Entrevistamos Orlando de Souza, reeleito por aclamação, juntamente com toda a diretoria da São Paulo Convention & Visitors Bureau, presidente da entidade. Saiba o que mudou nestes dois anos de mandato e o que está por vir. A responsabilidade é grande, como ele mesmo garante. “Aumentamos a nossa marca, estamos partindo para um patamar muito mais alto”.

Por Karina Miotto

Hôtelier News: Como foi o processo de reeleição no São Paulo Convention & Visitors Bureau?
Orlando de Souza: Fomos reeleitos por nossos associados (hotéis, agências de viagens, shopping centers, centros de convençõesb etc). Avisamos da votação, mas ninguém se manifestou para a criação de uma outra chapa além da nossa. Por isso, fomos reeleitos por aclamação.

HN: E essa postura de seus associados foi uma surpresa para você?
Souza: Não porque o convention sofreu muito lá atrás, antes do nosso mandato. Havia poucos associados, o Roberto Gheler, presidente na época, sofreu um acidente e teve que ficar um ano afastado, não havia verba suficiente. Assumimos em 2005 e transformamos esta história. Ficou claro que a continuação da mesma diretoria seria bom para a entidade. Quando assumimos, tínhamos 200 associados. Hoje são mais de 400.

HN: Você pode ser novamente reeleito daqui dois anos?
Souza: Quando este mandato acabar, uma outra pessoa assumirá a presidência, com idéias novas. Poderá ser outro membro da diretoria, mas não eu. Um presidente permanece aqui no máximo quatro anos. Todos concordamos com isso.


Orlando de Souza
(fotos: Karina Miotto)

HN: O que você destaca de mais importante no mandato passado?
Souza: Há alguns eixos que gostaria de abordar. O crescimento do número de eventos triplicou. Alguns, nós captamos, outros, apoiamos. O aumento foi exponencial, um negócio maluco.

Outra coisa que fizemos e que vamos continuar é a promoção da cidade com a campanha São Paulo é tudo de bom. Entre produção e veiculação, gastamos R$ 1,5 milhão. Se fôssemos pagar tudo, isso teria nos custado R$ 12 milhões. Nunca teríamos condições. Tivemos grandes parceiros.

Não podemos deixar de divulgar a cidade como o grande destino que é. Vir a negócios também pode ser traduzido em aproveitar o que ela tem de melhor em lazer. Essa campanha também atinge os tomadores de decisões. Aqui tem de tudo.

Destaco, ainda, a consolidação junto aos nossos associados e às instituições as quais nos ligamos. Temos uma ótima rede de relacionamentos com os players de turismo como a Abla, Ubrafe, Abav, SPturis, Embratur, o próprio ministério. Foram relações importantes que conseguimos criar. Isso gerou confiança em nossos mantenedores, que estão satisfeitos.

Também merece destaque a consolidação interna do convention. Estamos sólidos e consolidados. Temos uma equipe absolutamente profissional. Quando assumimos, fomos buscar pessoas dentro da iniciativa privada como o Toni Sando, atual diretor-superintendente.

Por fim, estabelecemos um processo empresarial de administração, apesar de ser uma entidade. Temos planejamento estratégico, remuneração de bônus aos colaboradores em função de resultados obtidos, auditoria externa que envia nossas contas ao ministério público para garantir que, apesar de este ser o país do macunaíma, um herói sem caráter, ainda dá para trabalhar da maneira correta.

  

HN: O que significa, para a hotelaria e o turismo de São Paulo, a reeleição da diretoria do convention?
Souza: Um atendimento às expectativas deles. Ouvimos dos associados, principalmente da hotelaria, opiniões positivas sobre o trabalho que fizemos e demonstrações explícitas da vontade que tinham que continuássemos.

HN: Quais os maiores desafios enfrentados nos últimos dois anos?
Souza: Entre os maiores desafios que enfrentamos estiveram, em primeiro lugar, a falta de recursos financeiros e o número baixo de associados. Tivemos que alavancar isso, afinal precisamos garantir os recursos para fazer qualquer coisa. Em segundo esteve a construção de uma equipe. Demoramos sete meses para formá-la e hoje temos 22 pessoas trabalhando aqui.

