A fachada do hotel, que também foi reformada
(fotos: Thais Queiroz)

Passada a fase que deixou o Pestana Rio Atlantica completamente reformado, o hotel quer agora conquistar grande parte da nata corporativa que circula entre eventos e convenções pelos hotéis da bela orla carioca.

Em entrevista ao Hôtelier News, Pedro Reimão fala sobre esta fase em que a unidade se encontra. O executivo – que assumiu o cargo de diretor presidente do grupo no Brasil há poucos dias – revela que os R$ 18 milhões investidos deixaram as instalações completamente repaginadas. “Um hóspede que já conhecia certamente notará a diferença, principalmente nos apartamentos”.

A afirmação do profissional tem embasamento, já que as acomodações foram completamente reformadas. Algumas suítes deram origem a novos quartos, de forma que o hotel passasse de 216 para 247 unidades habitacionais; os pisos foram trocados; os banheiros reposicionados; mobília, equipamentos, e enxoval substituídos.

A reportagem apurou in loco tais mudanças, expectativas e projetos do Pestana Rio Atlantica – o primeiro dos nove meios de hospedagens do grupo lusitano no País que, a esta altura, se considera brasileiro.

Por Thais Queiroz*

A  nova varanda de um dos apartamentos

A reforma na estrutura do Pestana Rio Atlantica, assinada pelo arquiteto Jaime Moraes, foi feita por partes e durou pouco mais de um ano por conta de pequenas finalizações que terminaram por exceder o prazo previsto. O diretor presidente da rede no Brasil revela que a ideia inicial era deixar o hotel pronto para atender à demanda da Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável).

Seguindo as tendências de mercado, parte das obras foram tocadas com conceitos sustentáveis. No Rio Atlantica, eles basicamente se resumem à troca de lâmpadas por modelos mais econômicos – na estrutura do prédio e na fachada – e à implantação do sistema de reutilização da água. Isto deverá resultar numa economia de 30% em ambos os recursos.

“Foi um processo complexo, pois estávamos com uma demanda alta nos últimos meses, antes do final das obras, e tivemos que gerir esta situação. Os apartamentos tinham sempre um andar de intervalo para que os hóspedes não fossem incomodados com o barulho. As salas de eventos e de reuniões estavam sempre cheias. No final foi difícil, mas valeu a pena e todos aprovaram o resultado”, garante o executivo.

O hotel teve praticamente todas as áreas modernizadas de forma que a luz natural pudesse ser aproveitada ao máximo. Os carpetes foram retirados de todos os ambientes e a nova decoração utiliza cores claras, espelhos e madeira – deixando as áreas mais arejadas e modernas.

Recursos do BNDES?
Questionado sobre o orçamento do projeto, Reimão relembra que a ideia era contar com incentivo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento). “Este é um assunto de enorme frustração para nós”, lamenta.

Ele explica que o projeto e o valor previsto estavam inicialmente aprovados, mas as burocracias terminaram por impedir que o trâmite fosse concluído. “Chegamos à conclusão de que a situação era tão penosa para nós, que decidimos não continuar”. O diretor critica tais processos e diz que, mesmo após dez anos no País e nove empreendimentos, o grupo ainda seja tratado como estrangeiro pelas leis nacionais.

Resumindo, o grupo arcou sozinho com os custos.

Estrutura
Desta forma, os apartamentos foram redecorados, ganharam novas varandas, camas, mobília, pisos e televisores. Os banheiros também passaram por transformações para o melhor aproveitamento do espaço. Com todas estas mudanças, o número de suítes foi para 247.

A área de convenções também foi ampliada e reformada por inteiro. O espaço passou a oferecer 19 salas em três andares diferentes, reunindo até 220 pessoas. Algumas delas possuem estrutura de vidro, permitindo a entrada de luz natural, além de novas áreas abertas, com vista para o mar. Os equipamentos e o sistema audiovisual também foram substituídos por modelos modernos. Durante a visita, todas as salas estavam ocupadas com eventos.

A piscina do hotel, localizada na cobertura do prédio, ganhou um novo bar e um spa da marca Shishindo. O local será aberto aos passantes e contará um a DJ Adriana Carvalho que será responsável pelo som de quinta à sábado.

Segundo o executivo, o espaço deverá se tornar um dos pontos de entretenimento da orla carioca. “A ideia inicial foi fazer com que os clientes percebessem mudanças em cada detalhe do hotel: no piso, no conforto das camas, na qualidade dos equipamentos dos apartamentos e do centro de eventos, na decoração clean. Não usamos conceitos de ostentação e sim de bom gosto”, explica.

O edifício
Vale citar que o prédio hoje ocupado pelo hotel abrigou, nos anos 1980, um cinema. Em 1999, foi comprado pela Rede Globo, que transformou as instalações em uma espécie de hospedagem para artistas e funcionários das produções de seus programas. Em meados de 2002, o grupo Pestana se tornou proprietário do empreendimento.

O diretor ressalta que as outras unidades brasileiras da rede deverão também passar por obras de revitalização, de acordo com o tempo de uso.


