Aeroporto de Congonhas, em São Paulo

(foto: infraero.gov.br)

O Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, foi inaugurado em 1936, quando o Campo Belo ainda era uma região afastada do centro comercial da capital paulista. Nestes 75 anos, tornou-se um dos centros de maior movimentação de pessoas. Por ali entram na cidade diariamente milhares de passageiros – em média 537 movimentações por dia, e a cada semestre 7 milhões de pessoas, de acordo com a Infraero. A zona Sul de São Paulo, onde está o aeroporto, é hoje uma localidade que reúne um pouco de tudo: de shopping, bares e restaurantes até centros de convenções e grandes prédios espelhados repletos de escritórios. Há algo para todos neste pedaço da cidade.
 
Para atender a demanda gerada por esta grande movimentação, há diversos equipamentos hoteleiros de diferentes categorias. E tal qual o entorno de muitos aeroportos no Brasil e no exterior, existem aqueles hotéis que se instalam há poucas ruas de distância do terminal aeroportuário, beneficiando-se do intenso vai-e-vem. São eles o Ibis São Paulo Congonhas, o Quality Suites Congonhas e o Transamérica Executive Congonhas.
 
Como é a rotina destes empreendimentos? Qual o perfil de seus hóspedes? Como lidam com a aparente dependência deste grande emissor? O Hôtelier News entrevistou seus gerentes para entender o dia a dia, as necessidades e as dificuldades dos hotéis no entorno do Aeroporto de Congonhas.
 
Por Juliana Bellegard
 
O mapa do SPCVB (São Paulo Convention & Visitors Bureau)
 mostra a localização dos hotéis
(imagem: destinosp.com.br)
 
O perfil de hóspede dos três hotéis é bastante semelhante, indo desde executivos em viagem de negócios até tripulações. “Pela quantidade de apartamentos, atuamos em vários segmentos: passageiros, companhia aérea (lay over e treinamentos), público do Centro de Exposições Imigrantes, hóspedes de negócios”, explica Fábio Alves de Souza, gerente geral do Quality Suites, ressaltando que também recebem walk-in quando a cidade tem muitos eventos e a hotelaria está saturada. A proximidade com o aeroporto faz com que esses empreendimentos também sejam a solução para o problema de muitos passageiros quando as pistas estão fechadas ou os voos são cancelados.
 
E o consenso das equipes é claro: mais do que em outros locais, quando se trabalha atendendo à demanda do aeroporto, o serviço tem que ser impecável. O cansaço gerado pela viagem e o estresse ocasional de perda de bagagem, voos atrasados ou cancelados, trânsito intransponível, mau tempo e outros contratempos faz com que o hóspede aqui seja muito mais exigente. Principalmente no que diz respeito à rapidez e à praticidade. “Aqui é surreal, tem gente entrando e saindo o dia todo. Por isso, investimos em treinamento e passamos para os colaboradores a importância de um bom atendimento”, diz Adriana Montenegro, gerente geral do Transamérica. “O hóspede demanda um serviço rápido”, concorda Souza, ressaltando que o hotel já está preparado para atender grandes demandas, frequentes em períodos de caos aéreo.
 
Na recepção do Transamérica Executive Congonhas
a equipe busca atender o hóspede prontamente
 (foto: arquivo HN)

 
A tripulação das companhias aéreas que operam em Congonhas configura uma grande parte da demanda nestas unidades. No Transamérica, por exemplo, eles constituem cerca de 40% do total de hóspedes. As parcerias feitas com os hotéis garantem aos pilotos, comissários de bordo e outros colaboradores hospedagem e também alimentação. “Oferecemos para eles uma condição diferenciada para alimentação. Muitos funcionários frequentam nosso restaurante em vez de optar pelos estabelecimentos do aeroporto. Estão entre nossos maiores clientes”, conta Claudemilson Dias Vieira, gerente geral do Ibis. Passando algum tempo nos lobbies destes hotéis, realmente é possível observar o intenso movimento de homens e mulheres muito bem arrumados, portando quepes e pequenas malas.

Como se diferenciar da concorrência
Estar lado a lado com o aeroporto também significa estar um ao lado do outro e, portanto, enfrentar uma certa concorrência. Por conta disso, além de disponibilizarem transfer até o terminal, os hotéis oferecem alguns serviços diferenciais para conquistar a preferência do hóspede. “No Ibis, praticamos uma tarifa de mercado, serviço de qualidade, check-in ágil. Para os executivos que têm voos agendados de manhã cedo, oferecemos café da manhã das 4h às 10h e também o café fora de hora até 12h”, diz Vieira.
 
No Quality, o gerente ressalta a característica de long stay do hotel.
“Oferecemos acomodações para hóspedes de long stay, empresas que enviam seus colaboradores par trabalhar em grandes projetos. Este público normalmente escolhe o Quality”, diz.

