Moris LitvakMoris Litvak
(foto: arquivo pessoal)

Calma, não se preocupem que eu não vou contar a Bíblia toda. Vou contar um pouco da minha experiência quando iniciei a venda do sistema de reservas online que tínhamos acabado de desenvolver. Era um tempo, no ano 2000, em que a maioria das pessoas tinha dificuldade em distinguir entre um endereço de e-mail e endereço de site. Eu perguntava: qual é o seu e-mail?  A resposta começava assim: “é… www…”. Duro, né?  Bem, isso quando dava para conversar, pois na maioria das vezes era necessário explicar o que era reserva online.  Todos achavam que já tinham, pelo simples fato de ter um site (os que tinham…) e poder receber aqueles formulários de consulta.

Mais difícil ainda era marcar uma visita.  A maioria do pessoal de vendas e de reservas dizia não necessitar “disso”.  Aos poucos fui percebendo que havia uma grande resistência, posso mesmo dizer, um preconceito, pois principalmente o pessoal de reservas achava que perderia o emprego para o meio eletrônico. Não conseguiam ver um aliado na venda online, e sim um inimigo a ser combatido.  Isso me foi dito claramente várias vezes.  Uma vez, inclusive, na presença do dono de uma rede, que já utilizava o sistema, a chefe de reservas me perguntou:  “quando isso estiver funcionando, o que é que eu vou fazer?”.  Eu lhe respondi:  um trabalho mais nobre do que preencher fichas de reserva ou responder e-mails…

É claro que havia também uns poucos entusiastas, gente em dia com seu tempo.  A um punhado deles, e à minha persistência, devo meu sucesso.  Hoje, passados 13 anos, com a difusão da internet, a banda larga, a chegada de concorrentes, todo o blá blá blá (no bom sentido) sobre reserva online, está muito mais fácil vender este serviço.  Hoje tem gente que faz o site antes de inaugurar o hotel.

Por outro lado, ainda hoje, por mais incrível que possa parecer, há quem ache que o formulário no site seja reserva online.  Dão “um tapa” no formulário, colocando um calendário bacana, pedindo o preenchimento de vários campos, etc, e não confirma nada, nem poderia. Não é só em hotel pequeno. É incrível como é difícil mudar os conceitos na cabeça de certas pessoas.

A palavra da moda, hoje, é inovação.  Há 13 anos atrás não se utilizava tão maciçamente esse termo, mas era isso que eu estava fazendo.  Não foi mole. Mas valeu a pena.  Hoje creio estar inovando novamente, de um jeito bem diferente, mas isso é assunto para um outro artigo.

* Formado em engenharia pela USP, Moris Litvak trabalhou na indústria de computadores quando esta surgiu no Brasil e, mais tarde, em assistência técnica. Fundou a WebBusiness em 1996, que iniciou fazendo sites, tendo concentrado-se em sites para hotéis e logo focado em reservas online. Em 2013, a WebBusiness foi vendida a um grupo europeu e atualmente ele comada a easyHotel, voltada ao fornecimento de tecnologia para pequenos meios de hospedagem.

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