por Claudio Schapochnik*

 

O edifício da família Mofarrej na alameda Santos e em frente à bucólica praça Alexandre de Gusmão, em São Paulo, desde que foi inaugurado em 1985 foi um empreendimento hoteleiro. O prédio passou por vários momentos e foi testemunha de diversas mudanças na hotelaria nacional e internacional. A última foi a troca de bandeiras. Até 30 de abril, estava por lá a Starwood, dona da marca Sheraton. Em 1 de maio deste ano a espanhola Sol Meliá Hotels & Resorts assumiu a administração, e a cidade ganhou o Gran Meliá Mofarrej. As mudanças apenas começaram e prometem transformar o hotel. A batuta está a cargo do experiente e simpático diretor geral Jaime Valdes e da família Mofarrej.

Jaime Valdes

O hotel começou a operar em 1985 e sempre foi um cinco estrelas. Até 30 de abril de 2003, chamava-se Sheraton Mofarrej Hotel. Os empreendedores e administradores foram os pioneiros de um glamuroso e importante corredor da hotelaria de luxo na capital paulista. Anos mais tarde chegaram ao endereço o InterContinental (1996), Renaissance (1997) e o Golden Tulip Paulista Plaza (1999).
O Sheraton Mofarrej Hotel abriu as portas sob a administração da empresa ITT Sheraton. Anos mais tarde, a marca foi comprada pelo grupo hoteleiro Starwood ? dono também das bandeiras Westin, Four Points by Sheraton, The Luxury Collection, St. Regis e W.
Nessa trajetória de 16 anos, o Sheraton Mofarrej passou pelos mais variados momentos: pegou o momento de grande movimento na hotelaria paulistana, passou por diversos planos econômicos, várias moedas e crises, viu os flats avançarem, acompanhou a chegada de novas redes internacionais e também enfrenta a crise que passa a hotelaria na cidade.
A última renovação ocorreu em 1998. Agora, o desafio é transformar o hotel e deixá-lo de acordo com o standard da Sol Meliá para a bandeira top da rede, a Gran Meliá. Foi nesse contexto que o Hôtelier News visitou o hotel nos dias 12 e 13 de julho e que agora relatamos. Paulo Nogueira, diretor de Engenheira, nos acompanhou no site-inspection. É o profissional que melhor conhece o edifício. Entrou para o Sheraton Rio em 1989 e veio para o Sheraton Mofarrej em 1992. Ficou até 30 de abril de 2003 e desligou-se da rede norte-americana e está de casa nova, na Sol Meliá, no novo Gran Meliá Mofarrej.

 


Fachada do Hotel

 

Chegada e check-in
Eram 17 horas quando cheguei ao hotel. Caminhando em direção à entrada, a primeira mudança à vista: o capacho e o logo atualizados com o novo nome do hotel. Atencioso e ?ligado?, o bell boy assim que viu a chegada do jornalista com uma pequena mala já foi se aproximando e a levou até a recepção.

O check-in foi rápido e tranqüilo. Causou-me surpresa o uso ainda de chaves e não do cartão magnético. As chaves não tinham (por questões de segurança) o número do apartamento. Estava no 1004. Na reserva, o meu sobrenome estava escrito de forma incorreta e, apesar de tê-lo escrito corretamente na ficha, a recepcionista copiou no cartão com as chaves como estava na reserva. Mas não fiz nenhuma observação. O sobrenome é complicado mesmo…

O cartão tem informações úteis e completas ? como o café da manhã (lugar, horário e localização) e os horários de check-in e check-out.

 


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   Logo do Hotel

 

Lobby: de lay-out novo

O lobby está completamente renovado. Quem conhecia na época do Sheraton, vai encontrar diversas mudanças. ?A idéia é dar amplitude ao lugar, torná-lo mais aberto?, contou Paulo Nogueira. A mesa com o belo arranjo de flores foi tirada. Apenas o tapete permanece. Em compensação, pode-se ver diversos vasos com bromélias espalhados pelo local.

Do lado esquerdo para quem entra, havia as lojas de jóias da H.Stern e da Amsterdam Sauer também, se não me engano. Os espaços não estão mais lá. Os corrimões, que dão acesso ao piso inferior, foram pintados de preto em substituição ao antigo dourado. Do piso de pau-ferro foi removido o verniz e agora a madeira está natural.

