Rafael Guaspari, presidente, e Ana Maria Biselli,
diretora executiva, ambos do Fohb
(fotos: Fernando Chirotto, arquivo HN e divulgação)

Como já anunciado, o Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb) conta com uma nova diretora executiva: Ana Maria Biselli. “Sabia que meu nome estava entre os possíveis substitutos do André (Pousada), mas admito que foi uma surpresa muito agradável”, revela.

Nascida na capital paulista, Ana é formada em Hotelaria pelo Senac e possui especialização em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), onde também conclui o Mestrado Acadêmico. A executiva começou sua carreira na BSH International, atuando no departamento de desenvolvimento de Projetos.

Após cinco anos na empresa, Ana voltou para a instituição onde se formou. “Assumi a coordenação da Consultoria do Senac e comecei a dar aula de desenvolvimento de Projetos Hoteleiros, além de também lecionar sobre Administração aplicada à Hotelaria”, conta. A executiva também passou pela Qualta Resorts, na qual foi responsável pela área hoteleira.

Agora, além de ministrar aulas de Bacharelado em Hotelaria e o curso de Tópicos Contemporâneos, ambos pelo Senac, assume a responsabilidade de atuar em uma das principais entidades hoteleiras do país. Acompanhada por Rafael Guaspari, presidente do Fohb, Ana falou com o Hôtelier News sobre os planos para o novo cargo, além de comentar o desempenho hoteleiro em 2009.

Confira abaixo a conversa com os executivos, que abordaram questões já conhecidas e novidades sobre a entidade.

 
Por Fernando Chirotto

 

Hôtelier News: Como será sua atuação no Fohb?

Ana Maria Biselli: Eu pretendo dar continuidade ao trabalho do André Pousada, que sempre foi muito elogiado, e
obviamente pretendo dar meu “tom” à entidade, visto que cada pessoa é diferente. Espero contribuir com as experiências que tive até então. Tenho bastante conhecimento na área acadêmica e  consultoria e, neste momento de preparação para a Copa do Mundo, espero atuar nos projetos de qualificação profissional, que é nosso principal foco.

Como segundo plano, pretendo ajudar na evolução das pesquisas estatísticas. Há dez anos não havia praticamente nada neste caráter e o Fohb teve uma participação gigantesca neste processo, o qual quero aperfeiçoar. Também pretendo aproximar a entidade do poder público.

HN: Como foi a escolha da nova diretora?
Rafael Guaspari: O trabalho de recrutar nossos diretores executivos tem sido bastante agradável. Primeiro foi o Abel (Castro), que hoje está na Accor, a quem o Fohb deu uma visibilidade interessantíssima no mercado. O segundo foi o André, que ficou conosco por quase três anos e conseguiu fazer um trabalho sensacional, tanto que foi contratado por uma outra associação e hoje (16) já está na Alemanha a trabalho.

Eu tenho certeza que a Ana Maria também terá uma carreira interessante e, seguramente, vai crescer profissionalmente conosco, que é nosso objetivo. Além disso, ela tem uma caractéristica que hoje é muito importante para nós: o foco em consultoria e área acadêmica.

HN: Qual é o principal projeto do Fohb para o futuro?
Guaspari: Hoje, nosso grande projeto, o qual eu espero acabar antes de abandonar a presidência do Fohb (em 2010), é o curso de educação a distância – clique aqui para ler a notícia.

Acho que a Ana tem muito a colaborar nesta questão, a qual todos os associados entendem como fundamental. O maior desafio que nós temos atualmente no Brasil é a educação, visto que, enquanto não capacitarmos nossas crianças, não resolveremos problemas como segurança, marginalidade e baixo nível profissional.

Hoje devemos ter 120 mil colaboradores ligados aos hotéis do Fohb, entre diretos e indiretos. Ao atuar na formação destes, acredito que faremos um trabalho muito importante para nosso país.

HN: Já existe uma data para o lançamento oficial deste projeto?

Guaspari: Nós sabemos que vamos implantar, como e quando ainda não fazemos ideia. Já estamos trabalhando com alguns bons parceiros e, provavelmente, os dois primeiros cursos já serão focados na Copa do Mundo, abordando a formação básica em inglês e espanhol. Também pensamos em complementar com diversas outras atividades, direcionadas para camareiras, garçons, controller, entre outros.
 
Queremos preparar a base de toda a nossa cadeia de colaboradores.

HN: Ana, sua formação e experiência na área acadêmica aparece como um de seus principais atributos. Por meio desta experiência, você pretende inovar ou mudar alguma coisa na direção da entidade?
Ana Maria: Em time que está ganhando, não se mexe (risos). A ideia é aperfeiçoar. Acabei de chegar, ainda estou sentindo o ambiente e, se algumas coisas precisarem ser modificadas, é claro que serão.

Como eu disse, o André fez um trabalho muito bom, o qual eu pretendo continuar.

Guaspari: É importante citar que a Ana é um “namoro” antigo nosso. Quando estávamos recrutando o André, durante o processo ela apareceu como uma segunda alternativa.

Ana Maria: Uma curiosidade é que, quando eu iniciei no Fohb, em 1º de setembro, me dei conta que havia completado exatamente dez anos de trabalho, visto que comecei em 1º de setembro de 1999.

Guaspari: Está começando um novo ciclo, em uma nova década (risos).

HN: No ano passado, uma questão muito discutida entre o trade, sobretudo pelo Fohb, foi o fim do faturamento de diárias. Como está o projeto? Evoluiu ou estagnou?
Guaspari: O fim do faturamento é um processo. Faltam ainda algumas ferramentas nas quais estamos trabalhando para que isto possa acontecer mais depressa. O fim do faturamento é dividido em começo, implantação e resultado. Hoje, estamos na implantação, mas temos certeza que chegaremos nos resultados. 

