Paulo Benedet do Rayon: treinamento e revitalização sempre
4 de julho de 2006Com 20 anos de experiência em hotelaria, Paulo Benedet está de volta, desde abril, ao comando do Grand Hotel Rayon, no centro de Curitiba (PR). Anteriormente, já havia trabalhado para o empreendimento durante quatro anos e meio. Entre outras coisas, nesta entrevista o profissional fala de sua carreira e do projeto de revitalização do hotel.
Por Cristina d’Azevedo
Paulo Benedet durante entrevista
com o Hôtelier News
(foto: Cristina d’Azevedo)
Hôtelier News: Como iniciaste a trajetória em hotelaria?
Paulo Benedet: Eu comecei em hotelaria em 1986 no Sheraton Mofarrej, em São Paulo. Fiquei lá até 89, quando vim para Curitiba trabalhar no Slaviero, que foi a minha primeira experiência como gerente geral, onde trabalhei durante três anos. Fui para uma empresa organizadora de eventos minha e, em 97, vim para o Rayon. Estive aqui até setembro de 2001, quatro anos e meio ao todo. Saí e fiquei por mais quatro anos e meio fora, praticamente todo o tempo na Blue Tree. Em janeiro, me pus à disposição do Rayon e, em abril, acabamos nos entendendo para eu voltar para cá.
HN: Por que o Rayon?
Paulo Benedet: Confesso, sem demagogia, que sempre tive um carinho muito grande pelo Rayon porque foi onde pude desenvolver uma série de coisas que acreditava em Hotelaria e que acabaram dando certo.
HN: Desde que assumiste, o Rayon está em processo de revitalização. Quais são os objetivos da iniciativa?
Paulo Benedet: Na verdade, é um processo de revitalização completo. O Rayon era ligado à uma cadeia internacional de hotéis de luxo independentes, inclusive em 2000 ganhou um prêmio mundial de qualidade de serviços. É essa posição que nós queremos resgatar.
HN: O que se tem feito para isso?
Paulo Benedet: Agora mesmo terminou um processo de treinamento de pessoal, de mais ou menos 90 dias. É um processo de postura comercial também, mais competitiva, mais aberta e flexível para negociações, com oferta de novos espaços. Então, esse projeto de revitalização é muito mais do que reformas, é um resgate de uma posição que a gente já teve, tomando todos os cuidados com a personalização do serviço.
HN: Quais ambientes foram modificados?
Paulo Benedet: A sala de reuniões foi totalmente revitalizada, está de acordo com a concepção que a gente quer. É um projeto do Julio Pechman, um dos arquitetos mais famosos e bem conceituados de Curitiba, que revitalizou também o restaurante franco-italiano Galla, que atende jantar. A boate, o lobby e os salões de convenções também foram totalmente modernizados.
HN: O que ainda falta ser feito?
Paulo Benedet: Vamos fazer ainda os 136 apartamentos, incluindo as sete suítes. A única coisa que não havia sido contemplada era a área de lazer, que contará com academia. Da mesma forma, a piscina está sendo reformada a fim de melhorar a filtragem da água. A revitalização dos quartos deverá estar concluída em agosto.
HN: Que novidades podem ser aguardadas?
Paulo Benedet: Tem muita gente que já tem andar feminino, mas eu quero que a gente desenvolva em termos de serviços, além da estrutura física para um andar feminino e decoração adequada, especificidades como por exemplo uso de água de cheiro para pôr na roupa de cama que seja condizente com o aroma que a cliente preferir.
HN: O que difere o Rayon dos demais concorrentes?
Paulo Benedet: Por exemplo, para um hóspede que já esteve no hotel, a gente está tendo o cuidado de, na véspera de uma nova estada dele, avisar inclusive sobre o clima durante sua estadia em Curitiba, para que ele possa fazer a mala de acordo esta informação. Se a gente manda uma cortesia de queijos e vinhos, utiliza o vinho que ele pediu no restaurante da última vez que esteve no hotel. Vamos começar em julho com o guest service, que é justamente a personalização do serviço, adequando a cada cliente.
HN: Que outros cuidados podem ser citados?
Paulo Benedet: Alguns produtos de núpcias são um pouco mais elaborados. O tratamento para estrangeiros contempla a cultura original e oferece algumas coisas da nossa cultura, que são muitos singelas, como uma miniatura de cachaça ou um kit de caipirinha para ele poder levar. Para o oriental, é muito importante ter chaveiro no apartamento. Então, a gente tem esse cuidado.
Na equipe de recepção, queremos ampliar o número de pessoas que falem outros idiomas, além de português, espanhol e inglês. Nós temos um profissional que fala e escreve chinês mandarin e do Cantão. Temos também uma pessoa que fala e escreve japonês, que é brasileira. Queremos contemplar outros idiomas que têm a ver com a demanda em Curitiba, principalmente o italiano, o alemão e o chinês.
HN: O Rayon recebe muitos estrangeiros?
Paulo Benedet: Hoje, em torno de 30% dos hóspedes são estrangeiros. Eu acho que é uma tendência isso aumentar ainda mais porque o produto um pouco mais sofisticado é muito acessível para o estrangeiro, que trabalha com moeda forte.
HN: O que mais pode ser destacado?
Paulo Benedet: Apesar de se manter um hotel clássico, depois de terminado esse processo de revitalização, ele passará a ser o melhor apartamento em termos de inovação tecnológica e a ter uma série de requintes e serviços que outros não têm.
HN: Existe a possibilidade de o Rayon se associar à alguma bandeira?
PPaulo Benedet: O Rayon elegeu fazer carreira solo, até pelas suas particularidades e peculiaridades. A concepção de rede é de um tratamento mais padronizado e isso não vem exatamente ao encontro daquilo que o Rayon acredita que deva oferecer ao mercado e que o mercado esteja necessitando.
HN: Como competir com as grandes redes?
Paulo Benedet: O que o Rayon tem consciência é que o acesso aos mercados em um projeto exclusivo de um hotel fica muito mais difícil, mas viabilizar executivos de vendas nas principais cidades do país é possível até mesmo para um hotel independente. Eu ainda não posso dizer exatamente quais, mas nós estamos nos associando a parceiros que vão nos colocar em todos esses mercados em uma posição de destaque.
HN: Qual o envolvimento do Rayon com a comunidade?
Paulo Benedet: Existem alguns benefícios fiscais em Curitiba que permitem a gente destinar parte dos tributos municipais para essas ações sociais e tem uma preocupação muito grande do hotel em incentivar a cultura, um projeto que envolve uma série de ações – o ubernauta, o astronauta do espaço urbano. Tem comunidades de pessoas idosas e institutos de cegos em que há contribuições do hotel quando não em espécie, em produtos. Existem também as parcerias nas feijoadas beneficentes, que são feitas a cada semestre em benefício da Fundação Pró-Renal e do Hospital Pequeno Príncipe.