 

Lobby do Gran Meliá Mofarrej

 

Restaurante Segóvia: volta do glamour nas alturas
Quando o hotel era Sheraton, funcionou no último andar um restaurante de luxo, com pista de dança, chamado Vivaldi. Além da alta gastronomia, a bela vista de quase 360 graus da cidade era o carro-chefe do lugar. Depois, o espaço foi desativado e virou lugar para eventos.
Nos planos da Sol Meliá, o lugar vai recuperar o glamour. Lá será o restaurante Segóvia, de culinária espanhola
, por supuesto, e mediterrânea. Uma grande reforma a partir de outubro, segundo Paulo Nogueira, vai transformar o local. As obras devem estar concluídas até dezembro, quando deve ser reaberto.

Alguns itens vão permanecer, como o piso italiano, o madeiramento de carvalho e as esculturas. Essas obras foram feitas por cinco franceses, que usaram madeira, estopa, gesso e pó de ouro (apenas nas partes douradas). Eles ficaram no hotel, ainda Sheraton, durante três meses para fazer o trabalho. A cozinha e os móveis vão mudar completamente.

Segundo Paulo Nogueira, a música e a dança continuam na nova proposta. ?Vai ser um espaço não só apenas para o hóspede, mas, principalmente, para o público da cidade?, comenta Nogueira. Outra novidade: no último andar haverá um grande luminoso exibindo o nome Gran Meliá Mofarrej.

 

Apartamentos: renovação a caminho

Todos os 244 apartamentos do hotel vão ser renovados. Na data da visita, visitei três novas propostas elaboradas por arquitetos. A decisão final vai ser da Sol Meliá e da família Mofarrej juntas.

O apartamento que ocupei era um standard. A conservação estava impecável. A TV, em descompasso com a atual hotelaria, tinha 20 polegadas ou menos. Nogueira informou, posteriormente, que ?em breve todas serão trocadas por aparelhos de 29 polegadas?. As fechaduras, segundo ele, também serão substituídas por cartões magnéticos. O termostato do ar-condicionado também vai ser mudado por outro mais moderno nos quartos.

O apartamento é aconchegante. Tem 42 m2, mesa para trabalho, cama king size, sofá e poltrona. Quando cheguei, a cama já está pré-aberta. O banheiro é grande e tem banheira ? sem hidromassagem. Os destaque vão para os amenities, já que valorizam a cultura brasileira.

As embalagens, em papel reciclado, têm desenhos de índios tupi-guaranis. São imagens singelas, mas que dão um toque diferente. O shampoo e outros amenities têm o aroma agradável e suave da fruta brasileira pitanga ? que significa vermelho-rubro, em tupi-guarani. Todas as informações são bilíngües (português-inglês).

 


Apartamento Standard

 

Serviço da camareira é diferencial

Depois de voltar ao quarto, já à noite, após uma caminhada na avenida Paulista, tive uma agradável surpresa. As roupas que estavam apoiadas na cama ou no sofá foram dobradas e colocadas na gaveta.

Entre as peças estava o pijama que, também, foi dobrado e colocado ao lado do travesseiro com o chocolate já na cama aberta de fato. No banheiro, a gilete, o creme de barbear, a escova e a pasta de dente, que estavam dispersos na pia, foram reunidos e colocados em cima de uma pequena toalha branca.

O serviço da camareira do hotel está de parabéns. Sem dúvida, é um tratamento que surpreende o hóspede. De fato, a arte do bem servir, a essência da hotelaria, é executada à risca no hotel.

 

Restaurante Las Palmas: claridade em alta

Esqueça o antigo restaurante Christine?s. Quem vai ao espaço onde funcionou esse lugar vai constatar que as mudanças foram muitas e profundas. Rebatizado de Las Palmas, a primeira impressão que o visitante constata é a claridade ? suave, sem ser ofuscante ? ao contrário que se observava na época do Christine?s. Lá são servidos o café da manhã, o almoço e o jantar, além do brunch aos domingos.

O carpete foi retirado e o piso de madeira envelhecida veio à tona. Os tecidos das cadeiras foram trocados por uma estampa branca com desenhos em dois tons de verde. Espelhos também foram colocados, dando a impressão de amplidão do restaurante, que já é grande.

Restaurante Las Palmas