Ouro Minas Palace Hotel (MG): revitalização de R$ 9 milhões
17 de março de 2008(fotos: Thais Medina)
Durante esta entrevista você vai conhecer os planos e realizações do Ouro Minas Palace Hotel, que tem como gerente geral o simpático e batalhador Acácio Pinto, no “mundo hoteleiro” desde os 12 anos de idade.
Sua trajetória no trade teve início no Rio de Janeiro quando o Senac local oferecia um centro de treinamento para colaboradores de empreendimentos hoteleiros e filhos destes. Adotado profissionalmente por um chef do Hotel Glória, pôde freqüentar as aulas: estudava durante a manhã e fazia estágio em restaurantes e hotéis à tarde. Começou lavando bandejas no Hotel Novo Mundo, trabalho que, de acordo com ele, era pesado e desgastante.
O mineiro nascido em Andradas, no 15º dia de atuação pensou em desistir, mas teve outra idéia: trabalhar muito bem, dar a volta por cima e passar a atuar em um setor menos desgastante. Tanto quis, que conseguiu. Na data seguinte foi chamado no departamento pessoal e recebeu a notícia de que seria transferido para o cyber café. Na época era inédito e contava com telex e máquina de datilografia como equipamentos.
Com o passar dos tempos virou mensageiro, garçom, maître, chef de cozinha, recepcionista… Passou por todos os setores de um hotel com exceção da governança. E no meio do caminhou cursou Hotelaria na faculdade Renascença, em São Paulo.
Hôtelier News: Quanto já foi investido na reforma que está sendo realizada no hotel desde 2007?
Por um motivo muito especial precisamos interromper as mudanças: nossa ocupação foi bastante alta em janeiro e fevereiro. Contudo, as obras serão retomadas na primeira semana de abril.
Até o momento já investimos R$ 5 milhões, de um total previsto de R$ 9 milhões.
HN: Você citou que os móveis e equipamentos como TVs, por exemplo, agora de LCD, foram trocados com a revitalização. O que foi feito com estes materiais?
Acácio: De tudo que tiramos dos apartamentos 40% foram doados para instituições de caridade por uma ordem da diretoria do Ouro Minas. O restante foi vendido a preços irrisórios para os colaboradores do hotel.
HN: O que a segunda etapa de investimento vai englobar?
Temos grande preocupação em atualizar sempre o produto o deixando cada vez mais confortável. Com esse objetivo investimos R$ 1,8 milhão na troca de 478 janelas e vedação acústica de todo o hotel. Agora pode passar uma escola de samba em frente ao Ouro Minas que ninguém que estiver dentro dele escuta. Além disso, implantamos camas diferenciadas que certamente são as maiores do Brasil – chegam a ter 2,2 m por 2,7 m e os colchões atingem 78 cm de altura. Há ainda um menu de travesseiros com dez opções e solicitação gratuita acompanhada de uma xícara de chá.
HN: Os empreendimentos hoteleiros estão buscando cada vez mais novidades e diferenciais para conquistar e agradar os hóspedes. Além da remodelação que está sendo feita, vocês programam algum outro atrativo?
Acácio: Nos últimos anos a indústria de hotéis tem se tornado muito dinâmica e é preciso sempre pensar em atrativos adicionais. Com isso em vista, junto à revitalização estamos tematizando o hotel com o conceito Barroco vitoriano. O assunto foi escolhido pois tem tudo a ver com Minas Gerais. Com base nele serão implantados nove lustres no lobby com resina e revestimento interno de ouro, além de decorações em fuchico e homenagens às bordadeiras de Sabará e à Estrada Real. A cor dourada, que já está sendo bastante utilizada nas UHs, também marcará presença nos outros ambientes do hotel remetendo ao ouro. Outra novidade, que deve entrar em funcionamento em 15 de abril, é o guest service.
HN: Como vai funcionar esse novo benefício aos hóspedes?