Os corredores ganharam mais
visibilidade com a nova iluminação

Demanda e tarifas
Para Pedro Reimão, o hotel se destaca entre os tantos outros existentes na orla e entorno de Copacabana, tanto em estrutura quanto em serviços. Ele revela que, assim como esperado, a demanda corporativa completa a ocupação dos quartos e salas de eventos na semana. Durante feriados e finais de semana, o público de lazer entra em cena.

Ainda que o contexto seja de hóspedes com objetivos diferentes, o diretor geral afirma que em comum está o poder aquisitivo deste público. Entre estrangeiros e brasileiros, os hóspedes formam um grande grupo que compõe pessoas abastadas, que opta e que não se preocupa em pagar por serviços de luxo.

Prova disto é a concorrência apontada por Patrícia Reimão, diretora de Marketing do grupo no Brasil, para a reserva das suítes mais luxuosas, inclusive a presidencial.

Por conta desta demanda existente, o mercado hoteleiro terminou por aumentar as tarifas, o que ocasionou questionamentos por parte de autoridades do setor. Pesquisas mostram que as capitais São Paulo e Rio de Janeiro passaram a praticar uma das mais altas diárias médias do mundo.

Um estudo realizado pela CWT (Carlson Wagonlit Travel), por exemplo, apontou que os hotéis brasileiros sofreram aumento de mais de 20% no início deste ano, e de até 34,1% no segundo semestre, em comparação com o ano de 2011.

Durante a Rio+20, ocorrida entre os dias 20 e 22 de junho, uma briga judicial envolveu o setor e entidades hoteleiras cariocas. O motivo? Tarifas abusivas.

Ações foram movidas, de ambas as partes, mas a última palavra ficou com o Poder Judiciário: os hotéis tiveram que reduzir as diárias entre 25 a 60% em relação ao que vinha sendo praticado; os valores já pagos foram ressarcidos aos hóspedes; foi proibida a venda de pacotes com mínimo de dias, como vinha sendo feito; e a Terramar, agência operadora do evento selecionada em licitação, abriu mão da comissão cobrada de delegações estrangeiras, o que representava cerca de 25% dos preços.

Em meio a este cenário, o diretor presidente da cadeia hoteleira defende que o Pestana Rio passou longe da polêmica, uma vez que o hotel estava em reforma, operando apenas com parte dos apartamentos. Ele revela que o empreendimento praticou as mesmas tarifas cobradas em grandes eventos e feriados e que, por política estabelecida pela rede portuguesa, não cederia às pressões para cobrar preços abusivos, se fosse o caso.

Por outro lado, ele incentiva o reajuste das diárias e dos serviços. Seu argumento tem como base os altos impostos, os períodos de baixa temporada e a concorrência, principalmente nas grandes capitais brasileiras.

“Somos os donos literais de nossos resultados”
A rede lusitana soma nove hotéis no País, todos construídos com verba da própria marca: Rio Atlantica e Angra dos Reis, no Rio de Janeiro; Salvador, Convento do Carmo e Bahia, no Estado baiano; Curitiba, no Paraná; Natal, no Rio Grande do Norte; São Luis, no Maranhão; e em São Paulo, capital.

“Somos os donos literais dos nossos resultados, que são muito positivos, e isto nos dá liberdade e segurança para planejar novas expansões”, diz o diretor.

 O novo bar da piscina, que conta com DJ residente e é aberto ao público

Apesar de ser lusitano, o grupo no Brasil preza por contratar mão de obra local, mesmo para os cargos mais altos. De acordo com Pedro Reimão, este é um hábito que certamente resulta no maior rendimento do hotel.

“Trazemos a experiência e as políticas do grupo de Portugal e realizamos o treinamento com os locais. No entanto, após este processo, procuramos intervir o mínimo possível no dia a dia”, completa.

Questionado sobre a oferta de mão de obra brasileira, ele afirma que o mercado está aquecido e que isto resulta na dificuldade de contratação, principalmente para cargos operacionais.

Por outro lado ele revela que a principal frustração do grupo Pestana é não conseguir pagar o que seria um salário justo por conta dos impostos cobrados. “Grande parte do salário é retido, e isto é um problema tanto para o empregador quanto para o empregado”.

O executivo revela que em Portugal ambas as partes preferem a terceirização, já que neste modelo os impostos são menores.

Flerte com os independentes
Sobre projetos futuros, o presidente nacional destaca que os próximos planos são de reformas nas unidades já existentes, mas o grupo também estuda meios de lançar um programa para gerenciar hotéis independentes, além de adotar aqui o uso de cartões fidelidade já implantados nas cerca de 90 unidades Pestana em território internacional.

“Gerenciar hotéis é uma forma de espalhar nossa bandeira em outras regiões brasileiras. Como já temos empreendimentos próprios, seria interessante abrir novos modelos de gestão”.

Em suma, o executivo destaca as três fases que resumem a história do Pestana no Brasil: crescimento, consolidação da marca e, por fim, a expansão, que após a implantação dos nove hotéis seguirá, a partir do início do próximo ano, por meio da administração de outros empreendimentos.

Serviço
www.pestana.com