MP 936 - avaliação entidades_ Alexandre SampaioSampaio: hotéis enquadrados no Lucro Real e Presumido 

O bote salva-vidas foi lançado ao mar e a hotelaria não vai deixar passar. Para as principais entidades do setor, contudo, o alívio é momentâneo – o tempo de validade da MP 936 (Medida Provisória). Em conversa com o Hotelier News, líderes do FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil), FBHA (Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação) e Resorts Brasil destacam que a luta continua para a sobrevivência do setor.

De fato, a hotelaria tem três frentes de demandas principais: trabalhistas, tributárias e de crédito. Com a MP 936, a primeira foi momentaneamente resolvida, agora é preciso correr atrás de melhores condições nas outras duas. “Acredito que a parte fiscal também tenha novidades em breve, com moratória e provavelmente um programa de refinanciamento de dívidas”, afirma Alexandre Sampaio, presidente da FBHA. “Se for concedida a moratória e o setor tenha que pagar tudo rapidamente depois, aí também não resolve”, acrescenta Orlando de Souza, presidente executivo do FOHB.

Em relação a crédito, o MTur (Ministério do Turismo) lidera as articulações para injetar mais recursos no setor. “É essencial, porque vamos precisar. Em dois meses, a hotelaria necessitará de caixa para pagar salários, a não ser que prorrogue a MP”, afirma Souza. “O MTur vem se articulando com Caixa, Banco do Brasil e BNDES. Acredito que tenhamos novidades em breve também, e via um canal além do Fungetur”, revela Sergio Souza, presidente da Resorts Brasil.

MP 936: quase perfeita

Para Sampaio, a medida provisória veio em linha com que o setor pleiteava, mas, ao mesmo tempo, não veio perfeita. “Para quem está no Lucro Real ou Presumido (receita bruta acima de R$ 4,8 milhões) já não é tão interessante. No momento atual, arcar com 30% dos salários não é uma tarefa simples, mesmo sem os encargos”, argumenta. “Ficou melhor para o segmento de bares e restaurantes, pois abarca um número maior de CNPJs”, justifica.

MP 936 - avaliação entidades_ Sergio SouzaSouza: MTur atua de forma impecável na defesa dos interesses do setor

Tanto Souza, quanto Sampaio, concordam com a visão do advogado ouvido pelo Hotelier News sobre os caminhos trabalhistas a seguir após a MP. “Em linhas gerais é aquilo, mas cada CNPJ vai definir o que é melhor para sua operação, conversando com investidores quando houver e, principalmente, analisando o caixa disponível”, afirma o presidente executivo do FOHB.

Por fim, em relação à preparação para a retomada, o presidente da Resorts Brasil ainda considera cedo para falar sobre isso. “Sou pé no chão. Estou torcendo para que a curva da pandemia suba de forma menos acentuada e que logo depois venha a queda. Ainda assim, acredito que haverá um fortalecimento do turismo doméstico. Além do câmbio não ajudar, penso que o mundo será muito diferente após a pandemia, o que pode limitar as viagens internacionais”, finaliza Souza.

(*) Crédito da capa: Peter Kutuchian/Hotelier News

(**) Crédito das fotos: Arquivo HN