Fomos atrás de três histórias diferentes para você, de fatos que aconteceram na vida de colaboradores que, por alguma razão, se destacaram e se tornaram inesquecíveis para alguns hóspedes. Uma coisa é certa: aqueles que se permitem, dentro do bom senso, ultrapassar os limites da relação hóspede X colaborador, podem conquistar as pessoas, que deixam de ser apenas clientes para se tornarem amigas, confidentes.

Por Karina Miotto

Luiz Fernando Andrade, recepcionista do Pestana São Paulo, na capital paulista,
e a paixão não correspondida


Luiz Fernando no lobby do Pestana São Paulo

Ele fica o dia todo engravatado atrás do balcão. Na correria do dia a dia, acaba conhecendo os clientes e sendo conhecido por eles, principalmente aqueles que passam semanas hospedados no hotel. E foi em uma dessas situações que o bom atendimento constante chamou a atenção de uma hóspede em especial. “Ela gravou uma mensagem com palavras de agradecimento e carinho e ligou para a recepção para eu ouvir. Enfim, deu a entender que, com o tempo de convivência, acabou criando uma certa admiração”. Antes de sair, ela fez questão de tirar fotos com ele. Paixão? “Até meio platônica, de repente” – responde timidamente.

 
Sorriso e bom atendimento? Ela não resistiu…

A moça se apaixonou por Andrade, o atendimento nota dez gerou uma admiração que ultrapassou os limites da relação hóspede X colaborador. Mas não foi recíproco. Apesar disso, sente-se agradecido. “Eu, que realmente gosto do que faço – inclusive não tenho dúvidas de que escolhi a profissão certa -, afirmo que não existe reconhecimento melhor que esse: as pessoas gostarem do seu trabalho e retribuirem com carinho.”

Além disso, tem hóspede que aparece lá e faz questão de ser atendido por ele. “Já sei o que gostam e faço as coisas como me pedem. Às vezes, chamam por mim mesmo quando estou de folga”, conta.

De coração aberto: Pedro Mullon Mataró, chef executivo do
Crowne Plaza São Paulo, na capital

 
Chef Pedro Mataró: simplicidade, profissionalismo e carisma

Ele viu uma garotinha de 13 anos no restaurante do hotel. “Ela me olhou, parecia que queria me dizer alguma coisa, mas não disse. Fiquei com aquele olhar na cabeça”. Além do olhar, ficou curioso em saber quem era aquela menina. Descobriu. Tainá tinha câncer, era de Brasília e estava em São Paulo com os pais para fazer tratamento de quimioterapia.

“Daí em diante senti necessidade de fazê-la feliz. Queria ver seu sorriso. Então, preparei um prato para ela, escrevi seu nome em uma sobremesa. No meu chapéu, havia a assinatura de toda a equipe da cozinha, desejando que ela ficasse boa logo para poder conhecer a todos pessoalmente”, conta. Os pais agradeceram, comovidos. E foram ao hospital.

Mataró também foi. E levou de presente, entre outras coisas, uma pedrinha. Falou que quando ela estivesse triste, que a esfregasse no peito, afirmando que depois se sentiria feliz. Quando Tainá saiu do hospital, fez questão de conhecer toda a equipe da cozinha. “E passamos a ver essa menininha sorrindo.”

Os anos se passaram…

“Mataró, tem um casal te esperando na recepção”. Eram Tainá e o pai. Vieram pessoalmente para contar que ela estava curada.

   
“E passamos a ver essa menininha sorrindo”

A amizade entre eles nasceu verdadeira e partiu da quebra da relação hóspede x colaborador graças ao sentimento real que surgiu em Mataró quando viu o sofrimento de uma criança. Não mandou calar o coração e fez tudo o que estava ao seu alcance por aquelas pessoas.

O resultado disso foi uma amizade que dura até hoje, cuidada como uma plantinha, regada a telefonemas e cartas. Mataró foi convidado para a formatura de Tainá, ficou sabendo quando ela começou a namorar, ouviu e aconselhou o noivo dela sobre a melhor forma de pedi-la em casamento e ficou muito feliz ao saber que a garotinha, que antes tinha olhos tristes, hoje se dedica a cuidar de crianças com câncer. A notícia mais recente que teve dela veio de um telefonema do pai. “Ela está esperando um bebê!”. Não podia ser melhor, né Mataró?

Ou melhor, podia: graças às suas deliciosas comidas e ao jeito especial com que trata as pessoas, ele tem clientes que o acompanham há 20 anos. “De 100% das pessoas que fazem suas refeições aqui, posso dizer que 80% conheceram meu trabalho no próprio Crowne e as outras 20% vêm comigo de outros lugares nos quais trabalhei”.

Casamenteira? Cupido? Não, Fernanda Muniz é gerente de Serviços
do Quality Imperial Hall, em São Paulo

 
Fernanda Muniz, gerente de Serviços do Quality Imperial Hall

Uma mulher apareceu na recepção enquanto Fernanda estava lá ajudando os recepcionistas e disse que o ex pagaria a conta dela e mudou de quarto. “Ué, mas não eram casados?”, pensou. Em seguida, o ex-marido apareceu e confidenciou: “Nos separamos e pagarei a conta de minha ex-mulher”. Subiu. O que dizer para quem está se separando, ainda mais quando você não conhece a pessoa e não tem a menor idéia da história? “Falei: essas coisas de amor são difíceis mesmo, mas vai ver que as coisas melhoram, ?”. E que cara você faz quando os hóspedes chegam até você e desabafam sobre o fim da relação?

  
A executiva é procurada pelos hóspedes para dar conselhos pessoais e se diverte com isso

As histórias que envolvem Fernanda não param por aí. Quando trabalhava como recepcionista em outro hotel, notou que um homem sempre ficava pelo hall. Preocupada, foi perguntar se ele estava precisando de alguma coisa. A resposta veio em tom confidencial. “Olha, tá bom, eu vou te contar. Tem uma mulher que também está hospedada aqui que…”. Resultado: Fernanda ficou, durante dois dias, levando bilhetinhos intermináveis de um para o outro. “Eles saíram daqui juntos e já reapareceram como namorados. Estão juntos há dois anos”.

“Acho que essas histórias entre casais aparecem no meu caminho porque sou um tipo de cupido, mensageira do amor, conselheira sentimental, mesmo”, diverte-se. E olha que isso acontece com ela desde que começou na hotelaria, no Hotel Ibis, há quatro anos e meio.

Serviço
www.atlanticahotels.com.br
www.pestanahotels.com.br
www.saobr.com.br