Para finalizar, quando decidimos criar a campanha publicitária tínhamos que fazer algo muito bom com produção, mensagem e plano de mídia, mas sem os recursos necessários pra isso, porque custa caro. O dinheiro veio de nossos mantenedores e o pouco custo conseguimos graças a nossos parceiros, que batalharam por preços em conta no mercado. O João Dória conseguiu, por exemplo, que todos os artistas participassem da campanha sem ganhar cachê. E contamos com Luciano Huck, Luana Piovani, Regina Duarte…

HN: Quais os próximos desafios?
Souza: Continuar firme na captação de eventos – é onde você tem a melhor relação esforço x resultado. Temos que avançar em relação à primeira gestão.

Vamos continuar com a campanha publicitária São Paulo é tudo de bom. Ela terá algumas atualizações e inclusão de outros eixos como medicina, esportes, compras. Além disso, queremos trabalhar no projeto Bem receber. Se captamos eventos e visitantes, se falamos para que venham à cidade, São Paulo deve receber bem estas pessoas. Nossa atuação será em dois eixos. Se as pessoas vierem para feiras e exposições vamos montar estandes Bem receber em parceria com os promotores de feiras. Será um posto onde as pessoas poderão comprar ingressos, ganhar descontos e obter informações.

O segundo incorpora a capacitação e a formação. Nossa idéia é, num primeiro momento, realizar cursos para taxistas de grandes pontos como aeroportos e principais hotéis – o programa já está em sua segunda fase. Se eu pudesse resumir, diria pra ele: “venda São Paulo, pelo amor de Deus! Esqueça as dificuldades, fale o que tem de bom, seja um vendedor de sua cidade”. Se isso der certo, vamos alargar o projeto para concierges e recepcionistas.

Também queremos trabalhar estatísticas da cidade em parceria com a São Paulo Turismo. Por exemplo, quantos metros quadrados para feiras e eventos nós temos? Qual é o número de quarto de hotéis? De visitantes? De pessoas que visitam a cidade a negócios?

HN: Qual foi o seu sentimento com essa reeleição, depois de tanto trabalho bem feito?
Souza: De alegria e ânimo em saber que as coisas vão continuar sérias, intensas e rápidas. Nossos associados entendem que estamos em um processo de construção, de tudo o que podemos fazer à essa cidade.

HN: A responsabilidade aumentou?
Souza: E como aumentou! Quando começamos, éramos uma novidade, uma dúvida. E tínhamos um crédito porque podíamos acertar ou não, não tínhamos parâmetros. Depois de dois anos, com tudo o que foi feito, estabelecemos um parâmetro. É como o cara que salta em altura. Ele topa pular 1,7 m, OK, foi bem. Agora, se ele saltar de novo e chegar a 1,8 m, da próxima vez vai ter que saltar, no mínimo, 1,81 m. Não deve nem esbarrar, senão podem achar que ele está perdendo fôlego! Aumentamos a nossa marca, estamos partindo de um patamar muito mais alto.

HN: Com tanta coisa para fazer como diretor de Operações da Accor, porque vale a pena dedicar o pouco tempo que sobra para estar no convention?
Souza: Impossível te dar uma resposta só. Isso tem a ver com minha maneira de ser. Acho que sou melhor se estiver em um certo nível de stress e velocidade. Gosto desta pressão controlada. Não consigo ter conforto para trabalhar. Cada um tem um jeito, um estilo, e eu tenho desempenho melhor quando estou ligado em várias coisas.

Outra resposta é que no meio empresarial as pessoas devem contribuir com o ramo de negócios em que estão envolvidas. Podem participar de associações para melhorar seu ramo de atividade. Não gosto de pensar que uma empresa deve ser um ponto isolado no universo. Incentivo pessoas que trabalham comigo para que participem de associações. Melhor do que reclamar do mercado é agir em seu benefício.

Para terminar, acredito que na empresa em que trabalho é importante que os dirigentes participem de alguma entidade. A relação com o trade muda, você passa a ver os outros não apenas como concorrentes.

Por estas três razões já vale a pena participar disso. Tenho prazer em trabalhar aqui voluntariamente por um negócio chamado cidade de São Paulo. São poucas as funções que permitem fazer algo tão prazeroso. Gosto muito de São Paulo.

HN: Você gostaria de dar um recado a sua equipe?
Souza: Muita coisa foi feita e o passo maior que demos foi graças a nossa equipe e a essa diretoria. O pessoal do Toni se empenhou pessoalmente com compromisso, ética e responsabilidade. Se não houvesse esse empenho da parte deles, nada disso teria acontecido. Eles arregaçaram as mangas e fizeram acontecer. Só assim uma fundação é realmente forte.

Serviço
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