Números positivos estão à frente de qualquer bom currículo
quando o assunto é promoção no mercado hoteleiro
(imagem:
gestaodepessoasrh.files.wordpress.com)
 
É lamentável constatar que, defronte a um setor em notória expansão e que é responsável por enorme parcela da economia existente no mercado turístico, deva-se constatar que a capacitação na hotelaria cambaleia, mesmo num cenário tão promissor.
Longe dos poliânicos que se omitem e dizem estar tudo com aroma floral, é preciso apontar que o setor hoteleiro mudou e ainda passa por uma metamorfose – mesmo que muitos não enxerguem essa luz que pode, se vista a óculos escuros, apagar o tal brilho. Engrenagem de qualquer mercado, é na falta de funcionários efetivamente capacitados que está a hemorragia que tende a se alastrar.
Por quê? Em parte, porque as próprias empresas colocam profissionais em pedestais sem que estes tenham repertório para tanto. Cabe pormenorizar: um funcionário graduado exerce uma função operacional ao início de sua carreira, a exemplo de um recepcionista. Obtém resultados louváveis, é comprometido com a função e, meses após, ainda com uma carreira incipiente, é promovido, supostamente, a gerente de Hospedagem. O teatro é o mesmo: números graúdos, equipe alinhada e, em menos de dois anos, o antigo recepcionista é gerente geral. Tudo ótimo com o processo? Não. O imediatismo dos números faz com que o profissional graduado vá do operacional à gerência geral por conta de resultados em receita – e não por seus desenvolvimentos profissional e pessoal. Não que este executivo não possa sim ser célebre – mesmo em pouco tempo -, contudo esse não deve ser o mantra único. 
Processos aparentemente isolados, mas em intima conexão: é o próprio mercado que pede números e não competência e capacitação. E aí os que engordam seus currículos se especializando e tentando sair do lugar comum com uma visão sistêmica do setor acabam não tento tanta visibilidade e valor profissional.
Não há erro algum que profissionais com timbre vivam uma ascensão memorável e, antes mesmo da vivência de trinta primaveras, ocupem um posto de respeito. Há sim esses casos, mas casos que são exceções e, erroneamente, acabam virando modelo de regra.
Eis o paradoxo que inibe a melhora dos profissionais: investir em seu próprio poder de gestão é démodé e não traz salários com cinco dígitos. Sinônimo de elevação, na hotelaria, é resultado em média de ocupação, elevação de receita e ROI – o que também soa benévolo, mesmo que os dividendos sejam embasados no imediatismo e, mais à frente, reverberem uma conta não tão promissora quanto a feita no ato de promoção do gestor.
O mercado deve sim valorizar seus profissionais e reconhecer o bom desempenho. Porém, circunstancialmente, deve exigir amadurecimento acadêmico dos que servem de norte e referência. Os que estão abaixo do líder emprestam dele sua ética, seu engajamento, seu profissionalismo e, principalmente, sua formação. Caso ele não os tenhas e titubeie na função de espelho, apela-se para o misticismo, tenta-se falar com Deus em busca de uma liderança invisível, mas que seja um verossímil de consistência, uma vez que não é possível olhar naturalmente para cima. 
 
Não é utopia querer que quem está acima e, pretensamente, manda, sirva de modelo e replique valores e competência. Basta apenas que o mercado filosofe sobre sua estrutura e veja que a paralisia de quem está no comando pode ser a paralisia de um organismo desmotivado e sem perspectiva. É preciso refazer alguns conceitos com respaldo em reflexões – que não se limitem à abundância na ocupação ou algo assim.