Será que seu hotel é verde?
(imagem: evivatour.com)
Uma pesquisa divulgada na última semana mostra que o Brasil está na primeira colocação no que tange a ações de sustentabilidade – em relação aos países do G20 (grupo com as maiores economias do mundo). De acordo com o estudo da Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finança, Administração e Contabilidade), são a baixa emissão de carbono per capita e o percentual do território nacional protegido contra o desmatamento, cerca de 28%, que dão ao País o pódio da bandeira sustentável. Mas o que os hoteleiros, efetivamente, têm feito sobre o tema?
 
Maria Fernanda Mesquita Berkovitz, diretora do Canto da Floresta Ecoresort, localizado em Amparo, interior paulista, relata que trabalhos para coleta seletiva de lixo e reutilização do óleo do hotel estão na pauta, bem como o recolhimento e a fabricação de objetos com lixo reciclável no NEVHGPM (Núcleo Educacional em Valores Humanos Gentil Pessoa de Mesquita). As crianças do Núcleo, por meio dos voluntários e colaboradores, fabricam peças artesanais com material reciclado, que é comercializado na comunidade local e, muitas vezes, utilizado na própria decoração do hotel.
 
“O espaço é inteiramente voltado ao social da cidade, tanto que um dos slogans é O amor como pensamento é verdade, o amor como ação é ação correta, o amor como sentimento é paz, o amor como compreensão é Não Violência, um provérbio de Sathya Sai Baba, educador indiano. Além das atividades de artes, música, teatro, capoeira, aulas de valores, dança e oficinas, o núcleo oferece diversos valores à sociedade”, defende Maria Fernanda.
 
Missão que anda junto
O Rio Quente Resorts, situado no município que empresta o nome ao empreendimento, em Goiás, afirma que a sustentabilidade é uma missão que anda junto à possibilidade de criar “experiências fantásticas em entretenimento e hospitalidade”. Manoel Carlos Cardoso, diretor de Experiência em Marketing e Vendas do resort, acredita que ser sustentável é sinônimo de mobilização, envolvendo sócios, acionistas, funcionários, hóspede e visitantes – no objetivo de contribuir para o desenvolvimento da região na qual estão instalados.
 
“Para isso, promovemos eco aulas junto às crianças da comunidade, treinamento para conscientização ambiental de funcionários e criamos um projeto para uma usina de compostagem e para a instalação de aterro sanitário próprio. Em 2010, somamos ao nosso grupo a Assessoria de Experiência em Meio Ambiente, que nasceu para fortalecer os trabalhos de gerenciamento ambiental. Isso é uma forma de mostrar que é possível promover o crescimento financeiro em equilíbrio com o meio ambiente e a sociedade”, articula Manoel Carlos Cardoso.
 
Ação estratégica
O gerente de Marketing do grupo Salinas, Fernando de Holanda, avalia que trabalhar com a sustentabilidade é uma ação até estratégica, argumentando saber o quão importante é o meio ambiente não só na questão mercadológica dos empreendimentos, mas também na vida das pessoas que se relacionam com o hotel.
 
Holanda conta que, nos últimos 12 meses, algumas medidas ganharam corpo, como a inclusão de políticas organizacionais a respeito da preservação do meio ambiente e controle do consumo; e a contratação de um biólogo para ministrar treinamentos com funcionários e hóspedes do Salinas. “Ele mapeou a fauna e a flora do resort, além de ter acompanhado os hóspedes nos passeios às piscinas naturais de Maragogi”, esclarece.
 
Outras ações também figuram no currículo sustentável do grupo Salinas. Holanda acrescenta que por meio da Associação de Hotéis e Pousadas de Maragogi e Japaratinga e apoio do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis) foi feita a normatização da exploração turística das piscinas naturais que se formam em Maragogi, que fazem parte da APA (Área de Proteção Ambiental) Costa dos Corais – maior unidade de conservação marinha do Brasil. O resultado foi a limitação do número de embarcações e passageiros que podem fazer a visita por dia, além da regulação dos preços.
 
A análise
O estudo da Anefac é realizado a partir de dados fornecidos pelos próprios países à ONU (Organização das Nações Unidas) e envolve, além de sustentabilidade, IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), saúde, educação, renda, desigualdade, pobreza, desigualdade de gênero e segurança.
 
Mesmo com a boa colocação em relação à sustentabilidade, o Brasil figura na 14ª posição no ranking geral e segue mesma pontuação no IDH e na saúde. Na educação a estrutura brasileira está na 12ª posição. No que tange à renda em comparação ao PIB (Produto Interno Bruto), o Brasil se encontra na 15ª posição. A desigualdade entre homens e mulheres mensurou que o País está na 16ª colocação.
(Dênis Matos)