fórum nacional da hotelaria strPatricia apresentou dados sobre a hotelaria brasileira e global

Como último tema da parte da manhã, as perspectivas para o setor de hotelaria foram discutidas em painel no II Fórum Nacional da Hotelaria. O evento, organizado pelo FOHB (Fórum dos Operadores Hoteleiros do Brasil), foi aberto hoje (9), no Pullman São Paulo Vila Olímpia

Pedro Cypriano, diretor de consultoria da Hotel Invest; Patricia Boo, area director Central & South America da STR; Rodrigo Cezar, head de Eventos e Viagens da Roche e presidente da Alagev; Antonio Dias, CEO do Royal Palm Hotels & Resorts; Pedro Carraz, sócio da XP Investimentos e gestor de fundos imobiliários da XP Asset Management; e Eduardo Giestas, CEO da Atlantica Hotels, participaram dos debates. Roland de Bonadona, do Bonadona Hospitality Consulting, mediou as conversas.

Para começar o painel, Patrícia e Cypriano apresentaram dados sobre a hotelaria nacional e global. De acordo com a diretora do STR, há crescimento significativo da demanda no mundo inteiro, com exceção da América Central. A região passa por turbulências políticas que impactam o fluxo turístico.

Em relação à América do Sul, a demanda teve alta de 3,5% em junho na comparação com o mesmo mês do ano passado. Um dado positivo, considerando que a oferta demonstra sinais de estabilização, crescendo 1,2% em igual comparação. Isso, segundo a analista, beneficia a ocupação e abre margem para aumento de preços. 

Em relação ao RevPar, Paris (US$ 186,77) e Nova York (US$ 197,35) continuam com as maiores taxas do indicador. No comparativo anual, o Rio de Janeiro foi o mercado no qual o índice mais cresceu, tendo alta de 28,4% (US$ 61,70). Mesmo assim, o indicador teve queda de 70% na região em julho

Ao analisar a diária média, o STR mediu queda na maioria dos mercados chaves após 2014, sendo Miami a única exceção (+7,6%). Outro mercado com performance positiva, apesar de leve, é Barcelona (+0,3%). Dos que tiveram resultados negativos, São Paulo (-35,6%), com diária atual de US$ 102, e Rio de Janeiro (-56,3%), com US$ 104, foram os mais alarmantes. 

Apesar do necário negativo, a pesquisa divulgada por Cypriano demonstra certa retomada no mercado, ainda que lenta. No acumulado de julho, o RevPar da hotelaria brasileira cresceu 10% na comparação anual. Belo Horizonte, por exemplo, teve alta de quase 24% no indicador.

O índice também apresentou alta nas principais capitais, com exceção de Fortaleza, que teve baixa de 5,8% em função de problemas de segurança pública. Ainda segundo levantamento, a ocupação ainda é o maior motor de crescimento do RevPar, subindo 5,7% no mesmo comparativo, com números positivos nas principais capitais. A diária média cresceu 4% em igual análise. 

Em relação ao pipeline hoteleiro, levantamento do STR mostra que o Brasil é líder em número de quartos disponíveis na América do Sul. Dos projetos em desenvolvimento, 50% são de classe econômica ou midscale, com 5 mil quartos em junho deste ano. 

II Fórum Nacional da HotelariaCypriano apresentou segunda edição da pesquisa do Hotel Invest

Enfatizando esse dado, Cypriano apresentou que existem 177 hotéis previstos (26 mil apartamentos) para até o fim de 2024, com investimento de R$ 6,7 bilhões. Destes, 58% serão entregues até o fim de 2020. Segundo o diretor, tal evolução de oferta é baixa, representando crescimento abaixo de 1% ao ano.

Dos empreendimentos previstos pela Hotel Invest, 49% são da categoria econômica e 65% terão de 100 a 199 unidades habitacionais. Outro dado interessante é que 65% dos hotéis em desenvolvimento estão no modelo de condo-hotéis. Em ternos de localização, 66% estão fora das capitais e concentrados nas regiões Sul e Sudeste. Destes, 50% estão em cidades com até 300 mil habitantes.

Fórum Nacional da Hotelaria: tendências

Após a apresentação dos dados, os painelistas discutiram tendências para o setor. Com o consenso de que a hotelaria está em um momento de retomada da expansão, dados, precificação e consolidação do mercado estão no radar. 

“Três principais tendências que vejo para os próximos anos, e que o gestor hoteleiro deve se preocupar, são a segurança ciber, em que a proteção de dados do cliente cresce em importância; a customização e experiência do viajante; e a conexão e distribuição inteligente”, disse Rodrigo Cezar. 

Segundo os convidados, a hotelaria volta a expandir, mas não com o mesmo otimismo de antes de 2013/2014. “Depois de uma crise intensa e longa, o investidor do setor, que sofreu muito nesse período, passou por um processo de aprendizado, o que o ajudou a entender mais a operação hoteleira. O que vemos agora é uma fase expansionista mais racional e realista”, continuou Giestas. 

Já para o CEO do Royal Palm Hotels, o desafio no momento é consolidar essa recuperação. “Há um prognóstio muito positivo e a demanda não para de crescer. O que devemos nos atentar agora é na manutenção da oferta e, mesmo com a crise dos últimos anos, agora se mostra um bom momento para desenvolver novos projetos, considerando o tempo de maturação”, finalizou. 

(*) Crédito da foto: Vinicius Medeiros/Hotelier News