A Copa de 2010 acabou, mas o futebol continua sendo um dos assuntos mais discutidos no trade turístico – e nas muitas mesas de bar do país. Afinal, o Brasil é a nação sede do mundial de 2014, e, notadamente, há muito para se resolver até lá. Demanda hoteleira, transporte, infraestrutura e segurança são só algumas das áreas que devem estar 100% até a data do evento.
 
O mundial também é uma oportunidade de projetar, ainda mais, a economia brasileira para o resto do mundo, divulgar o solo tupiniquim como um destino pronto, capaz de receber turistas das melhores formas possíveis. Mas será que o país conseguirá? Teremos estádios suficientes? E o trânsito, os aeroportos, como ficarão?
 
O Hôtelier News conversou com representantes de diferentes entidades e consutorias especializadas para traçar um panorama do trabalho que já está sendo feito – e o que precisa ser melhorado até lá.

Por Dênis Matos, Juliana Albino e Juliana Bellegard
 
Estádio Major Antônio Couto Pereira, em Curitiba, uma das
cidades-sede do mundial, com capacidade para 37 mil pessoas
(fotos: pt.wikipedia.org)
 
Ives Muller, sócio da área de Gestão de Riscos Empresariais da Deloitte, responsável por projetos em grandes eventos esportivos, que auxiliou as cidades de Manaus (AM) e Cuiabá (MT) no processo de candidatura das cidades-sede para a Copa do Mundo de 2014, é enfático em dizer que: “A jornada apenas começou”.
 
“Com o término do evento na África, a Fifa passará a focalizar a atenção no acompanhamento das ações que já foram realizadas – ou estão em curso – nas 12 cidades escolhidas para sediar o mundial. Estes municípios têm o pleno conhecimento de todas as diretrizes e exigências do órgão que precisam ser colocadas em prática para receber o evento, incluindo a construção de novas arenas, as questões de infraestrutura como, por exemplo, transporte público, aeroportos, hotelaria, tecnologia da informação, segurança pública – entre outros. O Brasil passa por crescimento econômico e vive cenário que lhe permite entregar um evento de qualidade”, avalia Muller.
 
Ele ainda enfatiza que nenhum minuto mais pode ser desperdiçado. “O tempo para a preparação da Copa de 2014 é extremamente enxuto se considerarmos as obras de infraestrutura e demais projetos que precisam ser implementados, principalmente o fato de que algumas cidades serão candidatas a receber a Copa das Confederações em 2013. A própria Fifa tem feito comentários nessa direção, citando inclusive o fato de que o Brasil está atrasado em vários compromissos”, alerta.

 

Aeroporto Internacional de Manaus Eduardo Gomes:
 1,815 milhão de passageiros atendidos por ano
 
Rafael Guaspari, presidente do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb), diz que é possível citar diversas áreas que necessitam de grandes investimentos. “Acredito ser possível destacar duas: a infraestrutura de transportes (aeroportos, portos e, principalmente, a questão da mobilidade urbana) e a segurança (investimento em capacitação e qualificação dos profissionais, bem como novos equipamentos)”, opina. Especificamente no setor hoteleiro, Guaspari aponta que os principais focos são as áreas de capacitação e qualificação profissional. Ele aponta que a qualidade no atendimento deve ser melhorada, possibilitando a recepção de estrangeiros nos idiomas inglês e espanhol.
 
Álvaro Brito Bezerra de Mello, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH Nacional), faz leitura semelhante à do presidente do Fohb. “Nossa maior preocupação não é com os hotéis, mas sim com aeroportos. Até na China eles foram privatizados, e gostaríamos que isso ocorresse aqui, para se fazer uma obra condigna. A África do Sul também é outro exemplo, com aeroportos de primeiro mundo. Tudo feito com a iniciativa privada. Há muitas multinacionais que gostariam de assumir esta responsabilidade”, pondera.
 
Para Toni Sando, diretor superintendente do São Paulo Convention & Visitors Bureau (SPCVB), a análise da Copa é bastante clara. “Vemos três fases do evento: o trabalho em cima da infraestrutura, a capacitação dos profissionais e a promoção do evento”, explica. Ele concorda com a visão dos representantes do Fohb e da ABIH quanto à questão da infraestrutura, uma área que depende bastante do setor público e ainda precisa ser trabalhada com cuidado.
 
