(imagem: tudosobremarketingdigital.wordpress.com)
 
A condescendência com que o mercado hoteleiro do País trata certas coisas é, no mínimo, risível. A afirmação, que de fato soa pedante, tem base em posturas que são tomadas pelo coletivo num assunto específico: o marketing. Em era de redes sociais e de exacerbação do Facebook e do Twitter como sinônimos de despojamento, o que mais se vê são empresas fazendo uso desses canais com linhas de incipiência. São pacotes para o próximo feriado, afirmativos egocêntricos de que o hotel X é o melhor da região e a história de que a tarifa foi reduzida para tampar um buraco na baixa temporada – o que fica implícito, mas nem por isso deixa de ser notado.
 
A percepção que se tem é que esses meios de comunicação continuam a ser compreendidos como alavancadores de vendas, e daí a afirmação arrogante de que há certa pobreza de ideias e propostas quanto à forma de utilização. Não se avalia, em boa parte dos casos, que a própria etimologia “rede social” remete à interação, ao contato direto que possa trazer uma noção maior de quem está do outro lado – e não à elevação dos dividendos.
 
Não raro, esse é o comportamento que baliza a hotelaria brasileira nas mídias sociais. E aí, notadamente, comparações vêm à tona, a exemplo do que foi discutido na última semana no Pmweb Responsys Hit the Road 2012, evento que está em sua terceira edição e leva, às terras do tio Sam, um grupo de hoteleiros brasileiros interessados em se profissionalizar, saber quais as tendências da indústria da hospitalidade estadunidense e implantá-las em terras tupiniquins.
 
No decorrer do evento, não foram minguados os exemplos de especialistas do setor no que tange à nova era do marketing. O discurso uníssono é que esses canais devem transformar o cliente em indivíduo, que o direcionamento deve ser incisivo e dar ao usuário a sensação de ser único, de pertencer àquilo, de ser privilegiado por estar em sintonia com determinado meio de comunicação. Claro, o alcance, ainda assim, vai permanecer global, mas é na dissolução de quem está do outro lado que deve estar o mote das ações de marketing. E isso, sublinhe-se, ainda que pareça óbvio, perdura de forma estática no Brasil – salvo alguns casos.
 
É generalizado que as pessoas estão cada vez mais próximas de iPads, celulares Android, iPhones, notebooks, Linkedin, Facebook e Twitter e que o mundo no ciberespaço ganhou uma existência simbólica indiscutível. É parte das ferramentas e dos canais essa alucinação dos usuários, com pessoas inquietas e angustiadas para fazer uso desenfreado desses instrumentos – e o marketing se valeu disso, obrigado. Ainda assim, no fim das contas, grandes sacadas são grandes sacadas, seja num outdoor estático, seja na última versão de um iPad. E isso, com o perdão da franqueza, é anedótico por aqui.
 
Há de se pensar e mudar o comportamento considerando que as redes sociais são espaços primeiros para essas jogadas, uma vez que as pessoas estão lá para dividir experiências gratificantes – o que se alinha completamente a uma viagem ou à hospedagem num hotel.
 
São meios nos quais empresas podem disseminar suas histórias, questionar o cliente sobre o que ele deseja quanto a determinado produto ou marca, exemplificar o que pode ser feito na região onde o hotel está localizado e, principalmente, entender o hóspede, quais são seus anseios e gostos.
 
Fazer vendas escancaradas ou encher o usuário de promoções é dar tiro no pé. Os lucros, nesses canais, vale frisar, são consequências – e nunca causa primeira. É uma conta de mais e menos, que com matemática infantil se resolve. Vive-se a era da dilatação do olhar, na qual quase nada é novo ao cliente. Por isso, é preciso abrir mão dos clichês e assumir que as mídias sociais não são mais novidade; e ainda assim a forma como operá-las parece oculta.
 
No limite, é hora de crescer, e modelos compatibilizados estão aí para tanto. Vale o alarde.