Clóvis Dal’Castel
(fotos: Thais Medina)

Gaúcho de Caxias do Sul, Clóvis Dal’Castel trabalhou por 17 anos na Accor Hospitality. Sua ascensão na carreira foi rápida: com apenas 24 anos já era gerente geral de uma unidade Novotel em Encarnación, no Paraguai, cujo público-alvo eram os argentinos. Além disso, trabalhou também na Austrália e, no Brasil, em destinos como Rio Grande do Norte, Amapá, Amazonas, São Paulo – interior, capital e litoral -, Mato Grosso do Sul e Paraná.

Ocupando há cerca de quatro meses o cargo de gerente geral do Four Points by Sheraton Curitiba, unidade da Atlantica Hotels localizada no Paraná, o executivo de 47 anos é graduado pela Castelli Escola Superior de Hotelaria e já estudou em um curso de especialização em Hotelaria em Sidney, na Austrália, além de ter MBA em Gestão empresarial pelo Instituto Nacional de Pós-Graduação. Sua experiência inclui ainda passagens pelas redes Starwood, Accor e Chalanger.

Confira a seguir uma entrevista exclusiva com o gerente que já atua há 27 anos na hotelaria.

Por Thais Medina

Hôtelier News: Como está sendo o desempenho do mercado hoteleiro curitibano este ano?
Clóvis Dal’Castel: Embora tenham acontecido alguns eventos pontuais em Curitiba, o desempenho não
será melhor que o registrado em 2006, considerado excepcional – a queda do período para 2007 no número de eventos foi de 20%. É importante afirmar que a crise aérea que vivenciamos não afetou a realização dos encontros programados a não ser nos dias críticos do caos. Também temos que levar em consideração que grandes feiras e congressos são bienais, por isso acreditamos muito nos números do próximo ano.

HN: Como estão a ocupação e a diária média do empreendimento?
Dal’Castel: No acumulado do ano a ocupação gira em torno de 55%. Já em 2006, considerado um ano bastante atípico, o índice ultrapassou 60%.

Em relação à diária média, registramos incremento de cerca de 20% em 2007 em relação ao ano passado. A taxa já ultrapassa R$ 200 e é a maior de Curitiba. Atingimos esse valor pelo padrão internacional que oferecemos, no qual agregamos serviços. O hóspede aqui é mimado o tempo todo, recebendo desde suco de laranja fresco durante o check-in à torta de maçã quente no apartamento como cortesia. Infra-estrutura todo mundo tem. O que diferencia um empreendimento do outro são o serviço e o bom atendimento.

HN:  Que tipos de treinamento são oferecidos aos colaboradores?
Dal’Castel: Atualmente contamos com 95 colaboradores para o trabalho em 165 apartamentos. Para eles oferecemos o
e-learning, realizado via internet e em tempo real para todos os profissionais da rede Atlantica – o grupo administra a marca Four Points by Sheraton no Brasil -, e treinamentos presenciais pelo menos de três em três meses. Há ainda o Train the trainer, destinado aos cargos de chefia, porém com poder multiplicador, afinal todo chefe é um formador e o aprendizado deve ser constante e contínuo.

  

HN: O que é preciso para um profissional se destacar na hotelaria?
Dal’Castel: Hoje em dia há boa oferta de profissionais no trade, mas é preciso que essas pessoas estejam
prontas para se adaptar à cultura de serviços da empresa. Para tanto, a formação de mão-de-obra é muito importante e é motivante saber que a companhia está preocupada com a sua qualificação, já que trata-se de uma aquisição que vai ser levada para o resto da vida. Este é o caso da Atlantica, que investe bastante em seus colaboradores, oferecendo treinamento e oportunidades de crescimento na carreira.

HN: Como o Sheraton reagiu ao boom hoteleiro sofrido por Curitiba?
Dal’Castel: Considero que houve um boom no Brasil todo. São Paulo mesmo teve queda em suas diárias e
fechamento de hotéis pelo excesso de oferta e pela falta de demanda suficiente. Em Curitiba houve aumento do número de empreendimentos para atender à demanda de executivos empresas de tecnologia. Gradativamente a procura vem crescendo e a situação se normalizando.

  

HN: Quais as características dos hóspedes do empreendimento?
Dal’Castel: Cerca de 45% dos nossos clientes são representados por estrangeiros, principalmente dos Estados Unidos, da Europa e da América Latina. O restante é composto por visitantes de São Paulo, da região Sul e do restante do país.

HN: Há espaço para mais empreendimentos no mercado local?
Dal’Castel: Levando em conta a demanda atual, não há espaço para novas unidades hoteleiras. Os estabelecimentos que entrarem agora no mercado terão que disputar com as opções consolidadas, já que a oferta atual é de muito bons hotéis. Além disso, terão que lidar com uma tarifa mais baixa do que deveria ser e que precisa ser aumentada.

HN: Foi realizada alguma reforma recente no Sheraton?
Dal’Castel: Houve investimento de R$ 1,2 milhão em reformas para a adequação do empreendimento à marca. Além disso, foram gastos mais R$ 300 mil em reformulações nas salas de convenções, em novas camas e na inclusão de cafeteiras nos apartamentos.

   

HN: Quais as diferenças notadas por você na hotelaria nacional em relação à do exterior?
Dal’Castel: O desenvolvimento do setor no Brasil está engatinhando em relação ao internacional, porém contamos com um aspecto muito importante: mão-de-obra. O país tem um dos melhores serviços da América Latina, com grande vantagem em relação a outros destinos. Os colaboradores dos hotéis daqui são alegres, simpáticos, sabem acolher e não deixam nada a desejar em serviços e produtos.

HN: A ‘vida de cigano’ da hotelaria te incomoda?
Dal’Castel: Já me acostumei em não viver muito tempo em um mesmo lugar. Já me mudei 14 vezes. Sou casado com uma paraguaia e tenho três filhos, cada um deles nascido em um destino diferente: Austrália, Paraguai e Mato Grosso do Sul.

HN: Que dica você deixa para os estudantes e profissionais que estão começando a atuar no trade agora?
Dal’Castel: A Atlantica trabalha muito com estagiários. Apenas no Sheraton há oito estudantes de faculdades de Hotelaria e Administração hoteleira de Curitiba. A mensagem que deixo é que essas pessoas tenham persistência e perseverança. As oportunidades existem e aparecem com o tempo, o aperfeiçoamento e a maturidade na carreira. Os profissionais têm muita pressa, acham que vão sair da universidade já como gerentes, mas isso não acontece. Existe um processo importante para o sucesso.

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