Contudo, se você perguntar se a evolução do processo está dentro do que nós esperávamos, posso dizer que está mais devagar.

HN: Não há adesão por parte das redes?
Guaspari: Está devagar. Existe a adesão, mas ainda estamos criando as ferramentas necessárias para que o faturamento acabe.

 
 

                      

HN: Outro assunto muito discutido, que inclusive gerou polêmica entre o trade, foi a questão dos flats em São Paulo. Como está o projeto de regulamentação?
Guaspari: Continuamos trabalhando. Já sensibilizamos o prefeito (Gilberto Kassab), o secretário da Justiça, o presidente da SPTuris (Caio Luiz de Carvalho) e falamos com vários vereadores.

A verdade é que, em algum momento, os flats serão regularizados. É algo irreversível, visto que São Paulo tem 42 mil quartos hoteleiros de qualidade dos quais 30 mil são de apart-hotéis, ou seja, 70% da oferta da cidade.

Eventualmente, se nós resolvermos que todos os flats sem alvará devem ser fechados, São Paulo perde toda a capacidade de receber pessoas que vem para trabalhar, se divertir, buscar opções de lazer gastronômico, cultural e ecumênico, entre outros. Além disso, perdemos também na questão das feiras, visto que 70% das nacionais acontecem na cidade.

Hoje, São Paulo tem uma posição de absoluto destaque em todos os segmentos do turismo, a qual também se deve ao grande número de bons apartamentos que temos. Nós tínhamos um produto que era legalizado e, entre novembro de 2004 e janeiro de 2005, os vereadores resolveram mudar a Lei de Uso e Ocupação de Solo, jogando 140 propriedades em um “limbo jurídico”.

HN: Com tantos pontos positivos em relação aos flats, por que é tão díficil a conscientização sobre a regularização?
Guaspari: Prefiro não comentar. Se formos pensar em benefícios à cidade, qualquer pessoa que queira o melhor para o destino, incluindo aspectos como desenvolvimento do turismo, nível de arrecadação, empregos e destaque nacional e internacional, vai entender o papel dos flats em São Paulo.

HN: Vamos falar sobre a hotelaria em 2009. Analisando o estudo feito pelo Fohb – clique aqui para visualizar -, identificamos que o segmento econômico foi o menos prejudicado durante o primeiro semestre. Este comportamento do mercado ocorreu pelo próprio crescimento da categoria ou foi motivado pela crise?
Ana Maria: De fato, o segmento vem crescendo há alguns anos, mas também notamos uma migração. O hóspede corporativo não para de viajar, apenas muda para hotéis mais econômicos.
Mesmo assim, pelo fato de todo o mercado estar retraído, o crescimento de RevPar da hotelaria econômica (2,53%) foi pequeno.

HN: O estudo também aponta uma alta na diária média dos segmentos midscale e upscale, os quais tiveram uma queda proporcional de ocupação. Como você analisa o comportamento destas duas categorias?

Ana Maria: Depois do boom hoteleiro que aconteceu em São Paulo, os hotéis vêm recuperando suas diárias ano a ano. O mercado aprendeu que menor preço não garante hóspedes. As redes tiveram uma estratégia muito interessante ao manter as diária planejadas para 2009, visto que, ao final do primeiro semestre, tiveram uma retração mínima em relação a 2008, que foi um ano excepcional para todo o mercado.

HN: Segundo pesquisa da HVS, haverá uma retração de 3% na demanda hoteleira até o final de 2009. Como você vê o próximo ano?
Ana Maria: Esperamos um 2010 bem melhor. A economia já vem melhorando e a hotelaria está atrelada à este cenário.

Além disso, se compararmos a outros mercados, o Brasil sofreu pouco com a crise. Na Europa, por exemplo, a situação foi bem pior. Isto também nos faz pensar em um mercado melhor para o próximo ano.

HN: O Fohb está procurando novos associados para 2010? Guaspari: O Fohb está sempre aberto para qualquer empresa que atenda às condições mínimas de adesão ao nosso Fórum.

Contudo, não estamos procurando associados. A adesão deve ser voluntária e nós precisamos de participantes ativos, que venham para somar conosco, ajudando em todos os nossos eixos de trabalho. Além disso, estamos com um bom corpo associativo dentro da entidade, o qual é bem engajado e está conseguindo uma série de coisas para o setor.

HN: Quais são os requisitos para uma rede se associar?
Guaspari: O associado tem que ser uma rede hoteleira e ter um número mínimo de 70 “pontos”, calculados pela contagem de hotéis, cidades e novos empreendimentos – em implantação -, dentre outros.

HN: Faça um balanço de sua gestão na presidência do Fohb.
Guaspari:
Tivemos uma fase muito forte de consolidação do Fohb. Conseguimos unir o setor, nos aproximando da ABIH e órgãos públicos, entre outros. Além disso, nos aproximamos também do setor executivo. Toda essa união ajuda muito o mercado hoteleiro.

HN: Para finalizar, Ana, qual é o maior desafio que você espera enfrentar como diretora do Fohb?
Ana Maria: Olha, acredito que será a falta de tempo (risos). Como ainda continuo no Senac, ficarei com a agenda muito atribulada. Porém, já conhecia a equipe e não terei dificuldades neste ponto. Além disso, o fato do Fohb ser uma entidade reconhecida pelo mercado facilita, visto que todos sabem do bom trabalho realizado.

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