Sando entende que é essencial que o turista consiga circular facilmente dentro das cidades e de um destino para o outro. Isso garante não só a satisfação do visitante, sob o óculo do diretor do SPCVB, como também o incentiva a conhecer outras cidades próximas àquela em que ele está hospedado. Mesmo com essa preocupação, o executivo se diz ‘um otimista’. “Vejo em todos os lugares empresas, instituições e entidades se esforçando para que estejamos preparados para a Copa”.
 
Toni Sando, do SPCVB, fala sobre
infraestrutura e capacitação
(foto: arquivo HN) 
 
Segundo órgãos federais do turismo, medidas já vem sendo aplicadas para sanar os percalços do transporte. “A Matriz de Responsabilidades para a Copa do Mundo 2014 já foi assinada pelos três níveis de governo (federal, estadual e municipal) e estabelece os investimentos públicos e privados voltados à infraestrutura do Brasil. O Governo Federal já está executando um plano de investimento (direto ou com concessão de crédito) de R$ 20 bilhões. Nele, estão previstas aplicações em aeroportos, portos, mobilidade urbana, estádios e hotelaria”, afirma Marcelo Pedroso, diretor de Produtos e Destinos do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur).
 
Estádio Octávio Mangabeira, de Salvador,
atende até 80 mil torcedores

(fotos: pt.wikipedia.org) 
 
A Hotelaria
Falando especificamente do setor hoteleiro, Mello acredita que a movimentação deve ser amena. De acordo com ele, poucas cidades precisam de novos hotéis. Somente no Rio de Janeiro, estima-se, segundo o presidente da ABIH, que 35 mil quartos estejam disponíveis até 2014. “Hoje o Rio tem média de 25 mil unidades habitacionais. Otimistas dizem 28 mil. Temos que tomar cuidado com o perigo da grande oferta. Em Pequim ocorreu isso. Por isso, estamos apostando na política de analisar o mercado, de vê-lo crescer paulatinamente. Não vamos fazer loucuras para depois ficar com hotéis vazios”, mensura.
 
A análise é reconfirmada por Guaspari. “Uma das grandes preocupações das redes associadas na fase atual é que ocorra uma evolução desenfreada da oferta existente nas cidades-sede da Copa, prejudicando a rentabilidade de todos os empreendimentos do destino no futuro. O Fohb acredita que o planejamento neste momento é fundamental, para evitar que ocorra desequilíbrio acentuado entre oferta e demanda – como aconteceu no começo do século XXI”. 
 
A movimentação de turistas durante a Copa do Mundo pode ser um grande atrativo para que os investidores pensem em trabalhar na construção de novos empreendimentos. Gustavo Moura, senior associate da HVS, recomenda, no entanto, alguma cautela com esta euforia do mercado. Ele aponta exatamente o excesso de oferta como apenas um dos problemas. “A Copa irá ajudar a viabilizar alguns novos empreendimentos, mas não pode ser o único motivo pelo qual se abre um hotel”, avisa o executivo.
 
Muller também se preocupa com a construção desenfreada de  novos hotéis e destaca que é preciso seguir lógicas de viabilidade econômica e financeira destes empreendimentos no pós-Copa. “Não se pode realizar a construção de hotéis apenas com o intuito de receber os turistas que virão para o evento. Existe a necessidade de se analisar a ocupação destes hotéis ao término do evento, de forma a deixar um legado de infraestrutura hoteleira que possa continuar a ser utilizado em sua plenitude, evitando investimentos desnecessários e até mesmo inviáveis. Por isso a necessidade de divulgação do potencial turístico e da infraestrutura adequada das cidades sedes, atraindo públicos interno e externo cada vez maiores para esses destinos – de forma a manter a ocupação dos hotéis que vierem a ser construídos”.
 
Aeroporto Internacional Marechal Rondon,
 da cidade-sede Cuiabá, com estrutura
 para até 580 mil passageiros por ano
 
“Quem quer se beneficiar de alguma maneira da Copa deve estar preparado para entregar o projeto imediatamente, já licenciado e financeiramente viabilizado”, diz Moura, acrescentando que a construção de hotéis precisaria começar até o início de 2011, para que eles fossem abertos em 2013. Assim, haveria tempo de amadurecer o empreendimento e seus serviços e, posteriormente, em 2014, receber os turistas que viriam para o mundial. “Não é só a Copa que faz o sucesso do hotel. Deve-se olhar para seu produto, para o mercado, a localização, o projeto, diferentes aspectos”, conclui.
 
