Do Chile
 
O painel que tratou do assunto Hotelaria de luxo, durante o segundo dia da Sahic (South American Hotel & Tourism Invest Conference), que terminou ontem, no Chile, atraiu em torno de 50 pessoas. Pablo Borelli, director of Store Planning & Development Latin America & South Africa da Louis Vuitton, mediou o debate. Entre os painelistas estavam Margaret McMahon, vice-presidente e managing director da WATG (empresa de design de interiores), Matías de Cristóbal, gerente geral do hotel Awasi, de San Pedro de Atacama, Rahul Salgia, CEO da DigiValet, Raúl Gonzales Neira, CEO da FSA, e Yasmine Martin, consultora da Miramartin Tourism Strategies e responsável pelo projeto Hiram Bingham, o trem de luxo de Machu Pichu, no Peru.
 
Borelli fez a primeira explanação do debate
(fotos: Gabriela Otto)
 
Borelli abriu o debate: “Luxo tem a ver com o usuário, com objeto de alto valor agregado, com experiência, com momentos”, expôs.
Margaret buscou definir o que é luxo na América do Sul: “A região está na infância do luxo. Aqui todos estão tentando entender o que a palavra significa. Depois de 1,5 dia assistindo aos debates aqui do Sahic, joguei minha apresentação fora e fiz outra”, relata.
 
“É preciso definir para quem o luxo será acessível. Todos sabemos o que tocamos ou sentimos, se é luxo ou não. As pessoas estão tentando inventar novo vocabulário para isso. Em contrapartida, meu maior teste é pedir uma xícara de café às 4 da manhã nos mais luxuosos hotéis do mundo. Raramente consigo, mesmo o serviço sendo 24 horas. Ou seja, não adianta construir propriedades maravilhosas, se vocês não entregam o que prometem”, conclui a vice-presidente da WATG.
 

Margaret McCahon revela que se surpreendeu
com a inconsistência do significado de luxo na América Latina

 
Cristóval entra no debate apresentando seu hotel e afirmando: “Muitas vezes luxo se confunde com ostentação, e o Awasi Hotel prova o contrário”.
 
“Optamos pelo perfil de cliente com altos níveis econômico e cultural. Essas pessoas, quando estão buscando lazer, querem contato com a natureza, lugares exclusivos, experiências gastronômicas etc. Nossos três valores retratam isso: flexibilidade, intimidade e conforto”, revela o gerente.
 
Cristóbal continua sua exposição afirmando que o modelo de negócio hoteleiro com menos de 50 apartamentos pode ser rentável, ao contrário do que muitos executivos da indústria afirmam. Para tanto, é preciso quebrar paradigmas e realmente surpreender. “Nossos hóspedes podem tomar café da manhã a qualquer hora, ter contato com a comunidade local e desfrutar de um ambiente 100% sustentável. Nossa missão é impressionar aquelas pessoas mais difíceis de serem surpreendidas”, diz o executivo.
 
“Nosso hóspede paga U$ 1,7 mil a noite e quer experiências autênticas e pessoais. Já recebemos uma celebridade de Hollywood, e sua melhor experiência de viagem foi bater papo com um camponês que não tinha ideia de quem ele era, tomando mate e comendo queijo de leite de cabra. Para muitas pessoas, isso é luxo”, finaliza Cristóbal.
 
Já para Yasmine, luxo significa acesso ilimitado, não se preocupar com o tempo. Para tanto, ela afirma: “50% da experiência do luxo está em seu staff. Treinamento contínuo e focado são onde mora o puro luxo”, metaforiza.
 
No final, todos painelistas concordaram com algumas palavras chave que traduzem o luxo aplicado ao turismo. São elas: conteúdo; consistência; segurança; conforto; e exclusividade.
(Gabriela Otto)