Entrada do Grand Mercure São Paulo Ibirapuera (fotos: Juliana Bellegard)
Entrada do Grand Mercure São Paulo Ibirapuera
(fotos: Juliana Bellegard)

Num típico dia de janeiro em São Paulo, faz calor além da conta. Excesso de concreto, falta de arborização e o verão especialmente quente literalmente põe mais combustível nesta fogueira. Num típico fim de expediente, o trânsito nas principais vias da capital paulista está, como sempre, caótico. É terça-feira, seria pior se fosse sexta-feira. Mas é semana de volta às aulas, o metrô está mais lento do que o normal, e a confusão, maior do que o normal. Não é absurdo referir-se à cidade como selva de pedra.

Num desses dias, visitamos o Grand Mercure São Paulo Ibirapuera, situado na zona Sul da capital paulista. E, se fôssemos clientes executivos típicos do empreendimento, provavelmente estaríamos recém-chegados do aeroporto, depois de enfrentar uma Rubem Berta já congestionada, ou o longo caminho de Guarulhos para a Vila Clementino. Ou voltaríamos de uma reunião, afrouxando a gravata no táxi e batendo papo com o motorista para tornar o trajeto menos tedioso. Ou chegaríamos ao hotel depois de uma caminhada no Parque do Ibirapuera, que fica bem próximo à unidade administrada pela rede francesa Accor.

Neste cenário, detalhes que parecem insignificantes ou exageros da hospitalidade acabam "conquistando o coração" dos hóspedes. Um "boa tarde" dos seguranças na entrada, o lobby climatizado na medida certa, a água oferecida pela recepcionista, as maçãs verdes no balcão, os diferentes espaços ali mesmo no térreo para sentar e relaxar, o bar à vista, uma cama fofa e uma bandeja com docinhos de boas vindas.

Por Juliana Bellegard*

Grand Mercure SP Ibirapuera (foto: Juliana Bellegard)
A troca de marca foi oficializada no final do ano passado

A mudança
Superficialmente, a substituição da bandeira Sofitel – classificada pela rede francesa como "luxo" – por uma marca menos emblemática é um demérito a um hotel. O rebranding da unidade paulistana instalada na rua Sena Madureira foi encarado pela Accor mais como uma mudança estratégica e menos como um rebaixamento. A mudança foi negociada com a Incorporadora Paulo Mauro, investidora do empreendimento, ainda em 2011, e o comum acordo foi transformar o hotel em uma unidade flagship para a bandeira Grand Mercure. Até então operando somente na Ásia, iria chegar ao continente americano por meio deste empreendimento – o que indica uma forte aposta da rede na qualidade da unidade.

As operações foram alterando-se ao longo de 2012, enquanto as adequações e reformas necessárias foram sendo realizadas. Ao todo, a troca de bandeira demandou um investimento de R$ 2,5 milhões. Em outubro de 2013, o Grand Mercure São Paulo Ibirapuera "estreou" oficialmente, com direito a festa e corte de fita – feito pelo próprio Paulo Mauro, executivo que batiza a incorporadora investidora do hotel. E assim teve início o ambicioso plano da Accor de expansão da marca pela América Latina: à abertura da unidade paulista segue-se a inauguração do Grand Mercure RioCentro (Rio de Janeiro) e a conversão do Mercure Eixo Monumental, em Brasília, ambas previstas para este ano. A meta, no entanto, é somar 20 hotéis da marca até 2017.

A reportagem do Hôtelier News veio experimentar esta nova proposta de hospitalidade da Accor. E este, conforme sentenciou Roland de Bonadona, COO da Accor para a América Latina, é só o começo.

O hotel
De perfil executivo, mas sem deixar a desejar para os hóspedes de lazer, o Grand Mercure São Paulo Ibirapuera manteve, durante a troca de bandeira, sua estrutura básica: 215 apartamentos de quatro diferentes categorias, dois restaurantes, 12 salas de eventos, piscina, fitness center e quadra de tênis. A isto, foram acrescentados algum detalhes que caracterizam a nova marca, como a Boulangerie e o espaço de café, a parede verde próxima à escadaria do lobby, além da extensa coleção de arte que decora áreas comuns e apartamentos.

O lobby é um dos destaques da estrutura do empreendimento, pois serve como espaço de convivência, relaxamento e entretenimento, abrigando no mesmo andar espaços com diferentes perfis. Difícil? A Boulangerie tem duas entradas, ambas com mesas e cadeiras próximas, incentivando o cliente a saborear o macaron talvez acompanhado de um café, ou acompanhado de um convidado. O bar Aboo também tem essa missão: reunir amigos num fim de dia para um drinque e, porque não, receber executivos para uma reuniãozinha informal. Enquanto estávamos por lá, três executivas, provavelmente recém-saídas de algum dos eventos do hotel, sentaram para tomar uma caipirinha enquanto esperavam o trânsito "aliviar".

A simpática parede verde e os sofás espalhados pelo espaço convidam o hóspede a relexar, nem que seja um pouquinho. Sentar-se confortavelmente, nem que seja para checar os e-mail no smartphone. O cantinho da leitura está estrategicamente ao lado da estação de café – quer melhor combinação? 

Nos andares seguintes ao lobby estão as 12 salas de eventos – todas cheias na ocasião de nossa visita – que honram a origem francesa da Accor, sendo batizadas de Versailles, Les Lianes, Bagatelle, e assim por diantes. Algumas moduláveis, outras tradicionais, são adaptáveis ao modelo de organização necessário e atendem de 16 a 250 pessoas, dependendo de sua configuração.

Para quem quer relaxar e se divertir, a área de lazer e bem estar do hotel reserva algumas surpresas. No caso desta repórter, a "descoberta" de não só uma, mas duas quadras de tênis no empreendimento. Piscina – atualmente em reforma -, salas de massagem e academia completam sua estrutura. As quadras e o espaço de fitness são administrados pela ArtFit e têm suas portas abertas tanto para hóspedes quanto para o público externo.

Sabor local
“É um hotel upscale, cinco estrelas, mas com uma característica muito regional. Queremos proporcionar uma experiência de hospedagem diferente, que o visitante conheça aquela região. Se está em São Paulo, que veja um hotel paulista. Se está na Bahia, um hotel baiano”, definiu Patrick Mendes, diretor de Operações da Grand Mercure para a América Latina, durante a inauguração do empreendimento.

E a "regionalização" passa também pela gastronomia – uma das propostas do empreendimento nesta sua nova fase, incorporada nos restaurantes Aquarelle e P.Verger. A culinária tem algumas referências francesas e, ao mesmo tempo, um toque local. Melhor exemplo que os macarons, impossível. O tradicional docinho torna-se uma especiaria franco-brasileira quando vem em sabores de frutas locais, como banana e açaí.

Serviço
Grand Mercure São Paulo Ibirapuera
Rua Sena Madureira, 1355 Vila Clementino – São Paulo – SP
55 11 3201-0800
[email protected]
www.accor.com.br

* A reportagem do Hôtelier News hospedou-se no Grand Mercure São Paulo Ibirapuera a convite do hotel