Leia a entrevista com os executivos do Nannai Beach Resort (PE)
25 de fevereiro de 2008
Inaugurado em novembro de 2001, o Nannai Beach Resort está localizado na praia de Muro Alto, no litoral sul de Pernambuco. Atualmente, o resort é considerado como uma das referências no mercado dos resorts de praia. A cidade de Porto de Galinhas é sua vizinha e para se deslocar até lá, bastam dez minutos de buggy. No entanto, as qualidades do Nannai fazem seus sentidos se atentar para os mínimos detalhes de tanto sol e beleza.
O empreendimento foi projetado para ser um resort de 270 apartamentos a fim de tornar-se mais um empreendimento de alguma rede hoteleira internacional. Porém, a conclusão foi diferente. Hoje, a propriedade disponibiliza 53 bangalôs com piscinas privativas, trabalhando sobre o conceito de paz e tranqüilidade, criando assim um novo produto no mercado.
Rodrigo Lins, gerente comercial, e John Davies, gerente geral
(fotos: Peter Kutuchian)
Hôtelier News: Como podemos classificar o Nannai Beach Resort?
John Davies: Não somos um resort de luxo com granito no chão e torneiras de ouro no banheiro, mas somos o mais competente no que diz respeito ao luxo no atendimento e serviços. Nosso potencial realmente é este. Nós iniciamos a experiência do hóspede recebendo e saudando pelo nome, assim que abrimos a porta do carro. Nós conversamos e, principalmente, ouvimos os clientes para saber quais são suas expectativas e depois torná-las realidade. Com base somente neste fato, já posso classificá-lo como um resort de luxo.
HN: Qual foi o balanço do Nannai em 2007?
O resort, assim como toda região, foi muito beneficiada pelo desempenho do projeto do Recife Convention & Visitors Bureau, O Recife é aqui. Parte dos resultados positivos, em alguns meses, se deve ao workshop intinerante.
HN: Quais serão os investimentos deste ano?
Lins: Este ano construiremos um spa. Nós já estamos em negociação com uma rede de spas que atua no Brasil, mas ainda não podemos revelar seu nome. O que podemos adiantar é que o conceito da empresa é o mesmo do empreendimento, o relaxamento. Podemos adiantar que não será um spa médico, e sim um para relaxamento que completará nossos serviços em lazer.
“Mesmo com a localização muito próxima a outras
propriedades, nosso conceito é diferente”
HN: Qual o público alvo do hotel?
Davies: Atendemos a todo tipo de hóspede, mas o nosso perfil é para casais jovens. Esta pergunta é curiosa, porque criou-se um mito, não sei como, que o Nannai não recebia crianças. Um tremendo mal-entendido! Tanto que no ano passado nós reformamos e inserimos novos brinquedos no nosso kid’s club. Elas são benvindas sim!
Dentro deste público a demanda principal é de São Paulo e Rio de Janeiro. Já entre o publico estrangeiro a predominância é de portugueses e argentinos. Nós perdemos muitos clientes que vinham de fora do país devido ao caos aéreo, principalmente da Europa, mas nós ganhamos hóspedes americanos.
HN: Como é a venda para o Nordeste?
Davies: É difícil, porque o nordestino vivencia o clima da região a todo minuto. Eles estão próximos das praias, por isso este mercado não os encanta. Claro que existem exceções, mas a venda para essa região não é significativa.
HN: Como é a relação com a concorrência?
Lins: Não temos medo. Mesmo com a localização muito próxima a outras propriedades, nosso conceito é diferente. Não somos um resort que preza pelo barulho e atividades agitadas que, às vezes, são inoportunas. Nós interagimos com o cliente sempre que há necessidade. Enquanto isso não acontece, nós os deixamos relaxar.
HN: Muitos hotéis começaram a investir em organização de eventos corporativos para suprir as necessidades da unidade em relação à baixa ocupação. O Nannai também tem esta intenção?
Um evento de grande porte nos traria problemas, já que o fluxo de homens em uma conferência é bastante grande. Complicaria ainda mais se a maioria estivesse desacompanhada, já que depois do trabalho, os hóspedes querem se divertir. Quando recebemos evento pequenos, os participantes trazem a família e enquanto trabalham os acompanhantes desfrutam das belezas do hotel e da região.
