Sato: dois continentes e Rio-SP até chegar a Brasília

O paulista Rodrigo Sato, atual chef executivo do B Hotel, entrou no mundo da gastronomia por acaso. Em princípio, logo que saiu do ensino médio, passou no vestibular de Oceanografia da Universidade de Itajaí (SC). No terceiro ano do curso, contudo, surgiu a oportunidade dele mudar para o Japão. "Estava na fase de conhecer o mundo, viajar e fui trabalhar em uma empresa eletrônica. Fiquei durante três anos e viajei muito pela região. Conheci a Tailândia, Indonésia e o Camboja", relembra.

Foi nessas viagens que a comida e o aroma da gastronomia asiática chamou atenção de Sato. Do Japão foi para a Austrália, onde rapidamente encontrou um emprego para se manter. "Consegui uma vaga em um restaurante para lavar pratos. Percebi também que ganhava cinco vezes menos que o chef. Então, comecei a analisar o que ele fazia, porque queria ganhar bem também", conta.

Assim, ele terminava suas obrigações o mais rápido que podia para ficar do lado dele observando. "Tive sorte, porque ele sempre me atribuiu uma função dentro da cozinha. Seja para descascar legumes ou mesmo para trazer água. E assim fui caminhando… Depois de um tempo, como já estava muito tempo fora do Brasil, precisei voltar", explica.

Rodrigo Sato: oceano x cozinha

Sato ressalta também que, quando entrou para o mundo da cozinha, desistiu completamente do curso de Oceanografia. "Quando contei que iria desistir, minha família, a princípio, ficou surpresa. Depois ela aceitou tranquilamente, mas com a condição de voltar ao Brasil. Quando voltei fui fazer Gastronomia no Senac", conta.

Já no primeiro semestre, Sato conseguiu uma vaga de estagiário no Hotel Renaissance, em São Paulo. Ali, sua ascensão na cozinha foi rápida. Após três meses passou para terceiro cozinheiro. "Depois de mais 120 dias virei segundo cozinheiro e, um trimestre depois, já era o primeiro. Fui realmente apadrinhado pelo chef Ramiro Bertassin. Ele me pegou pela mão e disse que iria me desenvolver. Sou muito grato por isso, e ele sabe", rememora.

Bertassin recebeu o convite para assumir como chef executivo no JW Marriott Hotel Rio de Janeiro, convidando Sato para ser seu subchefe. "Aceitei e mudei para o Rio. Fiquei três anos por lá e, em janeiro, surgiu o B Hotel. Então, a mesma história se repetiu: Bertassin veio como chefe executivo e eu como subchefe executivo. Fizemos a implantação do B Hotel, criamos o cardápio juntos, todo esse processo de instalação da cozinha", explica.

Pouco depois, apareceu uma oportunidade para Bertassin em São Paulo e Sato viu que era a chance que tanto esperava para assumir como chef executivo. Assim, resolveu não seguir seu "tutor" "Já estou há um ano e meio em Brasília. Trabalhamos um ano de portas fechadas fazendo a implantação e, agora, o hotel está a todo o vapor há quase oito meses. Estamos bem felizes", revela.

Com 35 anos, Sato conta um pouco sobre a experiência no B Hotel – veja In Loco Especial aqui. "Temos a preocupação com os produtos orgânicos e naturais. O hotel possui um sítio que produz vegetais e alguns tipos de frutas direcionadas para o hotel. Trabalhamos com os produtos do cerrado e estamos vendo os valores que agregam e fazem sinergia com a expertise que já possuímos", explica.

Sustentabilidade no B Hotel

Sato diz que a horta, desenvolvida na fazenda, produz todas as folhagens e legumes como beterrabas e cenouras, além de pimentas, frutas e flores comestíveis, que são utilizadas na cozinha do B Hotel. "Além disso, todo o lixo orgânico que é retirado da cozinha é direcionado para fazenda. Lá é feita a compostagem e tudo é reutilizado nos canteiros, ou seja, todo adubo é orgânico. Já conseguimos fechar o ciclo do resíduo que vira compostagem para alimentar novamente. Em paralelo, estamos eliminando todo o resíduo sólido. Então, essa qualidade é insuperável", finaliza.

(*) Crédito da foto: Peter Kutuchian/Hotelier News