(foto: Thais Queiroz)

Decerto o mercado hoteleiro no Brasil tem desenhado novas frentes profícuas e alavancado não só indicadores – mas também práticas melhor estruturadas quanto à gestão de processos. É um sinal de perseguição quanto ao aprimoramento – o que é célebre e necessidade fundamental para que setor adquira insígnias de um padrão de hospitalidade internacional.

O destempero, no entanto, figura ainda em posturas decrépitas e arraigadas, comuns a indústrias que passam por um momento de recrudescimento dos lucros. Exemplo aqui é o sistema de reposição das toalhas em meios de hospedagem. À medida que o hóspede faz uso delas, pode optar – ou não – pela substituição no momento de limpeza do apartamento; evitando assim o consumo desnecessário de água e produtos químicos para a lavagem do objeto.

É desígnio, no entanto, do mundo ideal – e não real. Fato é que em muitos hotéis – sublinhe-se inclusive os de grandes cadeias hoteleiras, que têm procedimentos e normas de trabalho padronizados – as toalhas são levadas à lavanderia sem que a solicitação do cliente seja respeitada. E aqui o diapasão é metamorfoseado por motivos díspares.

Em alguns casos, a peça é trocada pois o meio de hospedagem alega ter gabarito de hotéis de luxo internacional, com tarifas próximas ao exacerbado e que, neste sentido, obrigam a administração a adotar um nível mais elevado do que é oferecido. Ora, se a prática é esta, o mínimo esperado é que estes empreendimentos não propagandeiem que são sustentáveis neste sentido. Seria ao menos mais franco.

Em outros modelos, uma lavanderia terceirizada faz o trabalho – até mesmo de recolhimento nos quartos. É notório que os dividendos dessas empresas estão atrelados ao número de acessórios higienizados. A conta é simples, e os funcionários são cooptados para tanto: o desejo do cliente de, em tese, fazer algo para evitar o consumo desenfreado de água, é copiosamente desrespeitado – devido às cifras envolvidas neste conjunto.

Some-se aí o trabalho mecânico realizado por muitas equipes operacionais, que vez ou outra acabam recolhendo a toalha sem se ater ao pedido do hóspede – simplesmente estimuladas pela rotina robótica de uma operação hoteleira.

Em resumo, residem no discurso as políticas de sustentabilidade que viraram coqueluche nos últimos anos – independente do setor de atividade. Mais do que isto, o cliente, no caso hoteleiro, tende a construir uma imagem negativa quanto ao meio de hospedagem – quando destes ocorridos – se de fato ele tiver um posicionamento ideológico para com o bem-estar do planeta.

Mais do que isto, com baliza em dados da Resorts Brasil, é possível afirmar que a lavagem de uma toalha gasta, em média, 15 litros de água. A entidade tem mais de 11 mil resorts associados – para pensar apenas neste segmento. Com o exemplo de um mês de ocupação elevada, à margem dos 90%, a conta é para 10 mil apartamentos – com duas pessoas hospedadas em cada um deles. São, portanto, 20 mil toalhas por dia – um gasto diário de 300 mil litros de águas. É muito e desnecessário.

Diante das inevitáveis consequências negativas que extrapolar o posicionamento do hóspede pode gerar, é no mínimo justo que tal postura seja revisitada. Além de alavancar o famigerado discurso sustentável empresarial – moeda de troca da contemporaneidade – e evitar o gasto com lavanderias ou com empresas que fornecem água, trata-se de um viés preventivo quanto à existência humana na Terra.