Transamérica Comandatuba (BA): 90% dos hóspedes do Brasil
2 de outubro de 2007
Thomas Humpert
(fotos: Thais Medina)
Aberto em 1989, o Transamérica Ilha de Comandatuba, no sul da Bahia, conta com 200 hectares e 363 unidades habitacionais entre apartamentos e bangalôs. O empreendimento, que oferece opções de lazer para todos os gostos e idades, possui ainda um aeroporto privativo.
Conversamos com Thomas Humpert, diretor do resort. Com 30 anos de experiência no setor hoteleiro, ele já atuou nas áreas operacional, de marketing e vendas na Hilton International, no Maksoud Plaza, no grupo Transamérica e na Costa do Sauípe. Trabalhando desde 2004 no Transamérica Ilha de Comandatuba, o executivo, com passagem também pela Alemanha, considera o calor humano dos colaboradores brasileiros o grande diferencial dos meios de hospedagem nacionais em relação aos do exterior. Confira abaixo suas expectativas para o turismo no Brasil e o desempenho do resort.
Por Thais Medina*
Hôtelier News: Quais os investimentos previstos para o Transamérica Ilha de Comandatuba nos próximos anos?
HN: Quanto os turistas domésticos representam na ocupação do hotel?
Humpert: Noventa porcento do nosso público é de brasileiros. Deste total, entre 70% e 75% são moradores de São Paulo, 10% de Minas Gerais, 10% do Rio de Janeiro e o restante, dos demais estados do país. Já considerando os estrangeiros, espanhóis, portugueses, alemães, escandinavos e russos representam a maioria.
HN: Tendo em vista que o público externo, principalmente os europeus, tem hábito de viajar para o Nordeste, o que faz com que esses hóspedes representem tão pouco para o resort?
Humpert: A malha aérea é o fator que dificulta a viagem de estrangeiros para Comandatuba. Apesar de contarmos com um aeroporto, a lei não permite que este receba vôos internacionais regulares ou charters, já que para a operação seria necessária a contratação de funcionários públicos para trabalharem no estabelecimento que é particular.
Para se ter uma idéia, uma das opções para vir da Europa para o Transamérica é pegar um vôo da Tap em Lisboa com destino a Salvador e pernoitar na capital baiana para apenas no dia seguinte chegar à ilha. Ao todo são quase dois dias de viagem. Outra opção é via São Paulo, o que também se tornou difícil após o caos.
HN: Com que intensidade a crise no setor aéreo brasileiro afetou o empreendimento?
Humpert: Este ano registraremos faturamento abaixo do orçado devido principalmente à crise na aviação. A hotelaria no Nordeste tem sofrido muito com todos os fatores. Creio que é mais uma situação que será superada pelo destino, mas certamente alguns empreendimentos vão ficar pelo caminho.
HN: A nova malha aérea válida a partir de ontem (1º) é favorável ao Transamérica?
Humpert: Considerando os mercados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, há favorecimento, tendo em vista que a Tam passa a disponibilizar vôos diários diretos entre os dois destinos e Ilhéus, a 70 Km do Transamérica. Contudo, de Confins à cidade baiana serão apenas 50 minutos de vôo, enquanto do Galeão ao destino serão 55 minutos.
HN: Como está a procura pelo golfe?
Humpert: O esporte tem nos ajudado bastante na ocupação principalmente no que se refere ao público internacional. São turistas diferenciados que estão sempre à procura de campos novos e a Bahia está numa posição diferenciada neste mercado. Prova disso é a criação da Federação Baiana de Golfe com o apoio da entidade brasileira.
Para fortificar ainda mais este quesito, o Transamérica Ilha de Comandatuba, o Terravista, a Costa do Sauípe e o Iberostar vão lançar em breve pacotes integrados a fim de que os visitantes nacionais e estrangeiros possam jogar nos quatro campos durante uma mesma hospedagem. Nosso interesse com a ação é agregar campeonatos e diárias. Já para 2008 queremos uma competição englobando os quatro.
HN: Quanto a atividade representa na ocupação do hotel?
Humpert: Este ano teremos mais ou menos a mesma porcentagem registrada em 2006, que foi de cerca de 8%, taxa considerada alta.
HN: Em relação aos eventos, qual o percentual do faturamento?
Humpert: Os eventos representam entre 30% e 35% do faturamento do empreendimento, mas esse índice ainda pode crescer. Respeitamos muito nosso público. Em alta temporada, por exemplo, não são realizados encontros de negócios.
HN: Qual o impacto do empreendimento na região no qual está localizado?
HN: Onde são realizadas as compras necessárias para o hotel?
Humpert: Atualmente temos fornecedores locais para cerca de 95% das nossas compras. O que não conseguimos na ilha compramos em Salvador e, no último caso, em São Paulo.
Vale dizer que técnicos do hotel visitam produtores e fábricas de seis em seis meses. Se as nossas exigências de qualidade e higiene não são cumpridas, os estabelecimentos são cortados da nossa listagem. Somos extremamente exigentes e rígidos em relação a isso.
HN: Como é o treinamento dos colaboradores?
Humpert: Temos um programa de capacitação constante com treinamento interno e, às vezes, com equipe terceirizada. Achamos isso importante pois, além da técnica, colocamos em prática a filosofia do grupo, levando em consideração como os colaboradores devem se portar.
Um exemplo é o treinamento destinado aos garçons: em uma sala é montado um restaurante. Nesta, o colaborador vivencia o serviço, servindo uma pessoa e, em seguida, sendo servido. Além disso, contamos com aulas de inglês intensivo destinado à hotelaria.
* O Hôtelier News viajou ao Transamérica Ilha de Comandatuba a convite do hotel.