Segundo Luiz Barretto, ministro do Turismo, o Ministério do Turismo (MTur) vai articular linhas de crédito para a reforma e ampliação da capacidade do parque hoteleiro no país. “O papel do governo é induzir o desenvolvimento, criar mecanismos para fortalecer o empresariado. Por isso, no eixo da ‘hotelaria’, nossa proposta é criar mecanismos de concessão de crédito com prazos estendidos e taxa de juros especiais, que financiem a reforma, ampliação do parque hoteleiro das cidades-sede e destinos indutores, além da construção de novos hotéis”.
 
Luiz Barretto, ministro do Turismo
(foto: Sérgio Amaral/MTur) 
 
O ministro enfatiza que uma das iniciativas foi a criação da linha de crédito BNDES ProCopa Turismo, no valor de R$ 1 bilhão, que vai trabalhar os conceitos de Hotel Padrão, Hotel Eficiência Energética e Hotel Sustentável, estabelecendo regras diferenciadas para cada categoria. Além disso, também foram negociadas novas estratégias para utilização de recursos dos Fundos Constitucionais de Financiamento do Norte (FNO), Nordeste (FNE) e Centro-Oeste (FCO), em parceria com o Ministério da Integração Nacional, Banco da Amazônia, Banco do Nordeste e Banco do Brasil. 
  
O que gera ao país uma Copa do Mundo?
À revelia dos problemas com infraestrutura, muitos apontam que o mundial trará resultados positivos ao país. “Todos estão conscientes de que o Brasil vai ser visto por bilhões de pessoas por trinta dias. Tudo parou agora na África, e isto ocorrerá aqui. A vitrine brasileira já começou, após o final do mundial na África do Sul. Entre uma Copa e outra nós teremos outros jogos que já vão dar visibilidade. Hoje recebemos 5,4 milhões de turistas por ano. Esperamos que este número chegue a 8 milhões com a Copa de 2014”, estima o presidente da ABIH.
 
Falando em números de turistas estrangeiros, são esperados 600 mil turistas a mais durante a Copa de 2014. O objetivo é de que 25% das pessoas que venham para a Copa visitem outro destino turístico no país. É uma grande oportunidade para integração e aumento do fluxo dentro da América do Sul”, acredita Pedroso.
 
Estádio Olímpico Monumental de Porto Alegre:
 espaço para 45 mil torcedores
(fotos: pt.wikipedia.org)
 
José Eduardo de Souza Rodrigues, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Eventos de São Paulo (Abeoc-SP), diz que “os números indicam que a Fifa arrecadou mais de US$ 4 bilhões e bateu os recordes de 2006/2010, com vendas de direito de transmissão para mais de 400 emissoras no mundo e as propriedades de patrocínio para o grupo de patrocinadores de visão global”. Rodrigues adianta: “devem estar conosco 14 marcas de peso como Adidas, Coca Cola, Emirates, Visa, Sony, Hyundai, que já começaram a se movimentar e marcar suas posições na realização de eventos de ativação e de relacionamento. Também não é para menos considerando a estimativa de 30 bilhões de telespectadores contabilizados de olho na telinha nos 64 jogos, e a perspectiva de um público médio nos jogos do Brasil 2014 próximo de 60 mil pessoas”, explica.

 
O executivo também cita estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que aponta a geração de 3 milhões de empregos no país entre a Copa e as Olimpíadas – sendo 1 milhão só no setor de serviços, como o turismo. Somente no Rio de Janeiro estima-se 120 mil vagas até 2016 e uma aplicação de recursos de R$ 30 bilhões, o que representa cerca de 25% dos R$ 130 bilhões previstos como investimentos no país no período. Em São Paulo, fala-se de R$ 20 bilhões, e em Belo Horizonte algo em torno de R$ 1,4 bilhões com a geração estimada de 38 mil empregos.
 
Visibilidade turística

A demonstração do destino Brasil foi iniciada no mundial da África pela Embratur. O Instituto iniciou a campanha O Brasil te chama. Celebre a vida aqui, em Joanesburgo, demonstrando a jornalistas de diversos países os destinos tupiniquins.
 
“O objetivo da campanha é emocionar, impactar e motivar pessoas a realizarem suas viagens, de lazer ou de negócios, no Brasil. A campanha será exibida em cem países para cerca de 400 milhões de pessoas. O investimento alcança US$ 30 milhões até o final de 2010 – em ações que envolvem publicidade em TVs, jornais, revistas e catálogos internacionais de operadores turísticos, ações de relações públicas com a imprensa internacional, mídia na internet e mídias sociais, painéis em aeroportos e outdoors em 15 países, publicações e material promocional sobre as 12 cidades-sede da Copa de 2014, aplicativos para telefone celular e promoção em eventos turísticos em cerca de 30 países”, explica Pedroso.
 
