Hotel Pousada Colonial
(fotos: Aline Costa)
Cheguei de madrugada na Pousada Colonial e fui recebida com um dos maiores sorrisos que eu já vi na vida, o do recepcionista Milton. Ele me ajudou com as malas e mostrou qual era meu quarto: uma simpática acomodação com varanda que ajudava a compor a bela fachada do hotel.
É claro que do carro, no caminho de 20 minutos entre o Aeroporto Internacional Marechal Cunha Machado e o hotel, eu já senti a energia diferente da cidade. Mas foi só depois de abrir a sacada, e me deparar com as luzes das luminárias se refletindo no chão de pedras, que realmente me dei conta do quanto o Centro Histórico de São Luís é especial.

Vista da varanda durante a madrugada
Embora não haja informações precisas, estima-se que o prédio tenha sido construído no século XIX. Seu morador mais ilustre foi João Francisco Lisboa, grande intelectual da época. Lisboa nasceu no interior do Estado, no município de Pirapemas, em 22 de março de 1812, e morreu em 26 de abril de 1863, há pouco menos de 7.711 km de distância de seu País natal, em Lisboa – sim, o sobrenome do ilustre morador coincide com o nome da capital portuguesa.
Lisboa, o “dono da casa”, foi político, historiador, escritor e jornalista. Morou em São Luís entre 1827 e 1855. Neste meio tempo, pôde presenciar revoltas como a Setembrada (em 1831) e a Balaiada (de 1838 a 41).  Em 1855, foi para o Rio de Janeiro e depois para Portugal, para pesquisar documentos sobre o Brasil – e acabou morrendo por lá. Antes disso, chegou a ser reconhecido como Timon Maranhanse, Príncipe dos Historiadores e foi patrono da Academia Brasileira de Letras. Depois de sua morte, virou nome de praça e ganhou uma estátua no centro da capital maranhense.

Em 1918, a segunda filha adotiva de Lisboa, pôde acompanhar a
inauguração da estátua feita em homenagem ao pai
A casa de Lisboa virou hotel em 1986, quando foi comprada por José Benedito Ribeiro. Hoje é gerenciada pelo seu irmão, o simpático e atencioso Nagib Ribeiro. O profissional está à frente de uma das equipes mais cordiais que já encontrei. Todo esse cuidado, somado ao cenário do hotel, realmente nos faz sentir num tempo diferente, parecido com os dos romances do século XIX, em que a calma e a cortesia ditam as regras.
Nossa viagem durou apenas quatro noites, mas aproveitamos a ida para São Luís e conhecemos também São José de Ribamar, Alcântara, Morros e Barreirinhas.Por Aline Costa*


A vista do meu quarto, desta vez,
num horário mais ortodoxo

Os portugueses passaram a usar azulejos nas
fachadas quando perceberam que as tintas
não resistiam à maresia

Em um ângulo mais fechado,
destaque para entrada do hotel.
Aqui conseguimos observar um pouco melhor
os azulejos trabalhados em alto-relevo

No lado esquerdo da foto, um grupo de turistas
é acompanhado pelo guia (de branco),
que explica a importância do prédio da pousada.
No meio da rua, a senhora de blusa
listrada faz fotos do local


O mirante é, sem dúvida, o grande
destaque do solar


Aqui, vemos também a grade de proteção
da varanda do solar do senhor Ibraim Moahana,
que gentilmente nos deixou fotografar de dentro da casa dele
 

 
Um dos ângulos da parte interna do mirante 


Aqui, destaque para a porta balcão semi aberta
 

Do outro lado, mais uma área para descansar
Aqui, a janela treliçada.
No alto, vemos uma
câmera de segurança

 
A recepção sofreu várias intervenções modernas,
mas continua charmosa

À direita da recepção, o corredor
que nos leva à escada vai para os quartos e
para o restaurante, no térreo

 
Aqui vemos azulejos iguais aos encontrados do lado de fora


O corredor visto pelo outro lado

Aqui, avançamos um pouco mais pelo
mesmo corredor


Em vez de seguir em frente, é possível também subir as escadas e
ver o mesmo gradil por outro ângulo. Além de decorar, ele ainda
otimiza a iluminação e a circulação de ar

 
Detalhe dos corrimãos


Desta parte da escada observamos melhor o
vitral da porta e a luz entrando pela
madeira vazada


