Jaime de Oliveira
(fotos: Peter Kutuchian)

Com sólida experiência em gestão empresarial e mais de 25 anos no mercado de hospitalidade, Jaime de Oliveira é hoje um dos maiores especialistas em administração hoteleira, com passagens pela rede Hotéis Deville, onde foi responsável pela operação de sete hotéis (1.054 apartamentos) e pelos departamentos de Marketing, Vendas, Suprimentos, Operações e Patrimônio e em empreendimentos como o Paradise Golf & Lake Resort, em Mogi das Cruzes (SP), Hotel Transamérica Ilha de Comandatuba (BA), Meliá Angra Marina e Convention Resort (RJ), Bourbon Atibaia Resort & Spa (SP), entre outros. No ano de 2010 recebeu o prêmio VIHP – Very Important Hotel Professional na categoria Melhor Gerente Geral de Resort e, recentemente, esteve à frente da gerência geral do hotel Bourbon Convention Ibirapuera, em São Paulo.

Graduado em Administração de Empresas pela Universidade Mackenzie (SP), Oliveira também  é formado em Especialização em Administração Hoteleira pelo Senac/Ceatel (SP), Aperfeiçoamento em Direção Hoteleira pela Schuola Internazionale di Scienze Turistiche, em Roma (Itália), Revenue Management – Gerenciamento de Receitas pelo Senac São Paulo e diversos outros módulos ligados à hospitalidade pela Cornell University, em Nova York, nos Estados Unidos. 

Para o gestor, em tempos de crise, como a que o Brasil tem enfrentado nos últimos meses e que atingiu de maneira significativa o mercado do turismo e lazer, obrigando empresas a fecharem suas portas e, na melhor das hipóteses, diminuir o seu quadro de colaboradores, há de se pensar em estratégias que "saiam da zona de conforto e apresentem inovações, mesmo que se corram riscos”.

"Não existe uma fórmula mágica de gestão, pois cada empreendimento tem características próprias que devem ser respeitadas. É de vital importância que se tenha o conceito do produto bem definido e conhecimento do mercado de atuação, identificando quais as suas necessidades, o seu mix, além de uma constante análise da concorrência que permita ajustar o empreendimento ao mercado, criando diferenciais competitivos dentro deste cenário. É recomendado ao gestor  reunir-se com as equipes de Marketing, de Lazer e outros criativos a fim de encontrar a resposta para perguntas como: o que é este empreendimento? Para quem é? Qual o objetivo?. Tendo isso bem delineado, pode-se obter os resultados almejados", explica. 

Por Hugo Okada


"Há de se pensar em estratégias que saiam da zona de conforto e apresentem inovações, mesmo que se corram riscos”

Jaime participou da concepção do projeto e acompanhamento da construção de vários módulos da ampliação do Transamérica Ilha de Comandatuba (BA): foram 111 apartamentos adicionais, piscinas, salas de convenções, bares, restaurantes, aeroporto e área de lazer. Foi durante a sua gestão que o resort entrou para a Leading Hotels of The World, selo de qualidade que representa mais de 375 hotéis de luxo em 75 países do mundo – conhecido pelos critérios rigorosos de seleção – aumentando assim a presença do resort no mercado internacional, tanto em termos individuais como na realização de eventos.

Desafios operacionais
"Um resort é um empreendimento extremamente complexo com vários departamentos envolvidos. O gestor tem que saber lidar com elementos que fogem de seu controle como o próprio tempo. Imagine se chove e todo mundo sai da praia e entra no restaurante em pleno horário de almoço. Você tem um problema a ser resolvido, pois o restaurante está programado para atender em um ritmo específico e você tem de fechar os pontos de venda e concentrar o pessoal ali, garantindo aos hóspedes um atendimento excelente", pondera. "Isso é só um exemplo do desafio que é coordenar e garantir a qualidade dos serviços durante todo a permanência do hóspede, mantendo ao mesmo tempo, a equipe focada e motivada. Atender a expectativas tão diversificadas, lidar com oscilações brutas de ocupação e atingir os resultados negociados com os investidores são alguns dos principais desafios".

As expectativas diversificadas dos hóspedes a que Oliveira se refere são um capítulo à parte na delicada tarefa de gerir um empreendimento, seja no lazer ou no segmento corporativo. As mudanças de hábitos de um público cada vez mais conectado à práticas sustentáveis e alimentação saudável, motivam as inovações na hotelaria e obrigam os gestores a uma adequação de processos e políticas internas. Pesam cada vez mais na decisão do viajante ao escolher um hotel, características como a sua política em relação a sustentabilidade, se a cozinha utiliza ingredientes orgânicos, livres de glúten, ou se há opções veganas em seu cardápio.