Em parceria com a Embratur, o MTur deve alavancar ganhos de imagem e promoção nacional e internacional do país. “Apesar de o grupo das doze cidades ocupar lugar central nas estratégias de divulgação do Brasil no mundo, nos próximos quatro anos ele certamente não será o único foco. Haverá oportunidade para mostrar a diversidade natural e cultural dos quatro cantos do nosso país, já que muitos municípios sediarão centros de treinamento das seleções, promoverão funfests, e terão as suas estratégias peculiares para atrair turistas para o interior brasileiro”, adianta Barretto.
 
Capacitação
Além da infraestrutura, há outro aspecto do qual o país pode ser beneficiar a longo prazo: a qualificação da mão de obra. “Formar capital humano é contribuir para valorizar a imagem do Brasil, consolidando os atributos de um povo hospitaleiro e bem preparado para receber o turista. Então a boa notícia é também para os trabalhadores da cadeia produtiva do turismo, já que as oportunidades de qualificação profissional vão se multiplicar ao longo dos próximos quatro anos”, diz o ministro.
 
Até o final de 2013, o Ministério promete que profissionais de todo o país poderão acessar as 306 mil vagas ofertadas pelo programa Bem Receber Copa, realizado pelo MTur em parceria com as entidades de classe integrantes do Conselho Nacional de Turismo (CNT). Trabalhadores do receptivo turístico nos 65 destinos indutores são públicos-alvo dos cursos reservados às áreas de alimentação, meios de hospedagem, entretenimento, transporte aéreo regional e locação de automóveis. Além disso, o programa Olá, Turista!, criado e executado pelo MTur em parceria com a Fundação Roberto Marinho, oferecerá cursos online e gratuitos de inglês e espanhol.
 
“Profissionais qualificados vão abastecer a forte oferta de empregos que será desencadeada por esses dois eventos esportivos. Um estudo encomendado pelo Ministério do Esporte estima que os jogos olímpicos vão gerar mais de 2 milhões de postos de trabalho no país até 2027: 120 mil empregos por ano até a realização das Olimpíadas, e 130 mil anuais a partir de 2016. Essa massa qualificada vai atender, somente durante os 30 dias da Copa de 2014, cerca de 600 mil estrangeiros”, diz. O MTur estima que esse número represente mais de 10% do total de viajantes do exterior que o Brasil recebeu durante todo o ano de 2008. “Em 2016, a previsão é de que o aumento no número de turistas estrangeiros no Brasil seja de 10% a 15% superior ao que será registrado no ano anterior (2015)”, completa Barretto.

A capacitação dos profissionais também é um ponto que Sando ressalta como importante. “Trabalhamos constantemente o Programa Bem Receber, pensando exatamente em como o turista será tratado enquanto estiver aqui. Devemos começar o trabalho específico para a Copa no ano que vem. Todo programa de capacitação deve ser avaliado. Temos que treinar quem realmente irá atuar durante o evento. Quem treinamos hoje poderá, daqui quatro anos, estar em outro cargo”, esclarece ele. O trabalho do SPCVB, de acordo com o diretor, é de base, visando a perenidade do bom serviço oferecido ao turista.
 

Visão dos organizadores de eventos

Rodrigues afirma que o Brasil já sabe fazer eventos internacionais, mas é preciso melhorar os equipamentos, construir outros, além de criar novas formas para atender às novas tendências dos eventos esportivos e corporativos.
 
Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos, Governador
André Franco Montoro, um dos maiores do Brasil, atendendo
cerca de 16,5 milhões de passageiros por ano
 
 
“Estamos criando o Comitê de Eventos Esportivos, formado por representantes de vários setores de negócios, para nos dedicarmos a pensar nessa grande oportunidade que pode favorecer os organizadores de eventos, as empresas operadoras, as agências de turismo, os hotéis, os centros de convenção e as empresas de serviços para eventos. Vamos programar eventos de conscientização e avaliação, envolvendo os associados, as autoridades e o mercado, para discutir sobre o mundo de oportunidades que esse ciclo de crescimento que os eventos vão oferecer para as empresas associadas e para o mercado”, declara o representante da Abeoc.
 
Rodrigues adianta que “caso São Paulo seja escolhida para sediar o jogo de abertura, a cidade receberá também o Congresso da Fifa, que é um evento de grandes proporções mundiais”. 
  