No corredor dos quartos, um móvel de época
Acomodação

O hotel tem 27 quartos

Na varanda, os reflexos da luminária da casa em frente

O banheiro é amplo e claro
Água e refrigerantes no frigobar


O guaraná Jesus só é vendido no Maranhão,
e é um dos itens do frigobar

Pela manhã, clicamos o solar em frente através
do gradil de nossa sacada

 Restaurante
 
Frios, pães e frutas compõem o café da manhã – única refeição
servida no hotel além dos lanches do serviço de quarto

 
Aqui, o salão visto de dois ângulos diferentes
 
Nas mesas ficam geleias e chás 
Do restaurante vemos um salão descoberto e, no alto da primeira
foto, mais quartos. As janelas na parte superior da segunda foto
são de uma área de convivência


Pedimos um X-Salada para conhecer o serviço de quarto

Mirante e área social

Aqui os hóspedes podem descansar e interagir
Os computadores que vimos no reflexo do
espelho na foto anterior

 
Os enfeites da mesa e o relógio dão um toque especial ao ambiente


Aqui, uma visão mais aberta do espaço

A ocupação média do hotel fica entre 70 e 80%, sendo que em feriados chega a atingir picos de 100%. O mercado regional é o maior emissor de hóspedes, com destaque para Ceará, Pará e Tocantins. Entre os planos para 2011, está ampliar o leque de distribuição e investir ainda mais na melhoria do empreendimento, sempre com recursos próprios.Centro Histórico

 
São Luís foi reconhecida pela Unesco como Patrimônio Histórico da Humanidade em 1997 
E o centro da cidade possui cerca de mil
imóveis tombados pelo Iphan


Esta é uma das rua com
maior variedade de lojas

A rua da foto fica bem próxima ao Centro Histórico, mas não é considerada parte dele. Os fios elétricos supensos são um dos motivos. Nas ruas do centro, os fios elétricos são subterrâneos.

Igreja da Sé
 
Na praça da igreja encontram-se alguns pequenos quiosques

 
 
 
 
 
Durante a semana o movimento no Centro Histórico é bem grande. Muitos prédios públicos e boa parte do comércio da cidade concentram-se no local


O Cafua das Mercês abriga hoje um
museu de referência à cultura grega.
O prédio foi usado para manter escravos enquanto
eles não eram vendidos. Repare que não
há janelas, apenas finas aberturas
para circulação de ar

Palácio da Justiça


Capitania dos Portos

 
Ao lado da Capitania, belas paisagens

O Teatro Arthur Azevedo fica na Rua do Sol

Ele é o segundo mais antigo do País, foi construído em 1817

Qualquer apresentação feita no local
é precedida por um espetáculo especial:
o lustre desce e fica bem próximo aos espectadores

Gradil da cabine especial do chefe de Estado. Ela nunca é vendida, ficando sempre a disposição do governador eleito. No caso, da governadora Roseana Sarney


Mercado de São Luís

Com o passar dos anos, bebidas e petiscos adquiridos no mercado passaram a não chegar na casa dos compradores. Isso porque as pessoas consumiam tudo ali mesmo – como o grupo de amigos da foto.

E, falando em grupo de amigos, petisco e bebida, não podemos deixar de falar de música e festa. O Carnaval da cidade começou em fevereiro mesmo, com desfiles de blocos pelas ruas do Centro Histórico durante os finais de semana, além de pequenos palcos montados na região. Participei do segundo dia de festa. As apresentações são bem organizadas, e os espaços estavam cheios o bastante para garantir a animação, mas não havia tumulto. Uma coisa que me chamou a atenção foi encontrar, em plena segunda-feira à noite, um bloco ensaiando sua apresentação para o Carnaval. Fui conversar com as pessoas que estavam ali: artistas plásticos, músicos e produtores – uma paulistana, inclusive, chamada Beth, que mora em São Luís há 16 anos e diz não trocar a cidade por nada.

Independentemente das festas de ruas, São Luís tem uma noite bem agitada. Ao redor da Lagoa da Jansen há várias casas que tocam os mais diversos tipos de música. Contudo, como o reggae faz parte da história da cidade, vale a pena ir até a Ponta da Praia ou em uma das diversas casas especializadas.


