Segurança é investimento
Por Mariana Lapeiz *

Os meios de hospedagem têm como objetivo maior suprir as necessidades básicas dos turistas quando estes estão fora de seu local de residência. Para tanto, é necessário que se ofereça um ambiente saudável e confortável, que garanta o bem-estar físico e mental do hóspede.

A hotelaria nacional passa por um momento de crescimento e desenvolvimento graças aos investimentos realizados e à busca contínua pela qualidade e excelência na prestação de serviços.

Paralelamente, verifica-se a estratégia da EMBRATUR a fim de consolidar o Brasil como destino turístico internacional. Para tanto, foi criado o Plano Aquarela, que definiu uma nova ?marca Brasil? e estabeleceu diferentes ações de marketing visando o mercado externo e interno. Outra ação a ser mencionada é o PCTS (Programa de Certificação em Turismo Sustentável), desenvolvido pelo Instituto de Hospitalidade. Este programa tem dentre seus objetivos a melhora da qualidade do produto hoteleiro.

Porém, infelizmente, nos últimos meses tivemos notícias lamentáveis de acidentes, alguns fatais, em empreendimentos hoteleiros do país. A mídia expõe o caso incansavelmente e então ocorre uma onda de comentários, sugestões, denúncias e o conseqüente esvaziamento de clientes assustados com o fato de que a ocorrência poderia ter sido com eles. Mas nada de concreto tem sido feito para que estas situações não se repitam mais.
Este é o momento de enxergarmos um incidente ou um acidente como um marco de enorme importância, gerador de mudanças para que o mesmo nunca mais venha a ocorrer.
Ele deve ser investigado exaustivamente, não só pelos envolvidos, mas por toda a indústria do turismo, para que os fatores que o geraram sejam identificados e corrigidos.
Ao analisar profundamente as ocorrências, podemos, na grande maioria dos casos, identificar erros de procedimentos, de equipamentos ou falhas humanas como agente causador.

Portanto, devemos mudar conceitos e atitudes. É necessário um amadurecimento das pessoas e organizações para que não aceitem palavras como ?tragédia? ou ?fatalidade?. É necessário difundir uma cultura de Prevenção e Segurança. Essa cultura consiste na crença, prática e atitudes compartilhadas por todos os níveis do serviço. É basicamente uma atmosfera criada, que orientará o comportamento dos atores envolvidos em todos os níveis.

Preocupada com a situação atual, a Associação Férias Vivas, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público ? OSCIP, atua em prol da conscientização  de consumidores, poder público, instituições reguladoras e fornecedores do setor para o tema PREVENÇÃO E SEGURANÇA nas atividades turísticas.

Sua principal vocação é a disseminação do conhecimento necessário para o cumprimento de boas práticas no quesito, trabalho que se iniciou através da criação e manutenção de um dos bancos de dados mais efetivos do país, sobre a ocorrência e as causas de variados acidentes no turismo, que ceifaram ou comprometeram a vida de centenas de pessoas.

No site da associação (
www.feriasvivas.org.br), é possível encontrar uma diversidade de artigos, obter informações sobre legislação e também consultar o banco de dados citado anteriormente.

Tal pesquisa e tratamento das informações permitiram o desenvolvimento de uma política preventiva para a atividade turística no Brasil. A Férias Vivas está colaborando intensamente com órgãos governamentais e outros representantes do setor para a criação de normas no âmbito da Associação Brasileira de Normas Técnicas ? ABNT e que disparam o processo de regulamentação em importantes segmentos da indústria turística.
Os meios de hospedagem não podem ficar à margem deste processo. Assim como se investe em sistemas gerenciais informatizados, investimentos devem ser feitos em treinamento de colaboradores e melhorias da estrutura física para que os meios de hospedagem sejam notícia somente por conta dos bons serviços prestados.


* Mariana Lapeiz é professora do SENAC e voluntária da Férias Vivas