Legado
“Os dois efeitos principais para o turismo são os avanços em infraestrutura e a grande exposição de imagem no mundo, por um longo período de tempo. Apenas durante a Copa, a audiência acumulada chega a 26 bilhões de pessoas, em 214 países. São quase 20 mil profissionais de mídia credenciados pela FIFA, e outros milhares que cobrem, sem credenciamento oficial, os bastidores e a movimentação das cidades. Então, os olhos do mundo ficarão voltados para o Brasil, e não apenas para as competições. Os grandes eventos esportivos são oportunidades únicas de mostrar ao mundo todas as diversidades culturais e naturais do País, com foco nos atrativos turísticos das cidades que receberão os jogos”, acredita Pedroso.

Seguindo a avaliação, Álvaro Bezerra de Mello também compartilha tal opinião. Para o presidente da ABIH, independente do mundial, o Brasil já consolidou uma imagem frente às nações dos seis continentes. “Nossa economia já está dando pulos, o país é um dos BRICs [bloco de países que se destacam pelo rápido desenvolvimento de suas economias, formado pelo Brasil, Rússia, Índia e China]. Esse conhecimento de Brasil já vem acontecendo com a nossa inflação domada. Somos respeitados no mundo. Isso é um legado que eu espero que continue com a Copa. O turismo está e continuará muito bem apesar da recessão mundial”, comenta.  

 
Muller já enfatiza que ‘legado’ é a palavra chave quando se fala em um evento como o mundial de futebol. “A Copa deve ser considerada como um vetor de antecipação de investimentos nas cidades brasileiras no que diz respeito a transporte público, sistema de saúde, telecomunicações, segurança pública, estradas, aeroportos entre outros. Estas áreas sofrerão investimentos e melhorias significativas que perdurarão após o evento para benefício da população destas localidades”, afirma.
 
E completa: “com relação à Copa do Mundo na África do Sul, os resultados até aqui obtidos indicam que seu papel foi cumprido de forma satisfatória, uma vez que não foram identificados problemas significativos para realização dos jogos e nenhum outro evento relevante que impactasse negativamente o andamento da Copa do Mundo. Mas ainda é necessário que sejam divulgados dados mais precisos com relação ao retorno financeiro face aos investimentos efetuados – para que se chegue a uma conclusão definitiva a respeito do sucesso do evento”, finaliza Muller.
 
“O legado que a Copa trará é maior do que o evento em si”, prevê Toni Sando. Para ele, é uma oportunidade de divulgar o destino Brasil e trazer cada vez mais eventos, inclusive estes de grande porte. “Quem é bem recebido num lugar sai com boa impressão e quer sempre voltar. É este impacto que temos que causar”, diz. Já Gustavo Moura aponta que a Copa irá refletir positivamente na própria estrutura dos empreendimentos. “Agora é a chance que muitos hotéis têm de se renovar, aproveitar o enorme incentivo do governo para melhorar sua estrutura. Estão sendo oferecidas diversas linhas de crédito para que se invista em reformas”, explica o consultor.
 
Copa sustentável

A Copa de 2014 também traz inovações com a criação do Comitê da Copa Sustentável. Para Muller, a questão da sustentabilidade tornou-se algo de vital importância na realização de grandes eventos.
 
“É imperativo que sejam realizadas ações sustentáveis para organização do evento de forma que não se prejudique o meio ambiente dentre estas ações destacam-se: construções de arenas com o menor impacto ambiental, com a reutilização de concreto proveniente da demolição dos estádios antigos; reaproveitamento de água de chuva para utilização no sistema de irrigação ou banheiros; ações que garantam a neutralização de Carbono (Carboneutralização) emitido em qualquer atividade para preparação do evento; entre o aproveitamento de outros recursos”, enfatiza o sócio da Deloitte.
 
A Abeoc também participará de uma forma sustentável, com a criação de uma Comissão de Estudo Especial de Gestão Sustentável de Eventos (ABNT/CEE 142), coordenada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) em conjunto com o British Standards Institute (BSI).
 
“O objetivo final é o desenvolvimento da futura Norma Internacional ISO 20121 – Sustainability in Event Management, esforço do qual já participam 22 países por meio de seus órgãos de normalização nacionais para a redação de um documento final. Esta comissão brasileira, da qual a Abeoc faz parte, atua neste momento como espelho do Committee Sustainability in Events Management (ISO/PC 25º) e colabora para a redação do documento final de aceitação global, a futura ISO 20121”, finaliza Rodrigues.
 
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