Márcio Moraes

Os livros de autoajuda fazem um grande sucesso, há especialistas que escrevem desde o que as pessoas devem fazer para conquistarem o prêmio de melhor mãe, pai, como influenciar pessoas, até hábitos dos profissionais que fazem sucesso. A conquista da felicidade parece uma receita: uma pitada de autoconfiança, uma porção de autoestima, um punhadinho de determinação. Como seria bom se assim fosse! Na verdade, seria chato. Imagina todos fazendo a mesma coisa, agindo do mesmo modo, num padrão de comportamento, de  etapa em etapa padronizada levarei a felicidade à família, vida social e profissão.

Querem saber de uma coisa? Tenho percebido nesses vários anos de orientação aos profissionais em busca de recolocação que há muita gente copiando comportamento dos outros, como se fosse um livro de autoajuda, se serviu para ele, servirá para mim.  Assim muitos vivem por longos anos a vida profissional do outro, copiando cada passo, gestos, forma de comunicação. Não me perguntem de quem. Não sei se é do pai, da mãe, do tio, do diretor, do gerente, não chego nesse grau de intimidade com os meus orientados. 

Como falei não procuro saber o referencial das pessoas, nem mesmo se foi alguém que seja realmente um exemplo de felicidade, que tenha conquistado as melhores posições no mercado, porque o método que ele criou serviu tão somente para ele.  Você terá que encontrar o seu. Tudo bem, não entrarei na famigerada frase “o autoconhecimento é importante”, porque está muito batido, até mesmo nos livros de autoajuda e na sequência oferecem uma formula mágica. 

Vamos falar daqueles que se conhecem, mas não conseguem dominar seus talentos, sabem do seu poder de bater numa mesa durante uma reunião, e batem. Não conseguem controlar seu talento de independência, quando se deparam com a necessidade de seguir regras e procedimentos. Não que o talento independência seja ruim, ao contrário, é ótimo para àqueles que sabem usar, assim como qualquer outro talento. O problema está na dosagem. 

Seguirei nesse talento, depois mostrarei outro exemplo contrário ao independente. Esse quando usado fora da proporcionalidade, revela um indivíduo de grande audácia, age do modo que entender para atingir seus objetivos, sem se prender a regras e restrições. São tão autossuficientes, ao ponto de acreditar cegamente que não precisam de ninguém. Contrariam tudo e  todos sem se preocupar com o peso de suas palavras. Aqui tem um segredinho, sofrem por demais com as palavras dos outros, tudo é levado ao pé da letra. No final, são pessoas frágeis como qualquer outra, porém consideram o mundo hostil, não podem de maneira alguma mostrar suas fraquezas. Levada ao universo profissional tem muita dificuldade de manter um emprego saudável por longos anos. 

Encontrei muitos profissionais assim, fora da dosagem, alguns perceberam esses comportamentos exacerbados e descobriram formas de se manter no equilíbrio, acharam um escape saudável e a autovigilância. Os Independentes perceberam que as cobranças durante uma reunião tem validade, o tempo que dura esse encontro.  Haverá sofrimento, mas é passageiro. Depois sozinho, poderá analisar todos os pontos, ajustar as ações, e retornar ao tema com mais calma. Difícil para esse perfil é ouvir calado, um desafio que somente com muita prática e aprendizado poderá ser vencido.

Na dosagem certa o talento Independente trás melhorias para empresa. São Inovadores, dividem projetos de longo prazo em uma série de planos específicos e trabalham em cada um deles exaustivamente até sua conclusão. Ativos e empenhados na busca do sucesso, com base na fundamentação. Ótimos como Desbravadores, quanto mais desafiadora a situação, mais motivada essa pessoa fica. Estabelecido o objetivo, fica inquieto para descobrir as formas de atingi-lo. Encontramos entre muitos dos Independentes o talento Empreendedor, possui uma necessidade inexorável para realizar. Nunca está satisfeito, a cada dia novas coisas precisam ser feitas. Sempre que o meio lhe sinaliza alguma nova possibilidade, tende a abrir uma inovadora frente sem deixar as anteriores.

O exagerado é sempre perturbador. É como se tivesse uma “fera” dentro dele e tem mesmo, basta ele escolher o sinônimo certo, será ele cruel ou especialista. 

Ao contrário do Independente, como prometi falar, o talento Conexão, orientado para as regras, são pessoas que precisam se sentir seguras da sua posição e usam os regulamentos e procedimentos estabelecidos como parâmetros para apoiar suas ideias. Buscam manter relacionamentos positivos no trabalho. Quando exagerado, não conseguem tomar uma decisão sem consultar os procedimentos ou outras pessoas, são extremamente colaboradores e muito disciplinados, indecisos quando obrigados a assumir uma posição em que somente eles podem resolver.  

Para ter uma ideia, quando o talento Conexão está na dosagem certa são ótimos Observadores, conseguem identificar as intenções, buscam históricos para compreender o presente e se orientam por esses dados para tomarem decisões melhores. Tornam-se ótimos parceiros, pois entendem as pessoas.  Precisam de tempo para se orientar e também fazer as perguntas certas que vão lhe dar uma visão mais linear das situações. Quando arquitetam essa visão, conseguem ajudar os outros a entenderem muito bem onde estão e onde pretendem chegar.

Dois comportamentos opostos, não é verdade? Se aprenderem a dosar seus talentos formará uma ótima dupla de trabalho. É assim que nascem as melhores equipes, compreendendo a capacidade de cada um, segurando os exageros, com respeito mútuo se complementam. Não tenha medo da sua essência, basta aprender a domar seus talentos. Leia o melhor livro de autoajuda, VOCÊ!  Folheie suas páginas com cuidado, marque aquelas que necessitem de mais atenção, de ajustes. Destaque as frases com seus pontos fortes,  descubra suas qualidades, coloque a dosagem certa, traga o equilíbrio e que venha a felicidade. Aqui estou eu, dando dicas de autoajuda, como isso é vicioso!  

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Márcio Moraes é gerente de Carreira na QI Profissional, especializada no mercado de hospitalidade. Professor Universitário. Formado em Hotelaria,  especialista em Qualidade e Produtividade, Planejamento e Marketing, formação avançada em DISC (ferramenta de análise de competências comportamentais).

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