da pousada remete às antigas casas de praia, com muito espaço, ventilação e iluminação natural. Quando a maré está baixa, Adriana batiza a faixa da areia em frente ao hotel de ‘Avenida Beijupirá’: “se vamos para a esquerda, chegamos à Pousada Beijupirá, em frente temos os arrecifes para mergulho e à direita, a boca do Rio Tatuamunha, com os peixes-boi”.
Todas as varandas contam com rede
e cadeiras para cultivar a preguiça
Ambiente perfeito para reunir pessoas queridas

 
 
Detalhes que fazem a diferença estão por toda parte,
dentro e fora dos chalés
 
Na decoração predominam flores e materiais naturais
Poti, Arami e Luna são três dos simpáticos peixes-boi que vivem por ali, bem perto da boca do rio. O Projeto Peixe-Boi tem estações em Alagoas, Pernambuco e Paraíba, mas a ideia é trazer a sede para Porto das Pedras. “Doamos uma área que será usada para sede do Projeto Peixe Boi, da Apa Costa dos Corais e do órgão ambiental do estado de Alagoas”, explica Adriana.
O passeio no barquinho é muito agradável. Aos poucos
a vegetação de praia dá lugar ao mangue
Do lado de cá dos coqueiros, rio. Do lado de lá, o mar
Roberto Pato é um dos barqueiros que levam
os turistas para o santuário dos peixes-boi
Eles se aproximam e de tempos em tempos
vêm à superfície para respirar
Tocá-los, alimentá-los ou nadar com eles é proibido
e sempre há alguém de longe monitorando

Atualmente, pode-se contratar barqueiros que, por cerca de R$ 25 por pessoa, levam os turistas até bem próximo dos animais, extremamente dóceis.
O principal cliente da Pousada Borapirá são os turistas de outras capitais do Brasil, principalmente do Nordeste. O estacionamento do hotel comprova, com carros de Recife, Belo Horizonte, Salvador, Manaus e Maceió, distante, aliás, 130 km. Para quem chega de avião, uma opção prática é alugar um carro ou contratar os serviços de transfer disponíveis tanto na capital alagoana como em Recife ou Maragogi, caso da Costa Azul Turismo, que transportou a equipe do Hôtelier. O transporte do casal varia de R$ 300 a R$ 450 a partir de Recife ou Maceió.
À noite o ambiente da sede continua convidativo
para momentos confortáveis e descontraídos
 
 
Na área de brinquedos das crianças, a parede branca está pronta para ser rabiscada. No lobby, banheiros e muita iluminação indireta
Na Borapirá, crianças de até três anos não pagam tarifa. São 19 colaboradores fixos para cuidar dos hóspedes na baixa temporada, que vai de março a junho. Na alta, o quadro aumenta. Há dois tipos de locas: com vista para o mar e com vista para o jardim. As tarifas da primeira variam de R$ 210 (de março a junho) a R$ 270 (julho a novembro) e R$ 360 (de dezembro a fevereiro), valor para casal com café da manhã. As locas com vista para o jardim, por sua vez, saem por, respectivamente, R$ 180, R$ 240 e R$ 300. Todos os chalés oferecem ar condicionado, TV, leitor de DVD, cama king size, chuveiro aquecido com energia solar e varanda.
O quarto é espaçoso e tem mordomias
como mini-bar e ar-condicionado
 
 
O banheiro também tem bastante espaço e os
amenities são à base de produtos naturais
Os planos de Adriana e Joaquim incluem aumentar de 15 para 20 o número de unidades habitacionais nos próximos anos e fundar um centro de qualificação profissional voltada para moradores da região.
A última novidade, em vigor desde julho, são os animais. Bois, cavalos, cabras, coelhos e galinhas podem ser apreciados pelos hóspedes mirins. “Montamos uma mini-fazenda antes que as crianças pensem que galinhas são apenas da Knorr”, brinca Adriana.
 
