“Destino natural”
O Brasil está no foco das redes hoteleiras espanholas, diz Enrique Ruiz de Lera, cônsul de Turismo da Espanha


Enrique Ruiz de Lera, cônsul de Turismo da Espanha (centro), entre Guilherme Paulus e Michael Barkoczy,
ambos da CVC, no lançamento dos vôos fretados pela operadora junto à Tam para a Espanha
no restaurante Figueira Rubayat, em São Paulo (foto Hôtelier News/Arquivo)

por Claudio Schapochnik

A indústria turística é um dos pilares da economia espanhola já há alguns anos. Graças à revolução que a Espanha promoveu nesse segmento, o país vem colhendo muitos frutos positivos. Em 2003, o país foi o segundo colocado no ranking das nações mais visitadas por estrangeiros, com um total de 52,5 milhões de turistas — só perdeu para a França. Nesse mesmo período, cerca de 170 mil brasileiros viajaram para conhecer as belezas da Espanha.
Nesta entrevista, Enrique Ruiz de Lera, o cônsul de Turismo da Espanha, fala sobre a movimento na indústria hoteleira do país e o interesse das redes espanholas no mercado brasileiro.
Ele fala ainda da importância da busca da qualidade no setor hoteleiro, com o criação na Espanha do Plan Integral de Calidade Turística (Picte). “Este programa pretende adaptar os sistemas tradicionais de gestão hoteleira aos sistemas de garantia da qualidade, com a coordenação de cursos de formação, assistência técnica e publicações”, explica De Lera. Leia a entrevista completa abaixo.

Hôtelier News: Qual é o número oficial de hotéis e apartamentos que há na Espanha (continente e ilhas)?
Enrique Ruiz de Lera: Segundo dados da Confederação Espanhola de Hotéis e Alojamentos Turísticos, a Espanha tem ao redor de 4.200 hotéis, hostais e pensões com perto de 720.000 camas.


Parque Guell, em Barcelona: uma das cidades mais visitadas da Espanha
(foto divulgação do Centro Oficial de Turismo Espanhol)


HN: Como anda a taxa de ocupação espanhola?
De Lera: Durante o ano 2003, a taxa de ocupação hoteleira — os dados ainda são provisórios — atingiu 54,50%. No primeiro trimestre do 2004 foi do 44,23%, e no mês de março de 47,56%.

HN: Como você analisa os investimentos em hotelaria que as redes espanholas estão fazendo no Brasil nos últimos anos?
De Lera: O Brasil é um destino natural no processo de expansão internacional das empresas espanholas e dentro delas de suas redes hoteleiras. O setor turístico brasileiro oferece interessantes possibilidades de crescimento, que atuam como um reclamo para a instalação de novos hotéis no País. Assim, algumas das grandes companhías da Espanha como Sol Meliá, Barceló e NH Hoteles estão presentes desde há tempo no País, contribuindo para o crescimento do setor, e outras estão ainda em fase de instalar-se.

HN: Por que grande parte das redes espanholas (Sol Meliá, Iberostar, Sehrs, Barceló etc) se especializaram em turismo de lazer?
De Lera: A maioria destas redes estão orientadas ao turismo de férias. É por isso que oferecem principalmente produtos de lazer por meio de hotéis tipo resort (tudo incluso) em zonas do litoral. Mas estão também presentes no setor da hotelaria urbana, como a Sol Meliá e a NH na cidade de São Paulo.


Paisagem em Sevilla, cidade muito procurada pelos turistas na Espanha
(foto divulgação do Centro Oficial de Turismo Espanhol)

HN: Há alguma rede que você sabe que virá ao Brasil?
De Lera: Duas redes espanholas estão chegando ao mercado da hotelaria brasileira: a Serhs, com a construção de um novo hotel em Natal (RN), e mais Iberostar, que além de inaugurar um barco-hotel no Amazonas no mês de setembro, contará no próximo ano com um outro emprendimento na Praia do Forte, na Bahia.

HN: Quais são as novidades em termos de hotelaria hoje na Espanha?
De Lera: Por meio do Instituto para a Calidade Turística Espanhola (ICTE), entidade de certificação de sistemas de qualidade nas empresas turísticas, está se implantando no setor hoteleiro espanhol um Plan Integral de Calidade Turística (Picte). Este programa pretende adaptar os sistemas tradicionais de gestão hoteleira aos sistemas de garantia da qualidade, com a coordenação de cursos de formação, assistência técnica e publicações.
O elemento mais visível deste plano é a marca genérica “Q de Calidade Turística”, debaixo da qual se ampara o conjunto dos produtos turísticos que cumprem com os níveis de qualidade exigidos pelas Normas de Qualidade de Serviços. Essas normas asseguram que as empresas estão trabalhando na melhoria contínua dos mesmos, com a finalidade de satisfazer as exigências dos clientes.
Por enquanto, 273 hotéis e apartamentos turísticos foram certificados na Espanha dentro do plano Picte e premiados com a distinção “Q de Calidade Turística.