De acordo com levantamento divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o volume de serviços cresceu 1,1% em julho em relação ao mês anterior. O resultado é a terceira alta seguida, com ganho acumulado de 2,4%.

Na comparação com julho de 2021, o avanço foi de 6,3%, a 17ª taxa positiva consecutiva. Já o acumulado do ano ficou em 8,5% superior em relação a igual período de 2021. O acumulado nos últimos 12 meses, por sua vez, passou de 10,5% em junho para 9,6% em julho, mantendo trajetória descendente desde abril (12,8%), aponta o G1.

O resultado veio acima do esperado. De acordo com pesquisas da Reuters, as expectativas eram de avanços de 0,5% na comparação mensal e de 5,8% na base anual.

Outros dados

A pesquisa do IBGE aponta que o setor se encontra 8,9% acima do nível de fevereiro de 2020 (pré-pandemia) e 1,8% abaixo de novembro de 2014, ponto mais alto da série histórica.

O setor de serviços é o que possui maior peso na economia e, consequentemente, foi o mais atingido pela pandemia, principalmente as atividades de caráter presencial, como os serviços prestados às famílias.

“Com esse crescimento de julho, os serviços chegam ao ponto mais alto desde novembro de 2014, ou seja, do maior patamar da série. Essa retomada de crescimento é bastante significativa e é ligada aos serviços voltados às empresas, com os de tecnologia da informação e transporte de cargas, que têm crescimento expressivo e alcançam, em julho, os pontos mais altos de suas respectivas séries”, destaca Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa.

“Então o que traz o setor de serviços a esse patamar é o dinamismo desses dois segmentos”, complementa. Entre os cinco grandes grupos, o avanço mensal tem como destaque as atividades de transportes (2,3%), informação e comunicação (1,1%) e serviços prestados às famílias (0,6%), neste caso o quinto crescimento seguido, com ganho acumulado de 9,7%.

Na contramão do crescimento, outros serviços (-4,2%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,1%) foram os resultados negativos de julho.

Segundo os dados do IBGE, mesmo crescendo substancialmente, os serviços prestados às famílias ainda estão 5,7% abaixo de fevereiro de 2020, período pré-pandemia.

O Instituto aponta que em julho, destaques de setor foram hotéis e restaurantes, reforçando ainda mais a ideia de retomada. O levantamento mostra que há aumento na busca por serviços ligados ao turismo e na demanda do transporte aéreo. Além disso, as férias ajudaram a alavancar o resultado.

Já em relação à queda de outros serviços, Lobo explica que o resultado pode estar relacionado a mudanças no consumo das famílias. “Na fase mais aguda da pandemia, a partir do segundo semestre de 2020 até meados do ano passado, os serviços financeiros auxiliares cresceram de maneira significativa. Nesse momento, havia aumento da poupança das famílias de renda média e alta, tendo em vista que elas diminuíam o consumo em decorrência das restrições impostas pela pandemia”, destaca.

“Com a flexibilização das restrições, as famílias passaram a utilizar uma parcela maior de sua renda no consumo de bens e serviços e uma muito menor na poupança. Nesse sentido, a destinação desse recurso para o mercado financeiro já sofre redução na comparação com aqueles períodos de 2020 e 2021, quando houve crescimento importante”, acrescenta.

Já o setor de informação e comunicação conseguiu recuperar a variação negativa do mês anterior. O avanço está ligado ao setor de tecnologia da informação e seus serviços, que têm crescido muito e foram impulsionados inclusive durante a pandemia, quando as empresas tiveram que contratar serviços de suporte para o home office.

Atividades turísticas

O índice de atividades turísticas subiu 1,5% em relação a junho, que registrou retração de 1,7%. O IBGE destaca que, mesmo com o avanço, o setor ainda se encontra 1,1% abaixo do patamar de fevereiro de 2020.

“Além de ser um mês de férias, a diminuição observada no desemprego e o crescimento econômico tendem a impulsionar o setor de turismo de lazer e negócios. Depois desse tempo sem consumir esse tipo de serviço, as pessoas podem estar mais dispostas a viajar”, afirma Luiz Almeida, analista da pesquisa.

No recorte regional, 10 dos 12 locais pesquisados acompanharam o crescimento verificado na atividade turística nacional. A contribuição mais relevante ficou com São Paulo (4,6%), seguido por Santa Catarina (9,6%), Rio de Janeiro (2,0%) e Paraná (4,6%). No sentido oposto, aparecem Minas Gerais (-0,6%) e Rio Grande do Sul (-1,1%).

O volume de transporte de passageiros também registrou alta, crescendo 4,1% e recuperando a perda de junho em relação a maio (-3,4%). Assim, o segmento se encontra 0,4% acima do nível de fevereiro de 2020 e 21,9% abaixo de fevereiro de 2014.

Por fim, a pesquisa do IBGE mostra que houve avanço dos serviços em 17 das 27 unidades da Federação. Entre os locais que apontaram taxas positivas, os impactos mais relevantes vieram de São Paulo (1,3%), Minas Gerais (1,9%), Santa Catarina (3,1%), Goiás (4,7%) e Pernambuco (4,0%). Por outro lado, Distrito Federal (-2,8%) foi o principal resultado negativo, seguido por Paraná (-1,2%) e Ceará (-2,5%).

(*) Crédito da foto: Fancycrave1/Pixabay