O Villa Bahia ocupa dois casarões
restaurados no Pelourinho
(fotos: Cristiano Macchi, Délia Coutinho
e François Guenet/divulgação)
O que há em comum entre o turístico bairro do Pelourinho, em Salvador, e a história das conquistas marítimas portuguesas pelo mundo? É que as navegações lusitanas do século XVI são o tema de um hotel singular localizado no Cruzeiro de São Francisco, no coração do Pelô: o Villa Bahia.Por Délia Coutinho*


Largo do Cruzeiro de São Francisco.
Ao fundo e à esquerda está o hotel

Agora mais perto vemos a fachada em amarelo
e, mais adiante, a Igreja de São Francisco

A propriedade representa o primeiro investimento do grupo francês Voyageurs du Monde em terras brasileiras. Trata-se de um hotel de charme localizado em dois casarões dos séculos XVIII e XIX que passaram por uma minuciosa e longa restauração para abrigar um empreendimento que une história e muito conforto.
Inaugurado há dois anos e meio, o Villa Bahia teve três nomes fundamentais nas suas fases de projeto e concepção: o francês Bruno Guinard, radicado na Bahia e diretor do hotel, e as arquitetas Márcia Mota e Rose Lima, responsáveis também pela decoração detalhista do empreendimento. O público: basicamente europeu, principalmente franceses.

Móveis antigos e restaurados
compõem o mobiliário do hotel

Atrás da mesa de check-in, um enorme mapa mundi
com as rotas feitas pelos portugueses
Para recriar a temática histórica na decoração, as arquitetas usaram e abusaram dos móveis em madeira de demolição. É, com certeza, o traço mais marcante do hotel. Funciona aos olhos dos hóspedes como uma forma de retratar o luxo na época dos nossos colonizadores.

Na recepção, quatro baús antigos formam a mesa
de centro, que apresenta também livros de arte

Na parede da recepção está uma das peças
exclusivas do hotel: o castiçal

Confortável sala de estar no andar térreo


Na mesa de centro há cravo e canela, as principais especiarias trazidas pelos portugueses da Ásia e África

São inúmeras as peças garimpadas principalmente em cidades mineiras, além de objetos encontrados em antiquários e na Europa, peças de artesanato da terra e também quadros com gravuras temáticas.
 
Para chegar aos quartos e spa o hóspede pode escolher entre
a escada ou o elevador, que ganhou revestimento em
madeira e pintura por dentro e por fora

A restauração dos casarões levou meses. Durante o período foram
encontradas peças arqueológicas, atualmente expostas
nesta vitrine junto a fotos da reforma

Mais um achado durante a reforma:
um legítimo banho português no pátio


A piscina fica ao fundo do primeiro pavimento.
À noite, a cruz de Malta formada pelos azulejos
fica mais visível com a iluminação
 
A ovelha em pedra fica ao lado do aviso de profundidade da
piscina. Próximo dali, o hóspede pode relaxar confortavelmente
nas espreguiçadeiras com almofadas num ambiente que
ganhou aconchego com o verde das plantas
 
Em cada cantinho há sempre um detalhe a se notar,
como as cerâmicas e o prato de porcelana

Quadro com tema católico, religião
predominante na época das
Grandes Navegações

Pelas paredes há uma verdadeira coleção de quadros
referentes ao tema do hotel. Este, por exemplo, demonstra a
chegada dos portugueses a mais uma colônia

E esta imagem, que fica no restaurante,
mostra naus e nomes de comandantes

Hospedagem
São apenas 17 UHs distribuídas por três andares. Com decoração diferenciada, cada uma tem nome de feitorias e colônias portuguesas da Ásia e África que integravam a rota marítima das especiarias: Angola, Cabo Verde, Calicute, Ceilão, Ceuta, Cochim, Gana, Goa, Guiné, Macau, Madagascar, Málaca, Moçambique, Nagasaki, Ormuz, São Tomé e Príncipe e Timor. As únicas três suítes do terceiro andar – Ceilão, Nagasaki e São Tomé e Príncipe -possuem banheira de ofurô com hidromassagem.
Confira abaixo detalhes destes exclusivos espaços, a começar pela Cabo Verde, onde ficamos hospedados. Depois de conhecer as UHs, a vontade que dá é de retornar várias vezes para ter oportunidade de se hospedar em cada uma delas.
 