 
 
Praia do Calhau, uma das mais conhecidas da cidade

 

São José de Ribamar
 São Luís divide a ilha Upaon-Açu (que significa Ilha Grande) com os municípios Paço do Lumiar, Raposa e São José do Ribamar. Tivemos a oportunidade de visitar o último, que fica a cerca de 40 minutos de carro da capital do Estado. É uma cidade muito simpática e, embora seja bem pequena, vale a pena esticar a viagem para conhecê-la de perto.

Conhecida por sua religiosidade, reza a lenda que a primeira igreja do local foi construída por causa de uma promessa. Navegantes portugueses que vinham para São Luís, e desviaram-se da rota durante uma tempestade, rezaram e prometerem que construiriam uma capela em homenagem a São José – caso todos chegassem são e salvos.

A capela foi construída e, tempos depois, a imagem de São José foi roubada de lá. Contudo, o santo teria voltado misteriosamente para seu local de origem, mesmo depois de outras tentativas de “sequestro”. Dizem ainda que, a própria igreja só parou de pé quando foi construída com a porta principal de frente para o mar, e não de frente para a cidade como haviam tentado antes.
Estátua de São José de Ribamar

 
De lá de cima é possível ver a própria imagem de um ângulo privilegiado

E também observar o mar que banha a cidadeAlcântara

Já há alguns metros do pequeno porto, em São Luís, onde se pega o catamarã ou a lancha para Alcântara


Ainda em São Luís: Palácio dos Leões,
residência oficial da governadora


 
Belas vistas da capital são observadas no caminho

Há pouco mais de uma hora de barco de São Luís, está Alcântara. O passeio até a cidade é imperdível. Já no catamarã é possível conhecer pessoas novas e de vários lugares do país e do mundo. Nosso caminho na ida foi bem tranquilo. Apenas durante a volta, como a maré estava vazante, o mar ficou um pouco mais agitado, mas ainda era mais amistoso que o trânsito paulistano, por exemplo.


Uma das primeiras visões que temos de Alcântara


Assim que descemos no barco avistamos a placa de bem vindo

As pedras são originais e o desenho é uma referência à maçonaria

Casas em ruína reforçam o charme da cidade…

…e contrastam com prédios restaurados


Morador passa o tempo na janela
Doces de espécie: uma deliciosa
(muito deliciosa, aliás) iguaria de coco


Há boatos de que essa pequena ilha foi vendida para um grupo
italiano que deve abrir um resort no local

 
Alcântara é a terra natal de Sousândrade, e o escritor morou em casa localizada nesta praça

No Restaurante da Manhã, comemos camarão
com arroz branco, farofa,
pirão e o famoso arroz de cuxá

Réplica de um foguete

Em poucos lugares o antigo e o moderno contrastam tanto quanto em Alcântara. Se por um lado a cidade é rica em velhos casarões e ruínas, por outro, também serve de base para lançamento de foguetes. Na foto, uma réplica no CLA (Centro de Lançamento de Alcântara). A base foi criada em 1989.
 Morros

Rio Una
Morros é um pequeno município localizado entre São Luís e Barreirinhas. A cidade é muito frequentada por moradores do próprio Estado que vão tomar banho de rio e aproveitar as belas paisagens da região.

Aproveitamos para fazer um passeio de barco

O lugar é muito bonito
Em outro ponto do rio, é possível “banhar-se”,
como dizem por aqui


No restaurante do local,
almoçamos uma bela galinhada


Nessa altura do rio há uma ponte da qual as
pessoas saltam para se divertir

Barreirinhas
  
Travessia de balsa para iniciar nossa aventura com o 4×4
Barreirinhas fica a menos de quatro horas de São Luís e conta com uma população de cerca de 50 mil habitantes. A cidade é o portal de entrada do Parque dos Lençóis, aberto em 1981. A melhor temporada para visitá-lo é entre junho e setembro. Contudo, a grandiosidade das dunas impressiona em qualquer época do ano.O impacto é ainda maior para quem, como eu, vive em áreas urbanas como a metrópole paulistana. A paisagem das grandes cidades tem muitos elementos, a maioria pode ser contada às dezenas, no mínimo. Todos os dias passamos por dezenas de pessoas, de carros, de ruas, de estações de metrô, de prédios, de casas e de lojas. Pelo menos. E, mesmo à noite, sempre tem um vizinho fazendo algum barulho ou um carro passando com o som alto em frente às nossas casas. Acho que é impossível, para alguém acostumado com esse cenário, não se encantar com a imponência do céu e da areia, que fazem a gente se sentir tão pequeno e tão acolhido. A caminhada é feita em grupo mas, mesmo assim, é possível desfrutar de muitos momentos de silêncio e, dependendo da direção para que se olha, você tem o privilégio de não ver uma só pessoa. Nada contra o ser humano, muito pelo contrário. Contudo, a sensação de que “há um mundo imenso e inexplorado” é impagável – e inevitável nesta situação.

