Este mês, Maarten Drenth completou um ano morando no Brasil e atuando na gerência geral do InterContinental São Paulo, empreendimento da rede InterContinental Hotels Group (IHG) na capital paulista. O executivo, que possui mais de 15 anos de experiência na hotelaria na Alemanha, Espanha e Estados Unidos, conta suas expectativas para o turismo em São Paulo e no Brasil. Veja abaixo algumas de suas idéias.

Por Peter Kutuchian e Thais Medina


Maarten Drenth
(fotos: Peter Kutuchian)

Hôtelier News: O que você acha da hotelaria em São Paulo?
Maarten Drenth: A cidade de São Paulo tem muitos bons hotéis de luxo, mid-scale e econômicos. A oferta é boa e intensa, porém seu crescimento foi muito rápido, enquanto o incremento da demanda está atrasado. Para 2007 o cenário está favorável, já que a demanda está crescendo, porém as tarifas não estão sendo cobradas como deveriam ser. A diária em São Paulo é muito baixa.

HN: Quanto você considera que seria necessário aumentar a diária média?
Drenth: Todos os hotéis, para começar, deveriam subir suas tarifas em 10%, mas o ideal seria entre 10 e 20%. Os hotéis têm gastos fixos e somente com um maior valor de comercialização é possível oferecer serviços melhores e diferenciados.

HN: O que falta para São Paulo ‘explodir’ no turismo?
Drenth: São Paulo é a principal capital financeira da América Latina, porém os turistas reclamam da falta de vôos e as companhias aéreas estão lotadas. Além disso, acho que falta divulgar a cidade como destino de lazer, o que já está sendo trabalhado pelo São Paulo Convention & Visitors Bureau e pela São Paulo Turismo.

 

HN: Como pode ser comparado o serviço oferecido nos hotéis do Brasil e do exterior?
Drenth: Essa é uma comparação positiva. O calor humano é um importante ingrediente do brasileiro, que está sempre de braços abertos para receber estrangeiros, falo por experiência pessoal. Vale lembrar que os turistas de outros países gastam de três a quatro vezes mais que os viajantes domésticos. Haverá crescimento no turismo apenas se fizermos bem o nosso trabalho e desempenharmos nossa responsabilidade de prestar bom atendimento.

Na Europa e nos Estados Unidos os colaboradores têm mais conhecimento profissional, mas no Brasil eles têm mais vontade de trabalhar. O nível de treinamento dos trabalhadores de lá não é diferente dos daqui. O mundo está mudando e todos precisam de treinamento para atender às expectativas dos hóspedes, que também está sempre mudando.

No InterContinental São Paulo realizamos programas de treinamentos de 100 horas para cada colaborador, incluindo ações práticas e capacitação para gerentes e diretores. Buscamos fazer com que o colaborador cresça junto com o hotel, recebendo promoções e aumentando as responsabilidades em seus cargos de trabalho. Um exemplo são as aulas de inglês ministradas para todos – atualmente trabalham 180 pessoas no empreendimento.

HN: Quanto dos hóspedes recebidos pelo hotel são estrangeiros?
Drenth: Sessenta porcento dos hóspedes do InterContinental São Paulo são estrangeiros, sendo nossos principais mercados internacionais os Estados Unidos, a América Latina e a Europa.

  

HN: Como você acha que a crise aérea afeta o turismo?
Drenth: Os hóspedes estão inseguros, com uma imagem bastante negativa do Brasil. São Paulo tem sorte porque os turistas a negócios precisam viajar para o destino, o que movimenta restaurantes e lojas, entre outros. Mas cada vez que o aeroporto é fechado por causa da chuva, os vôos atrasam ou são cancelados e malas são extraviadas, o turismo no país fica prejudicado. Todos queremos que a demanda de turistas no país cresça, mas para tanto é preciso que toda a infra-estrutura funcione bem. A Espanha tem hoje 70% de seu Produto Interno Bruto (Pib) baseado no turismo e o Brasil também pode alcançar esse índice.

HN: Como foi o desenvolvimento do hotel nesse primeiro ano sob sua gerência?
Drenth: A equipe do InterContinental me recebeu de braços abertos, ajudando em tudo que precisei. Assim também aconteceu com os hóspedes, clientes e fornecedores, o que facilitou com que eu pudesse colocar em prática e com rapidez algumas ações. Por outro lado, a Copa do mundo e os ataques violentos do PCC atrapalharam a concretização de alguns negócios.

O mercado hoteleiro está crescendo muito, mas no segmento luxo o incremento não é tão grande. Além disso, os produtos cinco estrelas de São Paulo têm muito bom nível.

   

HN: Você acredita que a oferta de centros de convenções na cidade é suficiente?
Drenth: A oferta é muito grande, mas ainda falta um espaço com capacidade para 5 ou 10 mil pessoas, onde possam ser realizados congressos internacionais que ajudem na movimentação da economia local, incluindo lojas, restaurantes e hotéis. São Paulo tem uma carteira enorme de eventos, porém eles são de pequeno porte.

O Brasil tem todos os ingredientes para crescer e estou certo de que os próximos anos serão os melhores do país na hotelaria, já que o setor está muito bem organizado com entidades como a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) e o Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb).

Serviço
www.ichotelsgroup.com.br