Mônica Paixão
(fotos: Peter Kutuchian)

Ela é bonita, simpática e, acima de tudo, competente. Há sete anos comandando o Ipanema Plaza, Mônica Paixão levou, desde a inauguração, o hotel às melhores ocupações do mercado carioca, mostrando que uma equação simples – bom produto, trabalho duro e boa divulgação – é a maneira mais correta para se chegar aos bons resultados. Mais ainda, com o desempenho do empreendimento, seu nome virou referência na hotelaria da cidade.

Conheça um pouco mais sobre essa executiva, sinônimo de muito trabalho e altas ocupações no Rio de Janeiro.

Por Vinícius Medeiros

Hôtelier News: Num mercado tão competitivo como o carioca, no qual grandes bandeiras e bons hotéis independentes convivem lado a lado, qual o segredo do Ipanema Plaza, que há anos vem registrando bons índices de ocupação e diária média?
Mônica Paixão: Isso é realmente uma coisa que todo mundo sempre pergunta, pois há quatro anos possuímos a melhor ocupação do mercado. Creio que se trata de um conjunto de fatores que agrada ao cliente: uma boa localização, num pedaço super legal de Ipanema e próximo à praia; um hotel novo em folha com decoração moderna, boa gastronomia e bons serviços; tudo isso aliado ao bom trabalho de nossa equipe. Este último ponto, por sinal, é realmente um de nossos diferenciais. Aqui trabalhamos com outro espírito, fora daqueles padrões pesados da hotelaria, sem muita rigidez como vemos nas grandes redes e, por isso, as pessoas são mais velozes e as decisões mais ágeis.

HN: O ano passado foi de dificuldades na hotelaria carioca, com crise cambial e na aviação, além de problemas com segurança na cidade, o que afastou turistas e afetou a ocupação dos principais hotéis do Rio. Mas isso, aparentemente, ficou para trás. Qual a projeção para 2007? O que esperar desse ano, que será marcado pelos Jogos Pan-americanos?
Mônica: Em termos gerais, o ano passado foi pior que 2005, com fatores adversos como a Copa do mundo, a quebra da Varig e eleições presidenciais prejudicando os resultados. Apesar disso, conseguimos um bom desempenho. Já em 2007, o mercado hoteleiro carioca ainda sente os reflexos do que aconteceu, principalmente pela falta da Varig, que afeta muito os hotéis que trabalham bastante o mercado externo, como o nosso. Realmente é complicado, pois notamos que os estrangeiros querem vir ao Brasil, mas não encontram lugar nos vôos. Assim, acho que este ano não promete muito, pois até as coisas voltarem a ser como eram, principalmente no setor aéreo, leva-se tempo.

Em relação ao Pan-americano, estamos realmente com uma procura grande para o período, mas, ao mesmo tempo, não podemos basear todas nossas ações no ano em virtude de um único evento. Sem dúvidas ele vai ajudar muito, mas ainda nos resta todo um ano pela frente.

  

HN: Ainda nesse contexto da hotelaria de luxo carioca, qual a sua avaliação sobre ela? O que há de melhor e de pior no setor?
Mônica: De positivo, destaco o atendimento. A verdade é que o carioca sabe receber, sabe ser simpático e acolhedor e isso é um diferencial forte em relação às outras cidades. Tudo é possível, encontra-se um jeitinho para qualquer necessidade e, de fato, os turistas estrangeiros percebem e com certeza valorizam isso. É claro que há outros pontos positivos, mas creio que isso é o mais importante e faz a diferença para a cidade.

De pior temos a pouca oferta de bons hotéis. Apesar de existir muita opção em Copacabana, os bairros mais nobres como Leblon e Ipanema possuem apenas seis, sete hotéis, o que é muito pouco para o porte da cidade. Assim, creio que existe uma carência de bons hotéis e podemos sentir isso quando estamos lá fora, onde há mais oferta. Há muito tempo não se abre um hotel novo na zona Sul. Para se ter uma idéia, nós, que inauguramos em 2000, ainda somos considerados novos. São sete anos e ainda levamos esse rótulo.

HN: Por mais que se fale o contrário, Copacabana é até hoje o lugar mais conhecido do Rio de Janeiro e que atrai o maior número de turistas. Além disso, no bairro se localizam alguns dos principais hotéis cinco estrelas da cidade. Mesmo assim, o Ipanema Plaza está há anos como um empreendimento referência em Ipanema. Neste contexto, até que ponto a distância de Copacabana é sadia?
Mônica: No início, quando comecei a divulgar o hotel no exterior, principalmente no mercado europeu, tive alguma dificuldade e percebi uma resistência muito grande. O bairro de Copacabana ainda é muito conhecido para os europeus e, quando eles pensam em uma praia no Rio de Janeiro, eles lembram de Copacabana.

Aos poucos, fomos mudando isso, apresentando as aspectos positivos do bairro. Mostramos que Ipanema, por ser muito mais sofisticado, com um lifestyle diferente de Copacabana, também é muito legal e conseguimos atrair hoje um público específico. Posso garantir que estes clientes não voltam mais para lá. Hoje em dia, por exemplo, a França é nosso terceiro maior mercado, mas foi sem dúvidas um trabalho muito suado e que nos deu bons resultados.