Azul é um dos animais que fazem parte da fazendinha da Borapirá
(fotos: divulgação)
A Borapirá, assim como a Beijupirá, é um convite para as coisas boas da vida. A diferença básica entre as duas é a presença ou ausência de crianças. Mais nova, a Bora tem clima mais descontraído, ambientes mais espaçosos ideais para brincadeiras e exercícios. A Beijupirá, por sua vez, valoriza os ambientes mais intimistas, para leitura ou descanso.
Os coqueiros e o tapete gramado criam um ambiente
perfeito para brincadeiras ao ar livre

Redes, almofadas e espreguiçadeiras, muitas delas…

…convidam para momentos de tranquilidade e relaxamento
Tem como não relaxar num lugar como este?
A praia, no entanto, é praticamente a mesma. Mar azul de tirar o fôlego, areia branca, coqueiros, muitos deles. Quando a maré baixa, caminha-se metros para atingir a água e os siris e peixinhos são facilmente vistos. Na maré alta, do terreno da pousada até a água dá-se literalmente somente um passo. Quem quiser pode alugar uma canoa e remar tranquilamente. Só é preciso levar (muito) protetor solar, porque o calor não dá trégua.
Os arrecifes, bem em frente à Bora, formam piscinas naturais indescritíveis. É preciso ver de perto para entender quantas tonalidades de verde e azul é possível num lugar como este. O mesmo barqueiro que leva ao peixe-boi faz o passeio para as piscinas, mais barato ainda (cerca de R$ 20 por pessoa). Ele ainda te empresta a máscara e indica os corais mais coloridos e os lugares mais bonitos para mergulhar.
Máscara e snorkel enriquecem a experiência
dos que apreciam o ambiente submarino

Mas nada impede que você apenas mergulhe
e se refresque nestas águas

São muitos e muitos quilômetros quadrados à disposição
 
Na área piscina, almofadões e bangalôs. Para quem quiser tirar a areia dos pés antes de mergulhar, um vaso cheio de água resolve
 
As garrafas de água e refrigerante viraram peixinhos voadores. Água de coco docinha incrementa a mordomia desse lugar

Se água salgada não apetecer, a piscina do hotel dá conta de refrescar do calor. Além disso, espalhadas por todo o terreno, espreguiçadeiras e redes convidam para um cochilo embalado por uma gostosa brisa do mar. À noite, as estrelas e, com sorte, lua cheia para iluminar a areia. Poste de luz, por aqui, nem pensar.
A&B
Adriana vem da área da gastronomia, com dois restaurantes já reconhecidos em Pernambuco e um terceiro a ser inaugurado em breve em Olinda, então qualidade não falta na cozinha da Borapirá.
Pronto para servir café da manhã, almoço e jantar, o ambiente é descontraído e relaxado, mas não o serviço, muito competente. Pratos à base de peixe e alimentos locais recheiam o saboroso cardápio de pestiscos também, para quem quer mesmo aproveitar as férias com o que há de melhor. O casal deve, ainda este ano, inaugurar uma pousada em Fernando de Noronha, a terceira do portfólio.
O hóspede pode escolher se quer apreciar as delícias
gastronômicas ao ar livre ou dentro da sede

 
 
No colorido e saboroso café da manhã,
não faltam frutas e delícias regionais

Pasteizinhos e água de coco no petisco à beira da piscina
 
Peixes-boi decoram o cardápio. Entre os pratos, Quilombora, com posta de peixe cozida com banana da terra, pirão e arroz de amendoim, e Beijubirosca, com peixe grelhado, creme de
macaxeira com especiarias, molho de laranja com limão
e arroz de cebola com cachaça. Dos deuses!

 
Na recepção do hotel, artesanato local e peixe-boi
de pelúcia incentivam o turismo regional
“Quando eu era criança, adorava passar as férias de verão na praia com meus irmãos. Os brinquedos eram simples baldinhos, pranchas de isopor, boias de patinho; mas o bom mesmo era a praia, com peixinhos, sargaços, mergulhos, corridas no raso, descobertas do universo marinho, sem contar as conversas na varanda à noite, olhando as estrelas. Meu filho tem 28 anos, daqui a pouco sou avó. Tomara que essa praia ainda esteja assim tranquila e sem maquiagem futuramente, para que meus netos possam fazer castelinhos, catar siri em baldinho, mergulhar de snorkel no rasinho e engasgar quando virem peixe feio!”, suspira Adriana. Tomara mesmo.
Serviço
Pousada Borapirá
Praia de Tatuamunha
Porto das Pedras, AL
82 3298-6520
82 9327-9768
* A equipe do Hôtelier News viajou de Maceió a Porto das Pedras a convite da Costa Azul Turismo e hospedou-se na Pousada Borapirá a convite do hotel.