(foto: desembarque.com.br)
 
Tentativas obstinadas de desenvolvimento não têm faltado quando o assunto é o mercado brasileiro – sejam estas baseadas em qualquer setor. Em se tratando do turismo, e em específico da vertente hoteleira desta indústria, a procura estrangeira só faz crescer por essas paragens.
 
Com precisão de neurocirurgião e destreza de crupiê, muitas redes têm se despachado por aqui – seja para sorver o turista doméstico aos empreendimentos da empresa planeta a fora; seja para se arraigar em terras tupiniquins. Copiosamente tais peripécias têm rendido a deambulação de grandes nomes da hotelaria mundial para o Brasil.
 
Listando apenas a última semana, convém rememorar o Sahic 2011 (South American Hotel & Tourism Investment Conference), considerado o evento mais influente sobre investimentos da indústria hoteleira da América do Sul, realizado no Chile. É notório que o Brasil foi via de regra em parte dos debates.
 
Conforme noticiou o Hôtelier News, num dos painéis, quando se falava dos planos de expansão das grandes redes e houve questionamentos sobre em qual mercado se deveria investir, o substantivo Brasil soava uníssono. “Brasil e Colômbia”, disse um VP da Tryp by Wyndham; “Um high end [hotel de alto luxo] em São Paulo”, opinou um VP da Hyatt Hotels; “Aplicaria em upscale no Brasil”, defendeu um executivo da Hilton.
 
O embraseado a favor da hotelaria brasileira não se mingou por aí, e o mercado nacional era norte na discussão Todos amam o Brasil. Nichos a serem explorados, planos de marketing que adéquem a cultura da rede à do povo brasileiro, padronização dos serviços para consolidar a imagem frente à população do Brasil e aumento sólido das receitas no País se personificaram nos discursos de representantes do BHG (Brazil Hospitality Group), Starwood, Marriott e Hilton.
 
Uma coisa não há que se negar: a indústria hoteleira amadureceu em sofisticação, excelência do serviço em algumas praças e, notadamente, criou modelos de gestão que mesclam o semblante nacional à filosofia das redes. Importante parte do aprimoramento do mercado vem do repertório trazido e bem implantado no País – a exemplo de capacitação promovida por algumas redes, diga-se de passagem, em muitos casos, com programas melhor estruturados do que os modelos propostos pelo Estado ou até por algumas universidades.
 
Em contrapartida, não se sabe até que ponto o mercado nacional, ainda que este tenha ganhado corpo, tem poderio para lutar, uma vez que o capital estrangeiro tem sempre mais fôlego e elasticidade.
 
O burburinho de continuar a injetar essa moeda estrangeira no País é sinônimo de que a ebulição tomou corpo para o desenvolvimento da hotelaria – e esta tende a florir. Afora, não se pode olhar o setor apenas pelo retrovisor, é preciso dirigir com olhos também à frente, questionando até que ponto essa exasperação pode ser positiva ao hoteleiro nacional.
 
Questão para debate num mercado que tende, a esses passos, a cair numa oligarquia com nomes de outras nações. O turismo cresce, a cada ano, na esteira da competitividade mundial, e esta tende a ser a locomotiva do setor; contudo, as operadoras hoteleiras do Brasil não podem se tornar biodegradáveis neste jogo.