    

HN: Atualmente os hotéis de luxo têm investido cada vez mais em novos e exclusivos serviços. O que o Ipanema Plaza faz nesse sentido?
Mônica: Trata-se de uma tendência geral na hotelaria. Há cerca de um ano, apesar de o hotel ser novo, refizemos todo um andar, o Ipanema Floor, trazendo algumas novidades como tábua corrida nos apartamentos e hidromassagem, o que acabou se tornando um bom diferencial para a gente. É como se fosse um outro hotel dentro desse mesmo hotel. Esse andar está sempre lotado, o que nos mostra que o caminho é por aí.

HN: O Ipanema Plaza tem a intenção de ampliar a oferta do Ipanema Floor?
Mônica: Sem dúvidas. Com o Ipanema Floor fizemos uma espécie de “ensaio” para saber como seria a reação do mercado e agora partiremos para renovar outro andar. Como nesse momento estamos vivendo a expectativa do Pan-americano, ainda não fizemos nada. Mas nossa idéia é incluir o Ipanema Floor – ainda não nos decidimos – entre o 15º e o 17º andar. No entanto, o mais difícil aqui é conseguir disponibilidade. A obra obviamente vai demandar um tempo e, com ela, precisaremos manter um andar fechado, o que nos faz adiar um pouco este projeto.


Apartamento do Ipanema Floor

HN: E em termos de expansão da rede, há alguma novidade em vista?
Mônica: Apesar de fazermos parte da rede Golden Tulip, o hotel pertence a dois investidores estrangeiros – um espanhol e outro belga – que têm interesse em expansão. Eles até sondaram o Portinari à época em que estava sendo vendido, bem como algo em Macaé, mas nada foi adiante. No caso do Portinari seria muito bom para nós, pois até poderíamos utilizar e manter toda a estrutura comercial e administrativa já existente aqui no hotel. Mas por enquanto não há nada em vista.

HN: Quais os benefícios de fazer parte da Golden Tulip?
Mônica: Para um hotel independente, como o nosso, é fundamental ter uma bandeira internacional por trás, porque o cliente sempre quer ter uma referência. Assim, com certeza a Golden Tulip agrega muito ao hotel. Freqüento eventos no exterior e vemos que a marca nos dá uma boa referência, pois se trata de uma rede muito conhecida lá fora.

HN: Você é presença marcante nas principais feiras de turismo internacionais. Até que ponto esse investimento é realmente válido?
Mônica: Acho que vale muito à pena. É claro que nem sempre você fecha um grupo, por exemplo, mas só o fato de estar presente e mostrar seu produto, sempre há retorno. A prova é o nosso resultado final, pois temos um mercado internacional muito forte. Ao longo do ano participamos de muitas feiras, mas, entre elas, não ficamos de fora da BTL (Portugal), Fitur (Espanha), Top Resa (França) e WTM (Inglaterra).

Investimos uma boa quantia na participação destes eventos e, sem dúvidas, temos um bom retorno. Esse investimento, no entanto, não chega nem a 1% da receita do hotel e, portanto, vale muito à pena.


Fachada do Ipanema Plaza

HN: Como vê a chegada do Rio Universe (Fasano Rio), que fica aqui ao lado e deverá ser inaugurado ainda este ano?
Mônica: Ele será inaugurado com grande expectativa, pois se trata de um hotel com nome forte, além de ótimo serviço – digo isso porque conheço muito bem o Fasano de São Paulo – e que será mais um a dividir a fatia de bolo aqui de Ipanema. Mas, por outro lado, sua chegada também vai trazer maior valorização para a região, além dele se tornar mais um hotel para nos unirmos e agregarmos coisas positivas para o bairro. Temos uma parceria muito boa com o Fasano de São Paulo – eles ficam aqui com gente quando vêm ao Rio –, então estamos bastante satisfeitos com sua chegada.

HN: Durante 15 anos você trabalhou no Le Meridien Rio e agora atua em outra bandeira estrangeira tradicional. Como foi essa transição? Há muitas diferenças de metodologia?
Mônica: Aprendi muito lá e, com certeza, trouxe muita coisa do que aprendi para cá. Na época da minha chegada ao Ipanema Plaza, já estava um pouco estagnada no Le Meridien, há 15 anos lá e há 12 na mesma função. Então, minha vinda para cá foi um desafio muito bacana. Vim para assumir a gerência comercial, mas em três meses já estava como gerente geral. Cheguei quando o hotel ainda estava em obras.

É muito legal abrir um hotel, pois pude montar a equipe aos meus moldes, bem como implantar uma filosofia de trabalho de acordo com o meu interesse – tem gente que está aqui comigo até hoje. Mergulhei de corpo e alma no projeto, os investidores acreditaram em mim e o melhor disso tudo é ver o resultado do trabalho.

Serviço
www.ipanemaplazahotel.com