Embora o Maranhão seja berço de grandes poetas e escritores, como Arthur de Azevedo, Aluísio Azevedo, Bandeira Tribuzi, Ferreira Gular, Graça Aranha, Josué Montello, Nauro Machado, Odorico Mendes, Odilo Costa Filho, Sotero dos Reis e Sousândrade, por exemplo, só consegui pensar no Fernando Pessoa:
“Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.”É essa a sensação que temos durante a caminhada. Comentei isso com o guia e ele foi enfático. “Poderiam colocar uma placa com isso escrito aqui! O que as pessoas reclamam por ter que andar, e que só tem areia! Tem gente que acha até que deveriam colocar teleférico!”, conta.


O “balanço” do carro garante ângulos curiosos como o dessa foto

 
 
No caminho, terrenos alagadiços…
…e longos trechos de areia fofa


Uma das primeiras cenas que vimos
depois de descer do carro

Depois de subir a duna, é possível avistar os carros ao longe. Na imagem, vemos o casal registrando o momento
Descer correndo as grandes dunas
proporciona uma agradável e singela
sensação de liberdade


A melhor época para visitar o parque é de junho a setembro…


… contudo algumas lagoas já começaram a se formar…
 

… desenhando belíssimas paisagens…

… e proporcionando caminhadas bem “refrescantes”!
Enquanto alguns ficaram brincando na água,
o guia nos levou para ver uma
paisagem pouco associada aos Lençóis

 
Depois de subir aquele pequeno barranco, temos essa vista
Do outro lado, já encontramos essa
vegetação mais fechada

 
Um pequeno mundo paralelo em meio às areias e águas


No final, a tapioca é indispensável
para recuperar as energias depois de tanto andar!
Além do Parque, a região é abençoada com o Rio Preguiças. O passeio por ele proporciona momentos tão sublimes quanto a caminhada pelo Parque.

Sutilmente o céu se reflete no rio


As raízes das árvores do mangue são tão fortes que aguentam até mesmo uma pessoa sentada nelas

 
O rio se passa pelo mangue e logo vemos uma duna
Nossa primeira parada é em Vassouras


Onde somos recepcionados por simpáticos patinhos

 
E macacos muito espertos
 
Durante a parada nosso guia aproveita para comer junto com os pescadores da vila. Não me fiz de rogada e, mesmo ainda sendo dez e meia da manhã, provei o delicioso pescado e depois ainda lavei meu prato
Adentrando pelas dunas, vemos a vila de cima


Esta região é chamada de Pequenos Lençóis
Daqui, vemos ao fundo a faixa de
vegetação, depois o rio, a duna e o lago


Alguém gosta muito da Hanna…


Depois da parada de meia hora em Vassoura,
seguimos viagem em direção a Caburé

Antes, uma passada no Farol Preguiças


A vista do alto dos seus 35 metros

A ave guará, que empresta o nome ao
lobo de pele avermelhada

Quando chegamos em Caburé, podemos ou ir direto almoçar, ou esticar o passeio até a foz do rio, onde ele se encontra com o mar. Optamos pela segunda alternativa e nos deparamos com esse banco de areia bem no meio do oceano

É uma espécie de praia em alto mar, que aparece
quando a maré está baixa

Veja onde está o barco e a distância até a “terra firme”
propriamente dita

Ficamos quase uma hora aqui, apreciando a paisagem e
aproveitando o mar
Depois voltamos para
Caburé e, deste mirante…


… vemos o rio, uma pousada de um lado


…e o mar do outro
Serviço
Hotel Pousada Colonial
Rua Afonso Pena, 112
Centro Histórico – São Luís – MA
www.clickcolonial.com.br
*A equipe do Hôtelier Newsviajou a convite do Hotel Pousada Colonial.**Devido ao período de Carnaval, esta reportagem ficará no ar, excepcionalmente, por 15 dias.