“O sul de Pernambuco até o norte de Maceió é uma região
com forte potencial de desenvolvimento”
HN: Como será a atuação de marketing do Nannai em 2008?
Porém, uma das nossas ferramentas mais eficientes é o boca-boca. Muitos hóspedes habitués indicam o o Nannai para os amigos. Nós temos clientes deste perfil que visitam o resort cerca de seis vezes durante o ano. Sem contar aqueles que vão uma única vez, mas para passar mais de 20 dias.
HN: Como acontece a fidelização? Ela existe?
Lins: Nós não temos um programa de fidelização que devolve pontos ou qualquer outra coisa deste tipo com o acúmulo de hospedagem. Como atendemos cada hóspede como único, os habitués têm mais atenção ainda. Nós proporcionamos alguns mimos durante a estada sem que ele perceba. A qualidade no serviço é o que fideliza nossos clientes.
HN: Vocês disponibilizam reservas online pelo site do resort?
Lins: Em breve anunciaremos a contratação de uma empresa do setor. Estamos estudando muito bem qual ferramenta implantar para contar com um serviço completo. Com isto, podemos atender agências de viagens, empresas e o público final. Queremos um serviço em que o cliente possa optar por diversas funções, uma delas seria o pagamento com cartão de crédito via internet.
HN: Que tipo de atividade vocês realizam em relação à capacitação?
Davies: Trabalhamos o ano todo conversando com os colaboradores e repassamos para nosso departamento de RH. Nós avaliamos a necessidade dos requerimentos e assim que possível implantamos, ministramos cursos, entre outras atividades.
“A qualidade no serviço é o que fideliza nossos clientes”
HN: Com quantos colaboradores o resort conta?
Davies: Nós não fornecemos números deste tipo, assim como a ocupação, mas o que eu posso revelar é que calculamos a necessidade do empreendimento como 1,2 à 2,2 colaboradores por apartamento. Acreditamos que este é o número ideal para o resort.
HN: Quais são as ações ambientais e sociais que o Nannai realiza?
Lins: Desde nossa inauguração estamos engajados na preocupação com o meio ambiente e com a comunidade de Porto de Galinhas. Entre tantas que participamos, podemos citar a doação de roupas e enxoval para asilos e creches. Além disso reciclamos os materiais utilizados no resort, tratamos e reaproveitamos a água e o consumo de energia é reduzido. Uma das ações mais gratificantes foi participar da reforma do hospital Carosita. Investimos a fim de melhorar a infra-estrutura da região e consequentemente a também do resort.
HN: Como vocês avaliam a chegada de tantos resorts no Nordeste?
Davies: O Nordeste tem sol, praia e uma mão-de-obra carente de oportunidade, aprendizado, entre outros fatores. Se os novos empreendimentos potencializarem isto, o mercado será muito positivo para a região.
Do sul de Pernambuco até o norte de Maceió, a região possui forte potencial de desenvolvimento, sendo muito agradável e com a água do mar quente. Há alguns anos, o Rio de Janeiro era o principal atrativo turísitico do país, porém o destino é uma grande cidade. Depois surgiu Angra dos Reis, que só é proveitoso para quem tem barco. Esta região do Nordeste que comentei pode comportar toda estrutura necessária para um turismo diversificado. A Europa e a América Central já contam com estes diferenciais. Agora, cabe ao Brasil se atentar a este padrão.
“Até mesmo durante a Formula 1 nosso empreendimento é atrativo”
HN: De qual forma o turismo de Porto de Galinhas pode incrementar o seu número de turistas?
Davies: A venda de pacotes conjugados é uma boa saída. Nós contamos com um serviço em que o cliente se hospeda no hotel, depois vai para Fernando de Noronha e retorna ao resort. A procura ainda não é muito grande e não passa de 1% do total de nossas vendas. O hoteleiro não deve se preocupar em trazer hóspedes somente para o empreendimento dele. A experiência deve ser completa. A qualidade no atendimento e nos serviços é obrigatória, com isso o hóspede já estará contagiado.
HN: Você acreditam que o Nannai será beneficiado com a Copa do Mundo?
HN: Existe a possibilidade de um novo Nannai ser construído?
Lins: No momento, essa não é nossa intenção, mas quem sabe?!
Serviço
John Davies: [email protected]
Rodrigo Lins: [email protected]