II Fórum Nacional da Hotelaria: perspectivas para a hotelaria
9 de setembro de 2019Patricia apresentou dados sobre a hotelaria brasileira e global
Como último tema da parte da manhã, as perspectivas para o setor de hotelaria foram discutidas em painel no II Fórum Nacional da Hotelaria. O evento, organizado pelo FOHB (Fórum dos Operadores Hoteleiros do Brasil), foi aberto hoje (9), no Pullman São Paulo Vila Olímpia.
Pedro Cypriano, diretor de consultoria da Hotel Invest; Patricia Boo, area director Central & South America da STR; Rodrigo Cezar, head de Eventos e Viagens da Roche e presidente da Alagev; Antonio Dias, CEO do Royal Palm Hotels & Resorts; Pedro Carraz, sócio da XP Investimentos e gestor de fundos imobiliários da XP Asset Management; e Eduardo Giestas, CEO da Atlantica Hotels, participaram dos debates. Roland de Bonadona, do Bonadona Hospitality Consulting, mediou as conversas.
Para começar o painel, Patrícia e Cypriano apresentaram dados sobre a hotelaria nacional e global. De acordo com a diretora do STR, há crescimento significativo da demanda no mundo inteiro, com exceção da América Central. A região passa por turbulências políticas que impactam o fluxo turístico.
Em relação à América do Sul, a demanda teve alta de 3,5% em junho na comparação com o mesmo mês do ano passado. Um dado positivo, considerando que a oferta demonstra sinais de estabilização, crescendo 1,2% em igual comparação. Isso, segundo a analista, beneficia a ocupação e abre margem para aumento de preços.
Em relação ao RevPar, Paris (US$ 186,77) e Nova York (US$ 197,35) continuam com as maiores taxas do indicador. No comparativo anual, o Rio de Janeiro foi o mercado no qual o índice mais cresceu, tendo alta de 28,4% (US$ 61,70). Mesmo assim, o indicador teve queda de 70% na região em julho.
Ao analisar a diária média, o STR mediu queda na maioria dos mercados chaves após 2014, sendo Miami a única exceção (+7,6%). Outro mercado com performance positiva, apesar de leve, é Barcelona (+0,3%). Dos que tiveram resultados negativos, São Paulo (-35,6%), com diária atual de US$ 102, e Rio de Janeiro (-56,3%), com US$ 104, foram os mais alarmantes.
Apesar do necário negativo, a pesquisa divulgada por Cypriano demonstra certa retomada no mercado, ainda que lenta. No acumulado de julho, o RevPar da hotelaria brasileira cresceu 10% na comparação anual. Belo Horizonte, por exemplo, teve alta de quase 24% no indicador.
O índice também apresentou alta nas principais capitais, com exceção de Fortaleza, que teve baixa de 5,8% em função de problemas de segurança pública. Ainda segundo levantamento, a ocupação ainda é o maior motor de crescimento do RevPar, subindo 5,7% no mesmo comparativo, com números positivos nas principais capitais. A diária média cresceu 4% em igual análise.
Em relação ao pipeline hoteleiro, levantamento do STR mostra que o Brasil é líder em número de quartos disponíveis na América do Sul. Dos projetos em desenvolvimento, 50% são de classe econômica ou midscale, com 5 mil quartos em junho deste ano.
Cypriano apresentou segunda edição da pesquisa do Hotel Invest
Enfatizando esse dado, Cypriano apresentou que existem 177 hotéis previstos (26 mil apartamentos) para até o fim de 2024, com investimento de R$ 6,7 bilhões. Destes, 58% serão entregues até o fim de 2020. Segundo o diretor, tal evolução de oferta é baixa, representando crescimento abaixo de 1% ao ano.
Dos empreendimentos previstos pela Hotel Invest, 49% são da categoria econômica e 65% terão de 100 a 199 unidades habitacionais. Outro dado interessante é que 65% dos hotéis em desenvolvimento estão no modelo de condo-hotéis. Em ternos de localização, 66% estão fora das capitais e concentrados nas regiões Sul e Sudeste. Destes, 50% estão em cidades com até 300 mil habitantes.
Fórum Nacional da Hotelaria: tendências
Após a apresentação dos dados, os painelistas discutiram tendências para o setor. Com o consenso de que a hotelaria está em um momento de retomada da expansão, dados, precificação e consolidação do mercado estão no radar.
“Três principais tendências que vejo para os próximos anos, e que o gestor hoteleiro deve se preocupar, são a segurança ciber, em que a proteção de dados do cliente cresce em importância; a customização e experiência do viajante; e a conexão e distribuição inteligente”, disse Rodrigo Cezar.
Segundo os convidados, a hotelaria volta a expandir, mas não com o mesmo otimismo de antes de 2013/2014. “Depois de uma crise intensa e longa, o investidor do setor, que sofreu muito nesse período, passou por um processo de aprendizado, o que o ajudou a entender mais a operação hoteleira. O que vemos agora é uma fase expansionista mais racional e realista”, continuou Giestas.
Já para o CEO do Royal Palm Hotels, o desafio no momento é consolidar essa recuperação. “Há um prognóstio muito positivo e a demanda não para de crescer. O que devemos nos atentar agora é na manutenção da oferta e, mesmo com a crise dos últimos anos, agora se mostra um bom momento para desenvolver novos projetos, considerando o tempo de maturação”, finalizou.
(*) Crédito da foto: Vinicius Medeiros/Hotelier News