Para abrir a porta esqueça os tradicionais cartões magnéticos.
As chaves e fechaduras dos quartos foram
encomendadas a um artesão mineiro

Ao entrar na suíte, a primeira coisa
que se vê é este biombo ao lado da cama

O leito da Cabo Verde ganhou os tons verde e branco.
Do lado, as janelas idênticas às de um casarão colonial

Acima da cama, quadros com gravuras que retratam
a colonização portuguesa dos povos africanos

Em cada UH a pia do banheiro é sempre uma surpresa.
São todas completamente distintas, geralmente
unindo louça e madeira de demolição
 
Na parede ao lado da pia está o secador de cabelos, um dos
pouquíssimos elementos iguais em todos os quartos.
O armário antigo com pátina acomoda a TV e o frigobar

Pequenas garrafas de bebidas alcoólicas
são alguns dos itens do minibar
 
Na mesinha ao lado de duas poltronas há um abajour
e livros em francês. Os romances podem
ser comprados pelos hóspedes

Em ferro, as torneiras de época
 
Os amenities são da marca Chama da Amazônia, que utiliza
frutos amazônicos, como açaí e cupuaçu, como matérias-primas.
Os frascos em cerâmica que guardam o shampoo e
o sabonete líquido são um charme à parte

Chinelos estão à disposição no guarda-roupas

Um dos verdadeiros tesouros guardados no Villa Bahia é
a cama da suíte Goa. A peça, que veio do sul da Índia,
tem mais de 200 anos e pertenceu a um marajá indiano
 
Na entrada de cada suíte há uma placa com o nome
da feitoria e a respectiva data de fundação
 
Na UH Ceilão, o guarda-roupa ganhou tom rosado.
J
á a pia tem móvel claro em madeira, bancada
em mármore e espelho de antiquário

A Ceilão é uma das três habitações que
oferecem terraço privativo com ofurô

Nesses apartamentos o quarto é um pouco menor do
que nos demais. Esta é a Nagasaki…

…e o seu terraço com ofurô

Este é o da São Tomé e Príncipe

A Guiné é uma das habitações que conta
com o charme de uma cama com dossel

Banco de madeira no banheiro

Alguns quartos têm banheira, como esta peça de
esmalte e ferro na suíte Gana. Note a preocupação
com o piso, que também demarca a época

O produto para espuma de banho na banheira está nesta
prateleira, que também serve como porta-toalha
 
Leito da suíte Gana (à esquerda). Os lustres e luminárias
são diferentes em cada UH.
Amplo, o quarto
Madagascar (à direita) ostenta cores quentes na decoração

Na Ormuz, o baú antigo em cima do armário é um detalhe a mais

No banheiro desta UH, a escolha foi
por combinar granito (pisos e paredes)
com a madeira dos móveis
 
O Timor é um quarto duplo
 
Na maior parte das UHs há esculturas e quadros relacionados
à respectiva feitoria. Nesta gravura antiga, já amarelada,
estão os guerreiros do Timor

Duas pias reluzem como ouro,
ainda na suíte Timor


Na mesa de centro da suíte Málaca, o hóspede encontra papelaria
de correspondência e livro em francês sobre o carnaval

 

Gastronomia
O restaurante do empreendimento oferece gastronomia refinada, com foco na culinária internacional contemporânea. São disponibilizados 46 lugares entre o salão principal e o pátio. As especiarias, que representaram a riqueza de Portugal por séculos, servem de inspiração para alguns pratos do menu.

O restaurante, decorado com mesas e cadeiras em madeira escura
e toalhas de mesa brancas, é aberto também a passantes

Visão geral do espaço que conta com 46 lugares e
pode sediar eventos como jantares e coquetéis
Atualmente o chef baiano Jurandir Souza assina os pratos do restaurante. Nas datas comemorativas, inclusive, o hotel busca atrair a clientela de Salvador com cardápios especialmente desenvolvidos para Páscoa, Dia das Mães e Dia dos Namorados, entre outros.

No segundo semestre do ano devem ser realizados no empreendimento festivais e eventos gastronômicos direcionados à sociedade baiana.
 
A decoração do restaurante segue a linha de objetos de época
O café da manhã não é servido em formato buffet, mas sim na mesa do hóspede. Os visitantes podem degustar a refeição que inclui frutas, croissants, cuscuz, bolinho de estudante, chocolate quente e sucos pelo valor de R$ 28 por pessoa. No almoço são oferecidas opções de Menu do Dia, incluindo entrada, prato principal e sobremesa por R$ 39. E no jantar, por sua vez, uma carta traz diferentes opções.

A experiência gastronômica do jantar começa com este couvert
com pães feitos no hotel, manteiga e pastas de presunto,
azeitona preta e queijo gorgonzola
 
Como entrada, uma bela apresentação de uma das
iguarias mais tradicionais da alta culinária francesa,
o Foie-gras. Ao lado, Salmão marinado.

