Espécie de cestos coloridos, do artista Sergio Matos
(fotos: Dênis Matos)
 
 
Ao adentrar no espaço cultural do Restaurante Canvas, em São Paulo, imagens desconexas tomam os olhares. A iluminação baixa, mesclada a formas irreais e intimistas, acaba sugando todas as atenções. Entre mesas simetricamente dispostas e um bar repleto dos mais variados líquidos, há um mix de 31 peças ecológicas, produzidas por artistas brasileiros, que representam a exposição Design Brasil, iniciada há pouco no Hotel Hilton Morumbi São Paulo.
 
Wadin Alvarez, gerente de Alimentos
e Bebidas do Hilton Morumbi
 
As mais diversas vertentes da arte se fazem presente na mostra, com obras de Bia Doria, Ana Paula Castro, Carlos Motta, Sergio Matos, Leonardo Bueno e Itelvino Jahn. A identidade dos artistas é visível nos trabalhos. No entanto, o único consenso quanto ao estilo está atrelado à sustentabilidade. “É algo diferente em termos artísticos. É um trabalho de design, composto por materiais recicláveis. Basicamente são artistas que hoje se dedicam ao design e têm seus nomes reconhecidos tanto aqui como na Europa”, aponta Wadim Alvarez, gerente de Alimentos e Bebidas, responsável pelo Canvas.
 
A galeria onde os trabalhos estão expostos é bem atípica. As obras estão dispersas no entorno. “É um espaço cultural com conceito próprio, algo que marca não só os hóspedes. Há também gente de fora que vem prestigiar. Podemos dizer que é a menina dos olhos do Hilton, que tem particularidades por ser uma galeria suspensa”, acrescenta Alvarez.
 
Galeria suspensa abriga as 31 obras da mostra Design Brasil
 
Mentalidade verde
Para a curadora da exposição, Sandra Setti, a mostra é prova de que a mentalidade do Hilton está se direcionando para a questão do reaproveitamento. “Durante quase dez anos, nós mantivemos exposições de arte. Agora, com toda a questão da sustentabilidade em voga, o Hotel Hilton, também partidário desta filosofia de preservação ambiental, achou por bem fazermos algo diferenciado. Todos os artistas se utilizam de recursos orgânicos, ecologicamente corretos, com reaproveitamento ou descartes da natureza”, afirma.
 
Sandra Setti, curadora da mostra, ao lado
de uma das peças de Itelvino Jahn
 
O planeta está exigindo
Ela defende que o tema deve nortear as ações em qualquer segmento. “É uma questão até básica daqui para frente. A sustentabilidade deve estar em todas as empresas, seja na hotelaria, seja nas artes. Ela tem que ser, obrigatoriamente, uma questão sine qua non para o desenvolvimento da empresa. O planeta está exigindo, não mais pedindo”, alerta.
 

Objetos em madeira maciça, produzidos
pelo designer Leonardo Bueno
 
Arte consciente
A reutilização de produtos já é uma realidade no meio artístico. De acordo com Sandra, o processo se consolidou como parte da criação. “A sucata está sendo usada. A garrafa pet oferece um fio que compõe o tapete artesanal. O próprio remanejamento das sobras de empresas, como marcenarias, tem um canal dentro da sustentabilidade. A madeira é o exemplo mais clássico: desde a última tempestade, São Paulo perdeu 180 árvores. O que é feito com esse material? Vai parar na carvoaria? Não. É uma questão só: o artista está começando a despontar isso, que é uma consciência coletiva”, garante.
 
As peças ficam em exposição até o final de abril. A entrada é gratuita.
(Dênis Matos)