Viajantes já podem inscrever-se por meio de hotéis e operadoras turísticas para experiências organizadas por moradores locais dos destinos que visitam. As últimas companhias a aderirem à novidade foi a Marriott International, com o lançamento do PlacePass, e a Royal Caribbean Cruises, que acaba de lançar o Gobe, aplicação voltada para a comercialização de passeios terrestres e atividades diversas.

Por meio do PlacePass, por exemplo, os hóspedes da companhia podem reservar lugar em um tour pelas locações do seriado Downton Abbey, acompanhar aulas de preparo de massas com um chef celebridade ou optar por passeios mais simples, organizados por famílias locais.

Em 2016, o Airbnb iniciou a operação do seu próprio site de reserva de viagens e experiências, como um curso de três dias de dança burlesca em Londres, ou passar o dia com um documentarista em Los Angeles (EUA) finalizando com jantar ao ar livre, entre outros. O Trip Advisor comprou o site Viator há três anos e viu a receita "non-hotel" do site de reservas aumentar 31% no ano passado, enquanto a receita de reservas de hotéis amargou uma sensível queda.  A start-up Hello Scout oferece serviços e atividades via website e mensagem de texto para hotéis boutique em seis cidades, incluindo Nova York, São Francisco e Seattle. Também já existem start-ups que conectam os viajantes com experiências gastronômicas como o BonAppetour, que possibilita a reserva de um almoço ou jantar na casa de um chef em Roma ou participar de um jantar parisiense em um apartamento do século XIX próximo ao Champs-Élysées.

O hotel Stafford, em Londres, conta com os serviços de Frank Laino, concierge executivo, que é anfitrião de um passeio a pé para hóspedes pelos seus locais favoritos no bairro de St.James, incluindo a Spencer House, antiga residência da Princesa Diana e a Lock & Company, mais antiga loja de chapéus do mundo.

"Os hóspedes querem, cada vez mais, ser o centro do destino, experimentar ao máximo os sabores e sensações que a viagem pode proporcionar", explicou Fiona O´Donnell, diretora de pesquisas de viagens e lazer da Mintel, empresa sediada em Chicago, nos Estados Unidos.

Tais movimentos mostram como os hotéis promovem a extensão dos seus serviços e produtos, oferecendo aos viajantes mais do que a hospedagem, uma tendência que só cresce em todo o mundo e que também visa fazer frente ao Airbnb. O novo nicho abre um baú valioso de dados e informações sobre as preferências e comportamentos dos clientes frequentes, segundo explica Bjorn Hanson, professor de Turismo e Hotelaria da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos. Para Hanson, a novidade "permite aos hoteleiros, entre outras coisas, saber no que mais gastam os hóspedes durante a estadia". 

* Crédito da foto: Pixabay/Unsplash