Violência provoca perda de R$ 657 milhões no turismo do Estado do Rio de Janeiro em 2017, diz CNC
31 de outubro de 2017Em novo levantamento, um estudo da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) mostra que a criminalidade no Rio de Janeiro provocou queda de R$ 657 milhões nas receitas do turismo fluminense entre janeiro e agosto de 2017. O montante equivale a 29% do total da perda do faturamento do setor (R$ 2,291 bilhões).
Embora fatores relacionados à conjuntura econômica ajudem a explicar a queda de atividade no turismo fluminense, o estudo aponta a contribuição negativa do aumento da criminalidade no Rio de Janeiro para a recuperação do setor, que responde por mais de 9,9% dos postos de trabalho formais do Estado e por aproximadamente 7% da economia fluminense.
Queda nas receitas
A perda de receita relatada (R$ 657 milhões), que equivale ao faturamento de 8,9 dias do turismo local, impactou de forma mais significativa o segmento de bares e restaurantes (R$ 332,1 milhões, o correspondente a 50,3% do total), seguido pelas atividades de transportes, agências de viagens e locadoras de veículos (R$ 215,5 milhões, ou 32,6%), hotéis, pousadas e similares (R$ 97,7 milhões, ou 14,8%) e por atividades culturais e de lazer (R$ 14,7 milhões, ou 2,2%).
Segundo estimativa da CNC, para cada aumento de 10% na criminalidade, a receita bruta das empresas que compõem a atividade turística do Estado recua, em média, 1,8%. O estudo identifica que a sensibilidade ao aumento da violência no Estado é maior nos segmentos mais dependentes do turismo, tais como hospedagem (-1,9%) e transporte (-2,0%). Já nos segmentos de alimentação e serviços culturais e de lazer, mais ligados à prestação de serviços a residentes, o aumento de 10% na criminalidade no Estado reduz suas receitas em 1,7% e 1,5%, respectivamente.
Menos empregos
De janeiro a setembro de 2017, o saldo entre admissões e desligamentos nas atividades que compõem o setor resultou na perda acumulada de -10.237 postos de trabalho com carteira assinada – um aumento de 50% em relação aos 6.823 postos fechados no mesmo período de 2016 –, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Para Fabio Bentes, chefe da Divisão Econômica da CNC, apesar de a realização dos Jogos Olímpicos ter dado um respiro para o setor turístico em julho e agosto de 2016, outros fatores econômicos justificaram o seu desempenho negativo após o grande evento mundial. “A evolução desfavorável do mercado de trabalho brasileiro até o início de 2017 limitou a capacidade de consumo por parte dos turistas nacionais. As restrições impostas ao orçamento das famílias por conta da crise também levaram os consumidores a abrir mão de gastos com lazer. E, mesmo com a reação lenta do emprego e a queda da inflação nos últimos meses, ainda não vemos efeitos da retomada na demanda por serviços turísticos”, disse.
Posicionamento
Alexandre Sampaio, hoteleiro e presidente do Cetur (Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade) da CNC, apesar dos dados levantados pela Confederação, algumas iniciativas podem ajudar na recuperação do segmento. "De modo geral, e principalmente no Rio de Janeiro, os governos devem fortalecer iniciativas de apoio à segurança pública, com a mobilização de todos os recursos disponíveis – forças auxiliares, inteligência estratégica, troca de informações entre as autoridades de diversos níveis, campanhas de mobilização social. E o turismo, para ser uma alternativa para a retomada da economia, precisa avançar em diversas frentes, como na transformação da Embratur em agência para ampliar a divulgação dos destinos brasileiros, e em mudanças que facilitem investimentos, como a criação de zonas de exportação turística e a ampliação do número de países com visto eletrônico. A liberação dos cassinos, por exemplo, será um ganho para o Estado do Rio e para o País. São iniciativas que não dependem de investimentos do poder público e podem gerar empregos, o que, sem dúvida, refletirá nos índices de criminalidade".
* Foto da Capa: Pixabay/Poswiecie