Duas opções de prato principal:
Filé mignon recheado
ao funghi com risoto de couscous marroquino

…e esta Lagosta, trazida à
nossa mesa pelo chef da casa

Um dos pratos que enchem o paladar e os olhos:
Lagosta com palmito assado e chantilly de açafrão

Para sobremesa, Petit gateau

Cardápios do jantar. O de bebidas traz grande
variedade de vinhos internacionais
 
Servido na mesa do hóspede, o café da manhã inclui iguarias típicas da Bahia, como Bolinho de estudante e Cuscuz
 
…além dos produtos usuais: frutas, sucos e pães,
incluindo croissants franceses
Vale destacar a carta de cafés especiais, concebida em reverência ao produto que melhor simboliza a agricultura brasileira no exterior. Foram selecionados grãos verdes, puro arábica, das melhores regiões produtoras do país, que são torrados e moídos no restaurante. O hóspede também pode comprar o pó e levar para casa.

 
O café, moído e torrado no hotel, é consumido no
empreendimento e encontra-se à venda

 


Spa xamânico
O hóspede que fizer uma massagem no Villa Bahia com certeza vai vivenciar uma experiência bem diferente das oferecidas nos demais hotéis do Brasil e do mundo. O pequeno spa, que também oferece sauna, tem como chamariz a massagem xamânica, criada e aplicada por um profissional especial, que está no Villa Bahia desde a abertura do hotel: o xamã e musicoterapeuta baiano George Brandão.
A massagem é feita numa sala decorada com temática indígena – George faz uso de instrumentos musicais também indígenas, como apitos, pau de chuva, violão, chocalho e tambor. Eles são tocados junto ao corpo das pessoas, proporcionando uma experiência sonora e de relaxamento sem igual.
De acordo com o xamã, a ação concentra três técnicas: massoterapia, reiki (cura pelas mãos) e musicoterapia. O caminho utilizado na sessão depende da vontade do cliente, que pode escolher entre relaxamento, cura da dor ou energização.
 
Na sala, conchas, cristais, ornamentos indígenas…

…e nas paredes, quadros com desenhos de tribos
 
Instrumentos indígenas utilizados pelo xamã-massagista
 
Cliques da massagem xamânica que mistura o toque e o som
 
Ao lado da sala, o banheiro se destaca por apresentar esta pia
em pedra e espelho com moldura restaurada

Os hóspedes que não contam com ofurô no quarto podem
desfrutar do banho especial no terraço aberto no
segundo andar. Basta reservar horário

De um dos terraços é possível
avistar o curioso detalhe da igreja…
 
…em meio aos casarios do Pelourinho
Responsabilidade ambiental
O Villa Bahia aplica algumas medidas de cunho sócio-ambiental na sua operação. Todo o lixo produzido em vidro, por exemplo, é doado ao Hospital da Criança com Câncer de Salvador. Já o óleo de fritura utilizado na cozinha é reciclado por meio do Programa Papa Óleo da Abrasel, que transforma a substância em sabão. Além disso, a limpeza da estrutura é feita com produtos atóxicos 100% ecológicos da marca Simple Green.
Localização
Hospedar-se no Villa Bahia é uma oportunidade de estar em sintonia direta com as raízes históricas de Salvador. Nas proximidades estão o Terreiro de Jesus, a Praça da Sé, o Elevador Lacerda. Sem falar que o hotel fica do lado de uma das principais igrejas do período barroco brasileiro, a Igreja de São Francisco, que dá nome ao largo onde está localizado o meio de hospedagem.

 


Este mapa mostra a proximidade do Villa Bahia
com pontos emblemáticos da capital baiana

Do hotel, olhando para a esquerda está a
Igreja de São Francisco, uma das mais
visitadas de Salvador


Bem em frente ao hotel encontra-se
esta colorida lojinha

Esta é a paisagem vista de um dos quartos
Acordar e aos poucos ouvir os sons do Pelourinho, ver a movimentação das baianas caracterizadas, avistar da janela do quarto os casarios coloridos do bairro, ir a pé até museus e igrejas. Todas são experiências possíveis para o hóspede do Villa Bahia.
Serviço
Hotel Villa Bahia
Largo do Cruzeiro de São Francisco, 16/18
Pelourinho – Salvador, Bahia
71 3322-4271

[email protected]
* A equipe do Hôtelier News se hospedou no Villa Bahia a convite do hotel.