Faz pouco mais de seis meses desde que a GJP Hotels & Resorts foi vendida para o grupo paulista R Capital, tornando-se Grupo Leceres, num acordo de R$ 800 milhões. Em seu primeiro ano sem restrições por conta da pandemia, a rede espera impulsionar seus resultados e expandir sua atuação no país com a adição de 10 empreendimentos ao portfólio.

Sob o comando de Eduardo Malheiros — que assumiu a cadeira de CEO em outubro do ano passado — o Grupo Leceres espera dobrar sua quantidade de hotéis em 2023. Atualmente, a rede possui 10 empreendimentos estampados com as bandeiras Wish, Prodigy, Linx e Marupiara em diferentes localidades do Brasil.

“Hoje é mais seguro dobrar o crescimento e entregar bem feito. É factível falar sobre o que está mais próximo de acontecer e conseguir mais 20 hotéis e resorts, se for o caso”, diz Malheiros em entrevista ao NeoFeed. “Nossa prioridade é melhorar o resultado, a estrutura e estarmos prontos para assumir qualquer hotel com o nosso padrão”, acrescenta.

O executivo, que era sócio-diretor responsável pelos setores de Turismo e Hotelaria da Hectare — gestora de investimentos alternativos especializada em ativos imobiliários — olha a expansão com cautela quando se trata de M&As.

Grupo Leceres - eduardo malheiros

Malheiros assumiu o comando do grupo em outubro de 2022

Redução de ritmo

Os 10 empreendimentos previstos para este ano são uma meta tímida para o grupo. Malheiros afirma que o Leceres reduziu seu ritmo de crescimento em aquisições, pois após a crise causada pelo Covid-19, a prioridade é colher os frutos da retomada das viagens.

“Hotel é uma aquisição muito diferente. Se você acelera demais pode acabar tropeçando. Em mão de obra não há ganho em escala, apenas no marketing há possibilidade de sinergias”, avalia o CEO.

Quanto aos projetos greenfield, o Grupo Leceres colocou o pé no freio. O terreno na praia de Ipioca, em Maceió, por exemplo, está em fase de project finance, com previsão de abertura do empreendimento é de até três anos.

Integrar as aquisições de forma eficiente é um dos desafios da rede. Contudo, a R Capital vem fazendo um bom trabalho à frente dos negócios. Em 2022, o Ebtida foi de R$ 42 milhões, revertendo o resultado negativo de 2021. No comparativo com 2019, o crescimento foi de 70%. Já a receita total do ano passado foi de R$ 396 milhões — alta de 39% sobre os R$ 284 milhões aindo no pré-pandemia.

“Neste ano, a comparação com o primeiro trimestre do ano passado será difícil pois ainda havia muita insegurança com a onda da Ômicron. A partir do segundo trimestre vai ser um jogo mais difícil de superar e crescer”, diz Malheiros.

Para 2023, as projeções são otimistas. Em janeiro, a ocupação média está perto dos 80%, considerando reservas feitas. O grupo também vem se surpreendendo com o fechamento de estadas em uma janela curta de tempo, o que deve gerar uma receita não prevista.

No Réveillon, as unidades da rede chegaram a 92% de ocupação – crescimento de 9,5% frente ao período pré-pandemia, com incremento de 60% em faturamento e 48% em tíquete médio.

Sem revelar quais praças estão na mira do grupo, Malheiros prioriza o faturamento para seus cotistas e a promoção de experiências. “Hoje mais de 15% da receita vem de alimentos e bebidas e é toda nossa. Algo nessa linha precisa alavancar o hotel e virar destino para outros turistas”, finaliza.

(*) Crédito da capa: Peter Kutuchian/Hotelier News

(**) Crédito da foto: Divulgação/Grupo Leceres