Para o profissional, "o setor de Alimentos e Bebidas é um departamento importante, pois a permanência do hóspede pode ser longa e é necessário um planejamento de cardápio para um ou mais restaurantes, dependendo da natureza do empreendimento. Há de se ter em mente a flexibilidade e a variação, sem deixar que isso acabe resultando em custos elevados". 



"Minha recomendação, seja em um resort ou hotel convencional, é a de que se faça uma revisão dos processos visando a diminuição de gastos. Como isso pode ser feito? Por meio de uma pesquisa constante de preços e alternativas de produtos, fornecedores, fretes e serviços, garantindo a operação e mantendo os níveis de qualidade", aconselha.

Ainda sobre alimentação, ele pontua que este é um assunto que se mostra complexo no que se refere à mão de obra. "Uma das maiores dificuldades é dimensionar corretamente a equipe em função da oscilação da ocupação, calendário (feriados) e perfis de clientes. A legislação não dá margem a flexibilidade e dentro do possível procura-se dar as folgas e manter a produtividade por meio dessas escalas. Acredito muito na formação de mão de obra por meio de capacitações e treinamentos como forma de suprir a carência de profissionais e também em vista da dificuldade de se contratar profissionais de grandes centros para morar em locais afastados", complementa.


E quanto aos campos de golfe em resorts? Segundo Oliveira, existem três fatores
que devem ser levados em consideração em relação ao atrativo

Golfe
"Um campo de golfe agrega em termos de status, charme, beleza e diversidade do número de atividades. Também pode atrair um público que não frequenta o resort, inclusive do segmento internacional. Mas existem três cenários em termos de investimento: o primeiro é o de um complexo hoteleiro ou condomínio onde todos compartilham a sua utilização e o custo é diluído em vários setores, viabilizando sua existência. O segundo é o de um campo de golfe próximo a um grande centro com fluxo de jogadores particulares e hóspedes que pagam pela atividade, equilibrando seus custos de manutenção; e o terceiro, é o de um resort que constrói o campo de golfe a fim de aumentar a sua ocupação. Nesse último, na minha opinião, não é recomendado ao investidor fazê-lo, pois sua construção e manutenção superam demais a receita fazendo com que o lucro seja praticamente nulo".

A experiência somada à capacidade de negociação renderam ao gestor (na época diretor regional da Bourbon Hotéis e Resorts para São Paulo e Rio de Janeiro) o credenciamento de quatro empreendimentos como sedes de equipes para a Copa do Mundo Fifa 2014: Bourbon Business Alphaville (SP), Barra Premium Residence (RJ), Bourbon Atibaia Convention & Spa Resort (SP) e Bourbon Cataratas Convention & Spa Resort (Foz do Iguaçu).


Boa parte da experiência de Oliveira está atrelada aos resorts brasileiros

Tematização
"Acredito que alguns empreendimentos já entenderam a importância da tematização e seguem fortes nesta linha. Outros ainda estão procurando a sua identidade, seja através dos temas ou da diferenciação de serviços. Percebo a definição do melhor caminho a seguir como uma das maiores dificuldades. Não é uma decisão fácil, pois envolve uma mudança no conceito do empreendimento e as pessoas não se sentem confortáveis com mudanças. Além disso, exige muita pesquisa, aquisição de know how ou busca de bons parceiros com expertise, que tenham novidades e cases de sucesso. Pesa também o fato do valor do investimento, que pode ser elevado", diz Oliveira.

Com a popularização dos sites de opiniões ou "reviews" de clientes, cada vez mais os hotéis de lazer e negócios buscam formas de antecipar os possíveis problemas de operação ou estrutura, a fim de garantir um maior número de avaliações positivas. Oliveira foi responsável pela implantação do processo de acompanhamento Guest Comments do segundo maior empreendimento do País, o Hotel Bourbon Convention Ibirapuera, em São Paulo, onde atuou como gerente geral, obtendo mais de 18 mil avaliações no primeiro ano e um índice de satisfação de 89% (entre excelente e muito bom). Também atuou na conceituação e reposicionamento do produto no mercado com a implantação das torres Executive e Prime com oito categorias de apartamentos, automatização de serviços tecnológicos como web check-in, web check-out e oferecimento de jornais e revistas digitalizados.

Durante sua gestão, o hotel encerrou o ano de 2015 em primeiro lugar da cesta competitiva da região com os melhores desempenhos de RevPar (entre oito concorrentes diretos), diária média e ocupação. 

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