Da Argentina
 
 
Com o salão lotado, somando mais de 80 pessoas, The Chic Experience – Luxury Travel and Hospitality Forum, realizado ontem (7) no Yacht Club Puerto Madero, em Buenos Aires, teve início por volta das 10h, com o painel O Viajante de Luxo, um cliente volátil e exigente.
 
O primeiro trabalho reuniu duas especialistas do segmento de luxo, Constanza (Connie) Sierra, diretora da Essentia Consulting, e Maita Barrenechea, diretora da Mai10, uma agência receptiva, e uma das profissionais mais respeitadas do segmento mundial de Luxo, com vários prêmios em seu currículo de mais de 29 anos de atividade.
 
Connie fez um comparativo dizendo: “Os hotéis do segmento corporativo têm o lema ‘localização, localização e localização’, referindo-se ao principal fator dos empreendimentos. “Já para o mercado de luxo, os empreendimentos precisam ter em mente ‘experiência, experiência, experiência’. É isso que atrai os viajantes desse segmento tão desejado”, explicou a executiva, que foi, antes de abrir sua consultoria há dois anos, diretora de Marketing de todas as marcas da Coca-Cola na Argentina.
 
Ela citou vários exemplos, inclusive dos tours de favela oferecidos no Brasil. “Os viajantes, principalmente os internacionais, querem ter experiências únicas – como poder se hospedar em um hotel boutique, mas ir num churrasco no meio da favela, dançar pagode e beber cerveja, e quem sabe até jantar no restaurante mais caro da cidade. Se não tivesse procura, esses tours não estariam no Trip Advisor”, salientou Connie.
 
A profissional apresentou também uma pesquisa desenvolvida com  exclusividade para o Chic Experience. “Conseguimos saber, por exemplo, que 88% dos turistas pesquisados viajam menos de 15 dias. Assim, cai por terra a antiga premissa de que a maioria preferia um período grande nas suas saídas”, mencionou. Ela disse também que a taxa de permanência média nos hotéis da cidade é de 2,7 dias e que 35% desejam agregar experiências culturais. A grande maioria quer enriquecimento, conhecer novos destinos e ter surpresas.
 
O turista de luxo procura por preços? Obviamente que sim. “Além disso, ele gosta das chamadas promoções Last Minute. Ele quer usufruir do melhor, mas nem por isso quer pagar caro. Mesmo assim, o fator preço é o quarto da lista”, revelou.
 
Definição boutique
Hotéis temáticos também são procurados pelos turistas como The Chocolate Hotel Boutique ou o Bed & Breakfast Boutique Hotel. E na realidade o que é um hotel boutique para esse turista? “O termo hotel boutique reflete um empreendimento pequeno, com design diferenciado, preferencialmente com a cultura local, gastronomia exclusiva e um ótimo serviço”, explicou.
 
E a tendência? “Hotéis que se preocupem com o meio ambiente, chamados ‘verdes’, serão bem valorizados. O conceito de luxo está mudando, e os empreendimentos precisam ir atrás das novidades”, finalizou.
 

Connie Sierra e Maita Barren
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(foto: Peter Kutuchian)
 
Pegando o gancho de Connie, Maita iniciou sua apresentação dizendo que a mudança do conceito de luxo basicamente influenciou as marcas. “Antes, o luxo era representado pelas marcas, ter um relógio Rolex, possuir ouro, ter uma Ferrari ou beber uma champagne cara, era o must. Hoje, o mais importante é onde e com quem você saboreia a bebida, em vez de comprar um carro veloz, pode alugar, ou seja, o que vale hoje é a experiência”, explicou a executiva, que foi a pioneira em criar em agência de luxo na Argentina.
 
Além disso, ela rececebeu os prêmios de Melhor Especialista de Viagens da Argentina pela Travel+Leisure, por cinco anos consecutivos. E por três, a Condé Nast Traveller a premiou como Uma das Melhores Experts de Turismo do Mundo. Quer mais? A Virtuoso, rede de agências do segmento luxo, concedeu-lhe o título Best of the Best in the World 2010 – Specialist in the Art of Travel.
 
Entre outras colocações, Maita finalizou a palestra dizendo que quem faz fama da marca hoje é o cliente. “Os tempos mudaram e, com as redes sociais e a interatividade dos clientes na internet, é muito fácil criar e mudar os conceitos, que antes estavam escritos com tinta e hoje estão on-line.”
(Peter Kutuchian)