Todas as solicitações serão monitoradas e haverá atendimento 24 horas por dia. Então, por exemplo, se uma determinada refeição deve ficar pronta em 30 minutos, assim que o pedido chegar à central será feita uma contagem regressiva para ver se este foi entregue no tempo certo. Caso a TV esteja com problema, assim que o técnico sair do apartamento avisa a central, que entra em contato com o hóspede para conferir se ficou satisfeito. Não queremos só encantar, mas superar.
HN: O que será necessário para implantar esse sistema?
HN: Como foram a ocupação e diária média do empreendimento nos dois primeiros meses do ano?
Nossa diária média, considerando o bimestre, atingiu R$ 184. Já a ocupação, foi de 52,8% em janeiro e 54,48% em fevereiro. Nunca havíamos ultrapassado 50% nesse período. Fechávamos em torno de 35%.
A Secretaria de Turismo e o convention & visitors bureau estão bastante alinhados e captando muitos negócios e eventos para a cidade e suas proximidades. Além disso, houve crescimento do mercado brasileiro e de comodities em Minas. Para se ter uma idéia deste potencial, em uma pesquisa encontrei o valor de R$ 1 bilhão a serem gastos em possíveis investimentos em obras na região de BH. Essa movimentação na economia interfere diretamente no setor.
Acácio: A hotelaria ainda está longe de atingir o patamar necessário a ponto de ser considerada “saudável” – para tanto é preciso chegar pelo menos a 68% de ocupação. Essa situação faz com que o setor perca muito, principalmente no quesito mão-de-obra, já que bons profissionais deixam o trade para trabalhar em empresas que os remunerem melhor. Sem bons lucros não há como aumentar os salários.
Por outro lado, considerando os últimos seis anos, houve melhora na indústria de hotéis, mas ainda há espaço para crescimento, pois entre sete noites há boas vendas apenas para quatro – segunda a sexta-feira.
HN: Quais são suas expectativas para este ano?
Haverá ainda, no segundo semestre, as eleições municipais. Com isso, seis meses antes da votação as verbas de órgãos públicos são bloqueadas e deixam de ser realizados treinamentos, esvaziando salas de eventos.
HN: O que é esperado em termos de diária média e taxa de ocupação?
Acácio: Nossa meta para este ano é atingir R$ 205 em diária média e crescimento de 12,5% em ocupação. Em 2007 chegamos a R$ 182 e registramos 62,4% de ocupação, a melhor desde a abertura do empreendimento.
HN: O Ouro Minas tem alguma ação em prol do meio ambiente?
Além disso, separamos material para reciclagem. Há um mês um processador passou a ser utilizado e a liberar o lixo já processado e não ensacado.
HN: Como é o trabalho de vocês em relação ao treinamento dos colaboradores?
Acácio: A rede conta com um plano de incentivo aos gerentes no qual um dos quesitos levados em conta para compor o 14º salário é o treinamento de sua equipe. São obrigatórias cinco horas mensais de capacitação por colaborador. Valorizamos muito essa questão, pois trata-se de um investimento. Nosso maior patrimônio são as pessoas e nossa nota fiscal não é levada no bolso, mas no sentimento.
Atualmente 268 pessoas, sendo 15 destas gerentes, trabalham no Ouro Minas Palace Hotel e ações de técnicos internos multiplicadores. Buscamos no mercado treinamentos diversos e focamos principalmente a padronização. Não adianta passar pela qualidade e não transformá-la em norma.
HN: Com toda a sua experiência, que dica você dá para as pessoas que querem atuar na hotelaria e estão começando a carreira agora?
Nenhum hotel vai negar se você for recepcionista e quiser conhecer os departamentos de cozinha e vendas, por exemplo. Em uma parte da minha vida trabalhava até 16h como maître e depois ia para a cozinha aprender a preparar pratos sem ganhar nada a mais por isso.
É preciso que, para ordenar e comandar equipes, o profissional tenha bons fundamentos e, para isso, a prática é a melhor escola.
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