O advogado Helenio Waddington trabalha há 20 anos no setor hoteleiro. Durante o período em que se dedica ao setor, cuja maior preocupação é o bom atendimento aos clientes 24 horas por dia, pôde perceber os pontos positivos e os que precisam ser melhorados no mercado. Não é por menos que se tornou presidente – e atua nesta função atualmente – da associação Roteiros de Charme.

 

Com o pensamento de oferecer um produto cada vez melhor, ele participou da Eco 92, Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada entre 3 e 14 de junho de 1992 no Rio de Janeiro objetivando buscar maneiras de conciliar o desenvolvimento socioeconômico e a manutenção dos ecossistemas terrestres. Motivado pela sustentabilidade e por documentos assinados na ocasião, impulsionou a criação da Roteiros. Confira a seguir um bate-papo sobre a história, os objetivos e expectativas da associação. E mais! Saiba como fazer parte dela e os benefícios que isso pode agregar ao hotel que você deseja.

 

Por Thais Medina
 

Helenio Waddington, presidente da Roteiros de Charme

(fotos: roteirosdecharme.com.br e divulgação)

 

Hôtelier News: Como foi criada a Roteiros de Charme?

Helenio Waddington: No dia 23 de julho de 1992, pouco após a realização da Eco 92, os hotéis Rosa dos Ventos, que fica em Teresópolis (RJ) e do qual sou proprietário, Pousada do Mondego (Ouro Preto – MG), Solar da Ponte (Tiradentes – MG), Fronteira (Visconde de Mauá – RJ) e Barracuda (Búzios) se juntaram para a criação da associação que segue alguns princípios rígidos a fim de colocar em prática a sustentabilidade e ajudar para que o mundo se torne melhor. Mas antes que isso realmente acontecesse, Jean Mari Clement, primeiro diretor executivo da Roteiros de Charme, viajou 58 mil km pelo país e mapeou os produtos turísticos brasileiros durante seis meses a fim de vislumbrar estrategicamente a entidade.

 

HN: Quais são os princípios da associação?

Waddington: Os objetivos dos membros da Roteiros são oferecer turismo de qualidade, economicamente viável e socialmente justo. Para tanto é importante que o meio de hospedagem realize ações nas comunidades na qual faz parte, preserve o meio ambiente e se preocupe com o destino. O estabelecimento deve apresentar características positivas de acordo com sua proposta, ou seja, não necessariamente precisa ser luxuoso. Aliás, este não era o nosso intuito inicial. Queremos ajudar o hóspede a encontrar exatamente aquilo que deseja e satisfazê-lo com o estilo de empreendimento adequado ao que almeja. Somos o primeiro produto turístico com trabalho ambiental no mundo e temos o primeiro Código de Ética de Turismo Ambiental.

 

HN: Com quantos membros a Roteiros conta atualmente?

Waddington: Hoje em dia temos 50 meios de hospedagem associados. Eles estão distribuídos por 42 destinos turísticos espalhados por 13 estados. Neste ano ganhamos mais dois membros: a Pousada do Engenho (São Francisco de Paula – Serra Gaúcha) e Hotel Vala Bahia (Salvador).
 

Locais em que há meios de hospedagem
membros da Roteiros de Charme

 

HN: Foi estabelecida alguma meta para ampliar a quantidade de associados?

Waddington: Não trabalhamos com metas quantitativas. Quando um empreendimento passa a fazer parte da Roteiros, precisa cumprir uma série de preceitos, seguir padrões de qualidade e se modernizar a cada ano. Quando não acompanha o ritmo, se desliga.

 

 

HN: Há alguma classificação diferenciada para os associados?

Waddington: Sim. Na Roteiros podem ser encontradas opções que vão desde fazendas e cidades históricas, a refúgios ecológicos, hotéis de selva e estabelecimentos requintados. Para ajudar quem procura por uma boa hospedagem sustentável, utilizamos os nomes de pedras preciosas brasileiras. A Esmeralda, por exemplo, indica hotel ou pousada com localização privilegiada, espaços grandes, infraestrutura e serviços de categoria internacional; a Topázio Imperial faz referência a um empreendimento bem equipado, com instalações e espaços sociais adequados, bom serviço e decoração requintada; Água Marinha diz respeito a hotéis e pousadas nos quais decoração, bom atendimento e capricho valorizam os ambientes e características locais; Ametista norteia pessoas que buscam pousadas ou refúgios em um paraíso ecológico, cujos serviço e decoração se identificam com a região; e Cristal apresenta os estabelecimentos durante o ano de seu ingresso na associação, ou seja, são as novidades. No caso das fazendas históricas, dos solares e casarões dos séculos XVIII e XIX, a identificação é apenas com uma letra “H”.
 
