nicolasovandoVista de um dos pátios do Hostal Nicolás de Ovando
(fotos: Priscilla Haikal)

Em pleno auge da era tecnológica, inovação parece ser a palavra de ordem para se destacar no mercado. São incontáveis as iniciativas pioneiras e exclusivas que prometem impressionar os ávidos consumidores digitais. Seguindo essa tendência, o segmento hoteleiro vem investindo em formas de atingir o incansável atendimento diferenciado.

Essas práticas variam bastante e buscam a personalização do cliente. A rede francesa Accor, por exemplo, lançou no meio do ano passado um aplicativo voltado somente para viajantes a negócios. Outra ferramenta desenvolvida pela empresa funciona como concierge virtual. Em muitos criados-mudos já se encontra o rádio relógio com carregador para iPhone e iPod, fora os empreendimentos que implementaram o check-in on-line. No caso do luxuoso Jumeirah Burj Al Arab, em Dubai, o procedimento é feito num iPad feito de ouro 24 quilates.

Quase na contramão dessas inovações mirabolantes está o Hostal Nicolás de Ovando, situado na capital da República Dominicana, em Santo Domingo. O meio de hospedagem funciona no bairro colonial da cidade, mais precisamente na Calle de las Damas, a rua pavimentada mais antiga das Américas.

Pertencente à coleção MGallery, bandeira de luxo do grupo Accor, a unidade é composta por três casas separadas por amplos pátios de cerâmica vermelha e corredores feitos com colunas de tijolos. Em 1506 uma dessas instalações serviu de moradia para o então governador, o militar espanhol Nicolás de Ovando – daí a inspiração para o nome do hotel.

Aproveitando o contexto histórico ao qual está inserido, o empreendimento consegue atrelar o requinte da marca às construções que ultrapassam 500 anos. Com isso, é possível desfrutar uma experiência rica pela conservação de um passado evidenciado na estrutura arquitetônica e nas tradições contadas pelos próprios moradores. A proposta é que a estadia se diferencie justamente pela oportunidade de se hospedar num local que guarda aspectos de tempos distantes, como paredes de pedra e janelas nada privativas na altura da calçada. São fatores que remetem a outros costumes e realidades, fugindo de padrões que por vezes de tão inovadores acabam se tornando iguais.

*Por Priscilla Haikal

nicolasovando2
Entrada do meio de hospedagem na Calle de las Damas

A história do Hostal Nicolás de Ovando teve início em 2000, quando a Accor estabeleceu um acordo com o governo dominicano para utilizar as dependências da casa colonial como um meio de hospedagem. Foi preciso mais de dois anos e meio de obras para adaptar as instalações ao modelo Sofitel, bandeira inicial do empreendimento. Denis Matas Calderón, gerente geral do hotel, conta que a dificuldade maior do projeto foi respeitar as normas do tombamento da construção.

“Durante a reformulação havia o plano de construir um museu neste local, mas pelas modificações necessárias na estrutura não foi possível concretizar a ideia”, explica o gestor que está no cargo desde setembro do ano passado.

Denis_MatasMeicy Garrido, diretora de Vendas e Denis Calderón, gerente do meio de hospedagem

A unidade começou a funcionar em 2003, sendo o caçula entre os três empreendimentos da cadeia hoteleira na capital dominicana. O Hotel Frances existe desde 2007 e o Mercure Comercial Santo Domingo está prestes a completar quatorze anos. Calderón explica que só depois de seis anos o local passou a integrar a coleção de luxo MGallery, hoje sendo a opção de altos executivos.

“Ao menos 60% dos nossos clientes são viajantes a negócios. Normalmente são profissionais que ocupam postos elevados nas empresas e estão cansados de frequentar sempre os mesmos cinco estrelas”, revela. O público principal é o norte-americano, seguido pelos espanhóis e pelos franceses. Atualmente a região da América do Sul corresponde ao quarto maior emissor. 

O gerente afirma que predominam os visitantes mais velhos, entre 40 a 45 anos, mas que vem aumentando a presença de jovens casais em lua de mel e de residentes que escolhem o hotel para passar os finais de semana. A ocupação mensal gira em torno de 70%.

“Cerca de 5% das receitas do empreendimento são utilizados na manutenção das instalações. São edificações muito antigas e é difícil controlar a umidade e as infiltrações”, revela Calderón. No ano passado os três empreendimentos renderam aos cofres da Accor US$ 5 milhões. 

Acomodações
Os quartos conquistam sem dúvida nenhuma pelo conforto. A qualidade das camas e do enxoval é indiscutível e faz jus ao requinte da marca MGallery. O mobiliário torna ainda mais prazeroso o momento tão aguardado pelos turistas ao final de um dia de passeios ou de negócios: o descanso.

Na decoração predomina a sobriedade. A escolha de cores claras e neutras nas paredes e na roupa de cama valoriza a iluminação dos ambientes, contrapondo os tons fortes das áreas externas. Os dormitórios são espaçosos, seguindo a estrutura de pé-direito alto e piso frio no chão.

Os aparelhos eletrônicos não têm destaque no quarto. A televisão é pequena e parece ser coadjuvante no apartamento. O mimo especial, presente somente nas três suítes junior, é a cafeteira Nespresso.

Ao todo são 104 acomodações divididas nas categorias contemporânea, colonial, deluxe e junior. Dois destes dormitórios são adaptados para deficientes físicos. 

A&B
O carro-chefe do hotel é o restaurante La Residence. Comandado há mais de um ano pelo francês Dominique David, o local é especializado em cozinha internacional e tem seu cardápio renovado a cada três meses. A base do menu para o almoço e o jantar é composta por sete entradas, cinco opções de carne, cinco de pescado e sete sobremesas.

Entre os pratos elaborados por David, destaque para a Salada de feijões verdes com peito de pato defumado e aromatizado com vinagre, o Ceviche de camarão com manga e cebola fresca, o Carpaccio de vieiras marinadas com curry, vinagre e maçã verde, o Tagliatelle de pescado defumado com creme de cebolas e Sartén de camarões à provençal.

Para tomar um café ou algum aperitivo os hóspedes do Nicolás de Ovando podem escolher entre o lobby bar, que funciona na entrada do hotel desde as 09h, ou o Ciao Bar, tido como um clube de charutos que oferece ampla variedade de runs e coquetéis e inicia as atividades no período verpertino.

chef_mgalleryO chef francês Dominique David, responsável pelo restaurante La Residence

Serviço
www.accorhotels.com

republicadominicana.tur.br

* A jornalista do Hôtelier News viajou a convite da República Dominicana