Adriana, por sua vez, aponta que o Transamérica oferece opções para o hóspede que tem um tempinho para conhecer a cidade. “Temos city tours temáticos, gratuitos, como passeio à noite pelos principais pontos turísticos de São Paulo, roteiros de compras aos sábados e city tour histórico aos domingos”, explica.

 

O restaurante do Ibis é bastante procurado pelas tripulações

(foto: divulgação)
 
Resultados
Desde 2009 até o início deste ano, os hotéis registraram bons resultados, reflexo do aquecimento tanto do turismo de lazer quanto da crescente demanda dos públicos de negócios e eventos. Souza relata que o Quality teve incremento de 26,8% em sua receita total de 2009 para 2010, primordialmente por conta do aumento da receita gerada pela hospedagem. Nos dois primeiros meses de 2011, o hotel já tinha números muito bons de ocupação: 60% em janeiro e 74% em fevereiro, uma grata surpresa em um período de pouca movimentação no setor business.
 
No Transamérica, os números também são bons. A gerente explica que, em 2010, o hotel teve ocupação média de 68,70%, e a diária média de janeiro de 2011 já foi 19,53% maior do que a praticada no mesmo período do ano passado. Claudemilson Vieira também afirma que os índices registrados pelo Ibis foram todos superiores aos resultados de 2010. O hotel teve ocupação de 61% em janeiro, com uma diária média de R$ 170,52 e ocupação média das salas de eventos de 60%.
 

Fábio Alves, gerente geral do Quality Congonhas
(foto: Juliana Bellegard)
 
Relação com o aeroporto
“Mundialmente, existem hotéis próximos de aeroportos, e a dependência sempre acontece. Diferentemente de Cumbica, que atende a cidade de Guarulhos, os empreendimentos ao lado de Congonhas existem por conta do aeroporto mesmo”, afirma Roberto Rotter, presidente do Fohb (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil). Os hotéis, no entanto, preferem colocar os hóspedes da aviação e os passageiros do terminal como clientes bastante importantes.
 
“O aeroporto tem uma importância significativa na nossa taxa de
hospedagem, porém não existe dependência nenhuma em relação a ele. Temos também em nosso hotel hóspedes que procuram ficar perto de importantes centros de convenções da cidade e até mesmos das principais vias de acesso de São Paulo, além de importantes centros de compras. Estamos a 5km do Shopping Morumbi e a 6km do Centro de Exposições Imigrantes”, explica Adriana, sobre o Transamérica.
 

Adriana Montenegro, gerente geral
do Transamérica Executive Congonhas
(foto: arquivo HN)
 
Outros nichos
Embora seja inegável que a vida destes hotéis gire em torno de Congonhas, existe uma gama de outros nichos de mercado a serem explorados. Quando o SPCVB (São Paulo Convnetion & Visitors Bureau) criou o projeto Destinos São Paulo, que divide a capital
em diferentes setores, incluiu o aeroporto dentro do Destino Ibirapuera/Moema. “Este destino tem, ao todo, 27 hotéis, cerca de 19% do share de todos os apartamentos de empreendimentos filiados ao SPCVB”, relata Annie Morrissey, presidente da entidade. Ela afirma, no entanto, que a região, assim como outros pontos da capital paulista, ainda sofre com a falta de quartos. “Lá é um ponto crítico”, diz.
 
Quem já está no mercado ainda tem, portanto, margem de crescimento e hóspedes para conquistar. O setor de eventos, por exemplo, é algo com que os três hotéis de Congonhas buscam trabalhar. “Recebemos muitos treinamentos, as empresas privilegiam o hotel na hora de fazer sua escolha”, diz Souza, explicando que o Quality tem sete salas modulares com capacidade para até 300 pessoas. O Transamérica e o Ibis também contam com estrutura para receber reuniões e eventos, e há um grande movimento deste público. “Temos trabalhado no contato direto com empresas e prospectado clientes dentro e fora de São Paulo”, explica Adriana, sobre o Transamérica.
 
Fachada do ibis São Paulo Congonhas
 
O público de lazer, que vem aos finais de semana para a capital paulista, é outro foco de ações de promoção. “Divulgamos o nosso hotel dentro do aeroporto para todos que passam por ali. Atendemos muita gente que vem a passeio ou mesmo para algum show aqui em São Paulo, e fica uma ou duas noites”, explica Vieira, sobre o Ibis. No Quality, a situação é semelhante: o hotel recebe os visitantes que vêm de fora para alguma atração da cidade. “Temos muitos grupos de lazer que vêm para o Hopi Hari ou para o Wet’n Wild, e usam aqui como base”, conta Souza. É inegável, no entanto, que as atenções continuam voltadas para o aeroporto. “Ficamos antenados no que acontece com as companhias aéreas, acompanhamos seus negócios. Eles ainda são clientes muito importantes, geram muito movimento”, conclui o gerente do Ibis.

 
Serviço