 
 
 

 

HN: Qual o procedimento para um empreendimento passar a fazer parte da Roteiros?

Waddington: Muitas vezes os candidatos são indicados por roteiristas (hóspedes habitués) – cerca de 300 mensagens destes clientes chegam mensalmente. É uma espécie de monitoramento online, no qual verificamos e informamos sobre como pode ser melhorado um determinado produto. Caso este não seja o seu caso, o primeiro passo é identificar qual o “charme” do meio de hospedagem; segundo, deve-se preencher requisitos como estar em funcionamento há pelo menos dois anos sob a mesma administração, oferecer de dez a 60 apartamentos ou suítes e estar preferencialmente localizado em pontos de interesse turístico, histórico ou ecológico; terceiro, inscrição incluindo carta de intenção, descrição das instalações e serviços, fotografias, folhetos e até mesmo matérias publicadas na imprensa; último, avaliação pela diretoria.
 

A Pousada do Amparo fica em Olinda (PE) e faz
parte da Roteiros de Charme


HN:
Quais benefícios os membros recebem ao se filiarem à Roteiros?

Waddington: Financeiramente falando, a contribuição anual que cada associado repassa é menor que os custos da própria associação. Com este valor é verificada a qualidade dos serviços de todos os membros, vistoriados por um representante da diretoria, monitorado e inspecionado o trabalho ambiental em um trabalho de campo desenvolvido por biólogos, por exemplo. Além disso, o empreendimento passa a fazer parte de um grupo hoteleiro com proposta diferenciada, tem acesso a 4 milhões de clientes-alvo por meio de ações de divulgação e passa a ser mais rentável com a aplicação de um projeto ambiental. Por exemplo: pode colocar em prática um sistema de redução de consumo de energia e água ou produção de lixo.

 

HN: Se os custos da associação são maiores que os valores recebidos dos associados, como a Roteiros mantém seus trabalhos?

Waddington: A organização não tem fins lucrativos. Contamos com patrocínios de pessoas jurídicas envolvidas principalmente com o intenso programa ambiental desenvolvido por nós. Entre elas estão a Air France, o Banco Real – Santander, a Cia Vale do Rio Doce e três agências integrantes das Nações Unidas (United Nations Environment Programme – Unep, Convention on Biological Diversity – CBD e World Tourism Organization – UNWTO). Além disso, para desenvolver nossas ações temos parceria com a Tam para viagens aéreas nacionais; Colortel, que oferece condições de pagamento diferenciadas para associados, semelhantes às destinadas a grandes hotéis; Sky e Trussardi, também com vantagens para contratos; Realgem’s, com produtos recicláveis e processos produtivos ambientalmente corretos; e Decanter, a partir deste mês, com capacitações, harmonizações e dicas de como vender com um preço mais acessível.

 

HN: Quantas pessoas são atendidas anualmente e qual o público-alvo?

Waddington: Fazemos reservas de 150 mil hóspedes diferentes por ano, entre eles cerca de 5 mil habitués. Isso nos leva a cerca de 250 mil diárias anuais a uma tarifa média de R$ 550. Nosso público-alvo são pessoas com o terceiro grau completo, executivos de empresas, empresários e profissionais liberais com renda média de R$ 10 mil por mês.
 

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HN: Quais as regras para o programa de fidelidade da associação?

Waddington: Anualmente publicamos o Guia Passaporte, nosso livro no qual consta a relação de hotéis e parceiros da Roteiros. Ele também contempla nossa principal ação de fidelização, por meio da qual quem se hospeda em quatro estabelecimentos diferentes em dois anos ganha upgrade nos dois anos seguintes. Se pernoitar em oito empreendimentos, recebe um final de semana como convidado em alguma das opções de hospedagem. Passando por dez meios de hospedagem, recebe o título de expert e torna-se convidado para visitar hotéis como cliente oculto e avaliar se aquele deve ou não fazer parte da relação da associação.

 

HN: É possível dar como presente uma hospedagem reservada por meio de vocês?

Waddington: Sim. Mais do que apenas a diária, pode-se criar uma opção com o estilo do presenteado, agregando à pernoite jantares, flores, decoração diferenciada, champagne. É o cliente quem decide e personaliza.

 

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www.roteirosdecharme.com.br