Obama e as possibilidades para o turismo tupiniquim
21 de março de 2011Mandatário estadunidense, Barack Obama,
que esteve no Brasil neste final de semana
(foto: pt.wikipedia.org)
É sabido que a visita ao Brasil do ilustre presidente estadunidense, Barack Obama, realizada neste final de semana, trazia consigo a esperança de que alguns louros se voltassem à cadeia do turismo. Na Cidade de Deus, favela carioca que até tempos atrás era sinônimo de violência e narcotráfico, o mandatário norte-americano e sua família marcaram presença para assistir a uma apresentação de capoeira – o que, diz a imprensa, serviu de vitrine para que o mundo levasse em conta a comunidade como destino “exótico” do turismo tupiniquim.
Outro caminho que o passeio do dito homem mais poderoso do mundo facilitaria diz respeito à concessão de vistos, a cidadãos brasileiros, para viagens às terras do Tio Sam. A promessa era que os representantes dos países discutiriam meios de viabilizar esses processos entre as embaixadas das respectivas nações. No entanto, o tema ficou abaixo do tapete, e, notadamente, o ministro do Turismo, Pedro Novais, não figurou entre os que receberam Obama no sábado (20), em Brasília. Vale lembrar que, no ano passado, apenas 3% dos vistos solicitados por brasileiros, que intencionavam viajar para os EUA, foram negados.
É cedíssimo para dizer, mas parece que os dois exemplos continuam, como muitos outros, na contramão da indústria do turismo. O primeiro porque, sintomaticamente, coloca o Brasil na lista dos destinos turísticos que precisam estar atrelados à tragédia de sua sociedade para se consolidarem. Haja vista o estigma já enraizado de que os estrangeiros vêm ao País para entreterem-se com traseiros e caipirinhas.
O Brasil é, antes de mais nada, repleto de paradisíacos pontos naturais – que estão muito aquém de qualquer tentativa de utilizar as mazelas da sociedade para fazer algo de exótico. A fauna e a flora do País são suficientes para dar a qualquer turista, seja este estrangeiro ou não, um exemplo de excentricidade que vai além de qualquer estereótipo festivo tachado na passividade e no jeitinho brasileiro.
O segundo item, que diz respeito à viabilizar a visita de brasileiros aos EUA, também tem suas entrelinhas pouco elucidadas. Novamente o País continua a fomentar a saída de seu povo para gastar o dinheiro ganho aqui em terras estrangeiras. Os muitos ‘brasis’ existentes do Oiapoque ao Chuí pouco são vendidos ao seu próprio povo. Vem do governo a tentativa de eliminar obstáculos para os brasileiros saiam de sua pátria e favoreçam a economia do turismo em outros territórios.
Às vésperas de sediar os dois maiores torneios do esporte mundial, o trade ainda custa a entender que o turismo aqui precisa deixar de ser incipiente e sair da cadeia do entretenimento – passando a incorporar, definitivamente, a atividade econômica que o setor representa em todo o mundo.